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Pedro S. Lobo
Textos de Christian
Carvalho Cruz e Rosely Nakagawa
Tradução de Ricardo Sternberg
Design de
Gabriel Zellmeister
ISBN 978-989-9006-47-8 | EAN 9789899006478
Edição: Outubro de 2020
Preço: 30,19
euros | PVP: 32 euros
Formato: 21 × 29 cm (brochado, com badanas)
Número de
páginas: 144 (a cores)
Edição bilingue: português-inglês
Pedro S. Lobo: «Eu não
consigo não fazer essas fotos. Amanhã isso pode ter sumido.
E a minha percepção
é que tudo o que eu admiro desaparece.»
Pedro admira as ferrugens, os podres, os
descascados. Dos objetos, dos lugares e das pessoas. Fotografa-os com a
intensidade brutal e delicada de sua personalidade. Por isso estávamos ali.
Durante três dias rodamos setecentos quilômetros pela região portuguesa onde ele
tinha fotografado seu trabalho mais recente: os incêndios florestais de 2017 e
2018. Melhor dizendo, o rastro de destruição e tragédia deixado por eles. […]
Nestes tempos em que a memória virou bugiganga chinesa comprada em loja de
suvenir, a fotografia do Pedro é um grito inconveniente. Há anos o seu percurso
artístico está assentado sobre ruínas, catástrofes, desmoronamentos e
decrepitude. Começou nos anos 2000 com uma série de imagens em grande formato
feita sem favelas. Passou por cadeias, prostíbulos, igrejas, pedreiras, o
Alentejo, símbolo do Portugal arcaico que se vai perdendo, e agora o fogo. Tudo
fotografado com reverência de arquiteto, mergulho de etnólogo e certa aflição de
quem, na beira do precipício, encara a finitude.
[Christian Carvalho Cruz]
O
Apocalipse não é uma violência de Deus como querem fazer crer os
fundamentalistas. É, antes, a ascensão da violência humana a extremos, de acordo
com as anotações do pensador francês René Girard, referindo-se ao último livro
da Bíblia, O Livro de Apocalipse (O Livro da Revelação), também chamado de
Apocalipse de João. É desse apocalipse de Girard que trata o fotógrafo Pedro
Lobo. […] O trabalho do Pedro procura o entendimento dessa morte contemporânea,
da perda e da violência. Simultaneamente representadas nas camadas sobrepostas
de suas imagens, o que Pedro fotografa é o apocalipse quese dá como descoberta
ou revelação ao registrar a vida nas paredes mortas. Ou quando olha para
trás e encontra a luz na cor rasgada. Quando se vira e sente o frio do fogo nas
cinzas.
[Rosely Nakagawa]
Pedro S. Lobo, fotógrafo carioca formado na School of
the Museum of Fine Arts (Boston)e no International Center of Photography (Nova
Iorque), reside e trabalha entre o Rio de Janeiro (Brasil)e Borba (Portugal).
Dedica-se prioritariamente a projetos que combinam expressão pessoal e conteúdo
social.