quarta-feira, 3 de junho de 2020

Das Excentricidades do Cardeal Pirelli I Ronald Firbank



Das Excentricidades do Cardeal Pirelli 
Ronald Firbank 

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes 

ISBN 978-989-8833-47-1 | EAN 9789898833471 

Edição: Abril de 2020 
Preço: 11,32 euros | PVP: 12 euros 
Formato: 14,5 x 20,5 cm (brochado, com badanas) 
Número de páginas: 112



A sua literatura cheia de meninos de coro, freiras lésbicas, padres travestidos, santos de canonização duvidosa, não dispensa uma forte lucidez sobre as técnicas da escrita. É exímio a urdir intrigas.



Em 1907, num país cheio de arrogância anglicana, decidiu converter-se ao catolicismo. A pompa do Vaticano e a sua religião de báculos e púrpuras, cheia de ornamentados rituais e símbolos, convinham-lhe ao gosto pelo espectáculo e à forma vistosa como gostaria de relacionar-se com Deus. Numa das suas viagens à Itália tudo fez para ser aceite entre os jovens da guarda nobile do papa; mas a sua entrevista de admissão «assustou» os seleccionadores: Ronald tinha ênfases, tons e gestos com um género de exuberância que punha de pé atrás os que tutelavam o bom nome e a tranquilidade dos corredores do Vaticano. Foi um golpe difícil de suportar. A Igreja de Roma não quis saber de mim, vou portanto troçar dela. (A consequência mais evidente deste estado de espírito virá a ser o livro Das Excentricidades do Cardeal Pirelli.)
[…] 
Este romance póstumo, por muitos considerado a obra de Firbank mais lograda e retido na gaveta porque esbarrava, ao que parece, numa falta de coragem (sua ou do seu editor) para o entregar ao público, é um carnaval de risos cruéis e melancólicos encenado por um católico «ressabiado» que inventa a Clemenza de uma Andaluzia a fazer lembrar-nos a de Sevilha, Granada, Córdoba… com nomes de personagens que oscilam entre as que nos são familiares em Espanha e Portugal, mas também outros que escapam a esta mais cerrada identificação geográfica. Nesta ficção que faz o seu jogo numa indeterminada Espanha sulista e com um catolicismo enfeitado por saudades pagãs, vamos confrontar-nos com uma Igreja tresvariada nos seus oficiantes e nos seus fiéis, e espreitar por um buraco de fechadura reconhecíveis verdades mas que foram aqui, num tempo que enchia a literatura com rajadas anticlericais, como que deformadas por um implacável espelho de feira.
Ronald Firbank viveu até ao dia 21 de Maio de 1926. […] Meses depois, o seu editor Grant Richards tirou da gaveta o desde há muito retido Das Excentricidades do Cardeal Pirelli, e publicou-o.»
[Aníbal Fernandes]

Formas Que se Tornam Outras I Júlio Pomar


Formas Que se Tornam Outras
Júlio Pomar

Textos de Sara Antónia Matos, Pedro Faro, António Fernando Cascais, Liliana Coutinho e 
Maria Velho da Costa

Design de Paula Prates

ISBN 978-989-9006-14-0 | EAN 9789899006140

Edição: Dezembro de 2019
Preço: 23,58 euros | PVP: 25 euros
Formato: 17 x 21 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 248 (a cores)

Com o Atelier-Museu Júlio Pomar
Edição bilingue: português-inglês



O Atelier-Museu Júlio Pomar, na exposição «Formas que se tornam outras» de Júlio Pomar, procurou repensar uma das dimensões mais incontornáveis da vida, tantas vezes capturada por preconceitos e obscurantismos: o corpo e o erotismo. 


Fazer arte a partir de corpos. Fazer arte com corpos. Fazer da arte corpo. Do movimento do corpo sobre outro corpo produzir mais corpo e desse gerar uma forma de arte. O corpo está sempre a evoluir: o corpo da arte, da política, do trabalho.
O corpo da sexualidade, do amor, da amizade. O corpo da luta. O corpo preso. O corpo livre. Pomar trabalhou todos estes corpos e outros não nomeados (sobretudo os de difícil fixação, em transformação) – os quais se procurou sinalizar nas diversas partes da exposição, dando a perceber que o corpo e a sua indefinição inata esteve sempre subjacente ao longo do seu percurso e produção artísticos.
Aquele desenho a lápis sobre papel de carta, um estudo sem título, não datado, provavelmente da altura em que Júlio Pomar teve atelier na Praça da Alegria, em Lisboa, é um desenho de uma flor. Provavelmente não haverá elemento mais erótico do que uma flor, que abre e fecha como o corpo humano, dá-se e protege-se, liberta e recolhe, é inseminada e reproduz, como o macho e a fêmea, concentrando em si a beleza e a fluidez que o conceito de erotismo envolve. Como, aliás, refere Emanuele Coccia no livro A Vida das Plantas. Uma Metafísica da Mistura [Documenta, 2019], a flor é, por excelência, «o instrumento activo da mistura: qualquer encontro e toda a união com outros indivíduos se fazem por meio dela». Assim, nesta exposição, a flor, um ser séssil, serve como ponto de partida para abordar uma série de conceitos que se tornaram fundamentais nas experiências de Júlio Pomar em torno do Erotismo, nomeadamente a ideia de devir contínuo, de transformação, de fusão e de metamorfose, indissociabilidade entre penetrado e penetrante — aspecto plasmado nos desenhos Étreinte [Abraço], da série de 1979, realizados para ilustrar o livro Corpo Verde, de Maria Velho da Costa, com quem Júlio Pomar trabalhou e de quem se publicam textos neste catálogo.
[Sara Antónia Matos e Pedro Faro]


Encontro às Cegas I Pedro Gomes



Encontro às Cegas
Pedro Gomes

Textos de Emília Ferreira e Hugo Dinis
Design de Vera Velez

ISBN 978-989-9006-30-0 | EAN 9789899006300

Edição: Março de 2020
Preço: 16,04 euros | PVP: 17 euros
Formato: 16,5 x 20 cm (brochado)
Número de páginas: 152 (a cores)

Com o MNAC – Museu do Chiado
Edição bilingue: português-inglês




Pedro Gomes: «O desenho em si não é o meu ponto de partida […]. É o meu ponto de chegada.»



O desenho é, tradicionalmente, a disciplina racional associada ao conceito, à estrutura. E, contudo, tem igualmente uma alma experimental e aventureira – iconoclasta até – e emotiva. Um certo ADN de resistência ao claro e definido e uma vontade de ir mais longe, de inventar e de investigar por dentro de si mesmo. No seu trabalho, o artista Pedro Gomes segue, com determinação, esse caminho, como se percebe na exposição Encontro às Cegas, que apresenta no MNAC.
Como um cirurgião que, de bisturi em punho, abre uma fina e precisa linha na pele do paciente para espreitar o corpo e o que ele guarda, Pedro Gomes parte da superfície, do que pensamos conhecer tão bem a ponto de já não vermos, para nos revelar aspetos insuspeitos. Fá-lo com igual determinação na incisão, como no uso do fogo ou da rigorosa geometria, como também no caminho do registo mais fugaz e indeterminado do tempo, nos seus vestígios e sombras, no apagamento e no vazio. E fá-lo dedicadamente, há quase um quarto de século, como esta exposição tão eloquentemente demonstra, nas duas séries inéditas de desenhos, realizadas em 2019 e 2020, a que se juntam séries e obras isoladas, criadas desde 1996.
[Emília Ferreira]


Apesar de o tempo não andar para trás, nem os acontecimentos do passado servirem de oráculos do futuro, a determinação da importância de diversos fatores, pormenores, ou sinais que as obras de arte consigo carregam, pode revelar que só mais tarde, num determinado momento, sem que isso seja procurado ou premeditado, esses fatores apareçam e tragam consigo uma história, uma emoção, ou simplesmente uma pequena anotação, que faz toda a diferença. Talvez neste sentido, a persistência e perseverança encontradas nas obras de arte de Pedro Gomes ao longo do tempo sejam o que desperta para outras imagens visíveis ou, o mesmo é dizer, para outro mundo.
[Hugo Dinis]

O Desligamento do Mundo e a Questão do Humano I André Barata


O Desligamento do Mundo e a Questão do Humano
André Barata

ISBN 978-989-9006-35-5 | EAN 9789899006355

Edição: Maio de 2020
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 14,5 x 20,5 cm (brochado)
Número de páginas: 176 (com imagens a p/b)




A sobrevivência deixou de ser meio para a vida  e passou a ser o fim mesmo da vida.  Isto não foi possível sem um desligamento da sobrevivência face ao mundo e que faz do mundo apenas um meio da sobrevivência. 



Este livro fala sobre o desligamento do mundo, de que somos causa e de que seremos efeito derradeiro se não pararmos para o questionar. O tempo desligou-se dos acontecimentos para os poder medir, impassível. A verdade desligou-se da realidade para poder ser usada sem embaraço. E as emoções migraram para o circo online desligado da vida concreta cada vez mais despovoada de sentir. 
Desligamo-nos do mundo como se fugíssemos da sua materialidade, e assim é o próprio mundo que se desliga, deslassando a sua substância. Dela extraímos formas que são meros «espectros» ou «recursos». Nós próprios também nos desligamos, tornados espectros ou recursos, correndo para a desmaterialização dos corpos e dos espíritos, sem nos apercebermos de que só somos humanamente, sendo parte do estofo do mundo. 


O artifício da sobrevivência | O processo de desligamento | O mundo, a Terra e a nossa desmaterialização | As máquinas e o seu futuro connosco | O provável primeiro desligamento: a desanimalização | Os limites do humano significam os limites das Humanidades | A matéria do religar | A vida temporal comum | Tempo, dominação e violência política | O colapso das metáforas ou o fim do humano | Frankensteins do tempo e o ciclo de Prometeu.

Descasco as Imagens e Entrego-as na Boca — Lições António Reis I José Bogalheiro e Manuel Guerra (ed.)


Descasco as Imagens e Entrego-as na Boca
– Lições António Reis
José Bogalheiro, Maria Filomena Molder, Nuno Júdice, Manuel Guerra, Fátima Ribeiro, Maria Patrão

Edição de José Bogalheiro e Manuel Guerra 

ISBN 978-989-9006-05-8 | EAN 9789899006058

Edição: Maio de 2020
Preço: 15,09 euros | PVP: 16 euros
Formato: 14,5 x 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 208 (com imagens a p/b)




… Eu já sou uma Continuação dos Outros
— como Outros serão uma Continuação de mim…
[António Reis]



Durante grande parte da sua vida, o cineasta e poeta António Reis (1927-1991) foi professor na «Escola de Cinema». Em Outubro de 2018, o Departamento de Cinema da Escola Superior de Teatro e Cinema organizou a homenagem «Lições António Reis». Esta edição, revista e aumentada relativamente aos textos apresentados nessa ocasião, é composta de três partes distintas, mas interligadas: «Lições António Reis», «Homenagem», «Continuação». Certos de que na procura do ouro não há motivo para largar a picareta, fomos buscar a versos seus – «Descasco as imagens / e entrego-as na boca» – o título deste livro.



Descasco as imagens
e entrego-as na boca

como quem sabe
o corpo
mais importante
que a roupa

[António Reis, Poemas Quotidianos]




Nota introdutória

Causas que seguem os efeitos ou ameixas doiradas com orvalho
— Sobre Jaime de António Reis

NUNO JÚDICE
Uma poesia próxima da vida

Da atenção ardente

Uma torrente chamada vida

António Reis, nosso mestre

Meia-luz

Escrita em Movimento — Apontamentos críticos sobre filmes I Sérgio Dias Branco



Escrita em Movimento — Apontamentos críticos sobre filmes
Sérgio Dias Branco


ISBN 978-989-9006-32-4 | EAN 9789899006324

Edição: Maio de 2020
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 14,5 x 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 176




O firme e ousado exercício da liberdade, na crítica como na vida, não pode ser desligado das convicções sobre a arte cinematográfica, o seu valor humanista, o seu entrecruzamento estético e ético, e a sua imaginação de novas percepções.


Aqui se juntam, essencialmente, artigos publicados em revistas, jornais, e num sítio electrónico. Apesar das diferenças entre estas publicações e das diferentes relações que estabeleci com elas desde o início, houve um aspecto que permaneceu igual na minha escrita para cada uma delas: pude escrever livremente, sem imposições, sem sequer pedidos, em todos os casos. Mas o firme e ousado exercício da liberdade, na crítica como na vida, não pode ser desligado das convicções sobre a arte cinematográfica, o seu valor humanista, o seu entrecruzamento estético e ético, e a sua imaginação de novas percepções. O resto das análises críticas aqui contidas seguem essa linha e têm origem em comentários que preparei para a apresentação ou discussão pública de filmes ou que escrevi quando o tempo e a vontade se conjugaram. Têm diversos tamanhos, mas podem ser todas classificadas como curtas, não ultrapassando as quatro páginas. Contas feitas por alto, esta colectânea condensa 20 anos de apontamentos críticos sobre filmes. Com a expressão apontamentos críticos pretendo sinalizar que sempre os considerei como mesclas de notas críticas sobre algumas obras de cinema às quais procurei dar alguma coerência, mas que podem ser refeitas, complementadas, desenvolvidas. Nalguns casos, foram. Têm uma marca de abertura em vez de fechamento, desta forma reflectindo o carácter inacabado das conversas em torno dos filmes. Neste sentido, esta escrita em movimento responde ao movimento próprio do cinema.


Sérgio Dias Branco é Professor Auxiliar Convidado de Estudos Fílmicos na Universidade de Coimbra, onde coordena os Estudos Fílmicos e da Imagem e dirige o Mestrado em Estudos Artísticos. Integra o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra e o grupo de análise fílmica da Universidade de Oxford, «The Magnifying Class». Leccionou na Universidade Nova de Lisboa e na Universidade de Kent, onde lhe foi atribuído o grau de doutor em Estudos Fílmicos. Publicou na Documenta, em 2016, Por Dentro das Imagens — Obras de Cinema. Ideias do Cinema.

Espelhos do Film Noir I Jeffrey Childs (ed.)


Espelhos do Film Noir
Fernando Guerreiro, Guillaume Bourgois, Jeffrey Childs, José Bértolo, José Duarte, Luís Mendonça, Ricardo Vieira Lisboa, Sérgio Dias Branco

Edição de Jeffrey Childs

ISBN 978-989-9006-15-7 | EAN 9789899006157 

Edição: Dezembro de 2019 
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros 
Formato: 16 x 22 cm (brochado, com badanas) 
Número de páginas: 160 (com imagens a p/b)



O film noir, mais do que qualquer outro género ou modo cinematográfico, reinventa o questionamento ontológico da superfície e da cultura da (produção da) imagem.


Todos os ensaios reunidos neste livro procuram, cada um à sua maneira e em diálogo com os objectos fílmicos considerados mais relevantes para o efeito, abordar o film noir não apenas como um modo possível de filmar o mundo, mascomo uma tentativa de compreender a natureza visível do mundo, uma visibilidade à qual os (relativamente) novos meios cinematográficos conseguiram acrescentar movimento. A preocupação com a visibilidade do mundo (e o que este revela e esconde) não é uma invenção do film noir, como alguns dos ensaios neste volume fazem questão de referir, mas o film noir, mais do que qualquer outro género ou modo cinematográfico, reinventa o questionamento ontológico da superfície e da cultura da (produção da) imagem. Esta vocação cinematográfica explica o destaque dado por este volume à figura do espelho, mas esta figura rapidamente se expande para incluir outros objectos que, no texto fílmico, se comportam como espelhos — sombras, janelas, quadros, ecrãs, câmaras, olhos –, assim como padrões ou efeitos figurais associados com espelhos —duplos, repetições, ângulos, inversões, amputações.


Autofilmografias: filmar a escrita e escrever o filme em Ray, Lang e Negulesco

Blonde is the ultimate noir: The Lady from Shanghai (A Dama de Xangai, Orson Welles, 1947)

Angel Face: lições de mise en scène

Anamorfose no film noir

Marienbad como photo-roman noir

«Não é o reflexo da realidade, é a realidade do reflexo»: alguns protagonistas do cinema de Irving Lerner olham-se ao espelho

Mulheres especulares: género e desdobramento no neo-noir de Brian De Palma

«It’s like there was never anything here but jungle»: o mundo (neo) noir de True Detective

À Sombra do Invisível — Fragmentos de um crer sapiencial I João Paulo Costa


À Sombra do Invisível — Fragmentos de um crer sapiencial

João Paulo Costa

ISBN 978-989-9006-16-4 | EAN 9789899006164

Edição: Junho de 2020
Preço: 17,92 euros | PVP: 19 euros
Formato: 14,5  x 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 288




Pensamos a Escritura em diálogo com o nosso tempo e com as múltiplas gramáticas existenciais para dizer o humano comum e a sua possível relação com o Transcendente.


A sombra dá à luz a forma capilar das coisas, a sua epifania ou desvelação, pela qual algo se nos manifesta e aparece no modo e no tempo próprios, «em carne e osso». É o invisível como dobragem do visível que nos faz ver mais do que aquilo que vemos num primeiro golpe de vista, que intui na inspecção do olhar o toque tímbrico da verdade que se manifesta e como se mostra à nossa fé perceptivo-afectiva. Ao longo deste percurso heurístico à sombra do Invisível, evocaremos mais do que demonstraremos, não por simples efeito de estilo literário, mas porque é esse o nosso próprio modo de ser. Pensamos a Escritura em diálogo com o nosso tempo e com as múltiplas gramáticas existenciais para dizer o humano comum e a sua possível relação com o Transcendente. Como humanos que somos, buscamos sempre a experiência inaudita do mistério que nos habita poeticamente. Este ensaio encaminha-se, ainda que só por ora tenuemente, para uma hermenêutica sapiencial e apofática da realidade, que abarca muitas das gramáticas artísticas e pensantes do nosso tempo. Que imagem melhor do que a da sombra para nos adentrar nesse mistério da invisibilidade, na presença da Ausência? A sombra guarda em si a presença inconsútil do mistério, a presença de uma ausência e a ausência de uma presença. O desejo é o motor de toda a procura espiritual ou intelectual, pois, como escrevia o filósofo Paul Ricoeur, «é o desejo do desejo que se apodera do conhecer, do querer, do fazer e do ser».


João Paulo Brito da Costa nasceu em 1985. Presbítero da Arquidiocese de Braga, frequentou a Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma) e é doutorando de Filosofia na Universidade de Coimbra e no Instituto Católico de Paris. É membro activo da recente International Network for Philosophy of Religion, fundada por Emmanuel Falque, Richard Kearney, Stefano Bancalari e Kevin Hart. Publicou o livro Indícios — À escuta dos traços de Deus (editora UCP, 2016).

Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau I Joacine Katar Moreira



Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau
Joacine Katar Moreira

Prefácio de Pedro Vasconcelos
Design de Horácio Frutuoso

ISBN 978-989-9006-31-7 | EAN 9789899006317

Edição: Abril de 2020
Preço: 15,09 euros | PVP: 16 euros
Formato: 17 x  24 cm (brochado)
Número de páginas: 216


Com o Teatro Praga (colecção «Sequência»)




«A cultura di matchundadi tem sido o motor da vida política guineense e sem a exacerbação e a institucionalização desta forma de masculinidade hegemónica, o sumo que tem regado a política guineense desapareceria. Entre tramas, traições, mortes, destituições, eleições, nomeações, transições políticas e golpes de Estado.» 
[Joacine Katar Moreira]


Indispensável. Numa palavra seria esta a qualificação do livro de Joacine Katar Moreira que aqui se apresenta. E indispensável por múltiplas razões: porque permitirá à leitora e ao leitor aprender tanto como aprendi eu sobre a história contemporânea da Guiné-Bissau; porque desenvolve uma análise fina e sofisticada de como essa história foi e é, também, organizada por um dos processos primordiais de todas as sociedades humanas — o género; porque aponta claramente um dos elementos centrais, até aqui oculto de toda e qualquer análise sobre a realidade guineense, geradores da instabilidade e violência dos processos sociopolíticos da Guiné-Bissau — as formas de (hiper)masculinidade hegemónica que monopolizam a competição pelo poder estatal.
[Pedro Vasconcelos]


A cultura di matchundadi, hipermasculina, move-se dentro das estruturas do Estado, procurando fazer da matchundadi endémica uma matchundadi sistémica. Ou seja, procura institucionalizar um modus operandi e uma visão do mundo na qual impera a lei do mais forte, do mais poderoso e sobretudo do mais violento, ao mesmo tempo que esta hipermasculinidade traduz as características associadas aos homens e às masculinidades, tais como a redistribuição dos recursos, a protecção (e enriquecimento) do seu clã e a ameaça permanente aos adversários políticos. Assim, a cultura di matchundadi é altamente performativa mas com consequências que colidem com o ambiente democrático e a paz social, pois vive do mimetismo político e assenta no confronto constante, na demonstração de força de uns sobre outros.
[Joacine Katar Moreira]



Joacine Katar Moreira é deputada portuguesa, feminista negra interseccional e activista anti-racista. 
Nasceu na Guiné-Bissau em 1982, no seio de uma família guineense e cabo-verdiana, tendo imigrado para Portugal com 8 anos de idade. 
É licenciada em História Moderna e Contemporânea, mestre em Estudos do Desenvolvimento e doutorada em Estudos Africanos pelo ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa. As suas áreas de estudo e de intervenção são os Estudos do Desenvolvimento, Estudos de Género, violência, política e movimentos sociais. 
Mentora e fundadora do INMUNE — Instituto da Mulher Negra em Portugal, criado em 2018 para lutar contra a invisibilização e o silenciamento da mulher negra na sociedade portuguesa, tem participado activamente no debate público sobre o Colonialismo e a Escravatura em Portugal, fazendo parte de diversos grupos de trabalho e de reflexão nacionais e internacionais.

segunda-feira, 1 de junho de 2020