segunda-feira, 13 de março de 2023
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
O Plantador de Malata
O Plantador de Malata
Joseph Conrad
Mulheres na Vida (Contos e Novelas)
«Só existe um modo de exprimir uma coisa, uma só palavra para dizê-la, um só adjectivo para qualificá-la e um só verbo para animá-la» — disse Flaubert a Maupassant, e ele cumpriu-o bem melhor do que o seu mestre.
É fácil, num escritor que deixou publicadas três centenas de contos e narrativas breves, organizar grupos dominados por um tema específico, um género literário, uma qualquer maneira de compreender os homens que ele mais de perto conheceu. E se a escolha preferiu aqui seis histórias onde a prostituição feminina intervém com decisivo papel, deve-se ao facto de pertencerem a este «grupo» três textos entre os mais prestigiados do autor: Mademoiselle Fifi, A Casa Tellier, Bola de Sebo; e deve-se ainda à circunstância, não menos importante, de o próprio autor durante a sua vida adulta ter sido um exacerbado sensual, um coleccionador de trezentas amantes — como ele se classificou — de ter morrido precocemente, vitimado por um mal adquirido em noites de delírio, entregue sem temores à promiscuidade dos bordéis de Paris.
[…]
Guy de Maupassant, com uma vida de apenas quarenta e três anos, ficou com representação larga na literatura francesa. As suas três centenas de contos e novelas são hoje constantemente reeditadas, bem mais do que os livros de outros contemporâneos seus que tantos defeitos lhe encontraram, que ao sabor de uma tão persistente má vontade o censuraram; e têm a companhia de seis romances, dois deles — Une vie (1883) e Bel-Ami (1885) — que podem considerar-se de uma essencial representação entre os exemplos mais marcantes do naturalismo então liderado pela altiva superioridade do «mestre» Émile Zola.
Alberto Savinio, autor de um nada benevolente e muito injusto Maupassant e «l’Altro», faz na sua diatribe uma descoberta inquestionável: «A vida de Maupassant parece-se, ela própria, com uma novela à Maupassant.»
[Aníbal Fernandes]
Et sic in infinitum
Através destas três práticas o artista tem produzido conglomerados de obras em que explora inúmeras variações a partir de formas básicas e arquetípicas, que são submetidas a experiências de derivação e reconversão que inevitavelmente debilitam os seus princípios estáveis e lógicos e testam a nossa perceptibilidade relativamente ao que nos rodeia e nos habita enquanto seres impregnados de visualidade. Por outras palavras, somos frequentemente conduzidos por um eixo de disquisições estéticas e conceptuais, para níveis propensos à aporia, à oscilação, ao paradoxo, que desaconselham o estreitamento perceptivo suscitado pela clareza e objectividade genericamente associadas à geometria.
É igualmente manifesto o interesse de José Pedro Croft pelos aspectos generativos da criação artística, ou seja, pelas potencialidades imanentes a cada meio, material ou forma, enquanto faculdades que contribuem para a singularidade de cada obra, mas também como remissões para a complexidade de que se reveste a experiência do mundo e a vasteza de coisas e dinâmicas espaciais e temporais que o constituem.
Este livro foi publicado por ocasião da exposição Et sic in infinitum, de José Pedro Croft, com curadoria de Sérgio Mah, realizada na Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, com o apoio da Fundação Carmona e Costa, de 26 de Janeiro a 28 de Maio de 2023.
Antropologia da Vida Material – Escritos sobre Espaços, Coisas e Pessoas
Antropologia da Vida Material – Escritos sobre
Espaços, Coisas e Pessoas
Filomena Silvano
Alexandre Melo: «O mal ou o bem que as coisas nos podem fazer e podemos fazer com as coisas não é redutível a simplismos binários.»
Pars Orientalis – Estudos sobre Escrita e Viagem
Em que termos nos habituámos a distinguir o Oriente do Ocidente? Quais os critérios que nos impelem a compor instantaneamente estas duas ideias? É natural que nos satisfaça, numa primeira tentativa de classificação, o critério geográfico — no fundo, parte da nossa formação está filiada na ideia de que Ocidente e Oriente constituem dois espaços físicos distintos. Mas a simples separação entre Europa e Ásia (como sendo o Ocidente e o Oriente, respectivamente) fica desde logo condenada ao fracasso: cabem na nossa ideia de Ocidente vários espaços geográficos que se encontram fora da Europa (como os Estados Unidos, o Canadá ou a Austrália) e, por sua vez, a nossa ideia de Oriente não exclui países legitimamente europeus (como a Turquia) ou norte-africanos (como a Tunísia, a Líbia ou Marrocos).