quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A Vida de Rembrandt (história a ir para onde lhe dá) I Kees van Dongen

A Vida de Rembrandt (história a ir para onde lhe dá)

Kees van Dongen

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

ISBN 978-989-8833-51-8 | EAN 9789898833518 

Edição: Outubro de 2020 
Preço: 11,32 euros | PVP: 12 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas) 
Número de páginas: 128


Plana muito alto; 
domina a multidão, 
vê as estrelas e quer ir ter com elas.


Van Dongen foi,ele próprio, um pintor; vemo-lo hojeem museus detodo o mundo, mas bastante mais no Hermitage de São Petersburgo e no Púskine de Moscovo, e com uma permanente e generosa presença no Novo Museu de Belas Artes do Mónaco. Associamo-lo sobretudo a retratos de mulheres com olhos que um traço carbonoso sublinha na sua sensualidade insolente, e que imaginamos saídas de uma noite mal dormida em lençóis amarrotados.
[…] 
Em 1927, exteriormente a esta profusão de retratos publicou uma Vida de Rembrandt; um texto quase sempre sedutor e formalmente desarrumado (como nos é pedido enfaticamente para notarmos), confronto entre dois holandeses que pintaram até um limite de forças e em muitos dos seus passos — os que falam de mulheres, dinheiro, da encomenda de retratos, da inveja maledicente dos colegas do ofício — não ilude o impulso de Van Dongen se rever no biografado. Não é uma biografia, se lhe pedirmos quese ajuste às exigências da mais ortodoxa acepção desta palavra; Van Dongen entrega-se aqui à construção de uma imagem predominante sobre todas as outras que encontramos nas complexidades de um pintore de um homem. Como Suetónio quando retratou os seus doze Césares, como os autores dos Evangelhos, detidos em episódios demonstrativos de um deus-profeta e muito menos no que foi o Cristo histórico, este é um «Rembrandt de Van Dongen» — retrato de um homem que pintou até à exaustão e com uma liberdade que apenas soube colar-lhe um rótulo — um pejorativo rótulo de extravagância — e nunca no seu tempo compreendido como anunciador do que viriam a ser consideradas importantes conquistas formais da pintura. 
[Aníbal Fernandes]

Contos Bravios | Emilia Pardo Bazán

 

Contos Bravios 

Emilia Pardo Bazán 


Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes 

ISBN 978-989-8833-52-5 | EAN 9789898833525 

Edição: Outubro de 2020 
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros 
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas) 
Número de páginas: 160


Uma insolente presença feminina 
nas letras espanholas do século XIX. 
Uma herdeira das lições do contista Guy de Maupassant.


A condessa de Pardo Bazán foi uma incansável contista, lembrada muitas vezes como o Guy de Maupassant espanhol — de quem colheu, por certo, uma proveitosa lição oficinal. Não pelo estilo, que é exemplo forte de uma vocação castiça, mas pela «velocidade» e pela arte de saber transformar singelas anedotas da vida realem factos literários. O número dos seus contos ainda hoje não é dado como certo, e a sua biógrafa Eva Acosta chega a supor que, reunidos os ainda dispersos por jornais sul-americanos, poderão chegar a seiscentos. 
[…] 
Hoje deixou de ser controversa. É considerada uma importante e singular figura das letras espanholas, a dominar a sua corrente realista e no fim da vida a temperá-la com diferenças sopradas pelo modernismo. E se a Corunha lhe fez um monumento vistoso no jardim de Méndez Núñez, em Madrid podemos vê-la ali no centro, na Rua Princesa (aquele prolongamento mais estreito da Gran Vía, a partir da Praça de Espanha), sentada muito branca numa cadeira erguida até ao alto de um pedestal, como a imaginou Rafael Vela del Castillo para a deixar solidamente celebrada no pequeno jardim chamado… claro está… Das Feministas. 
Emilia Pardo Bazán, la fea, la gorda, que publicou dois livros — La Cocina Española Antigua e La Cocina Española Moderna — sobre aquilo que a tradição gastronómica do seu país mais valorizava — gostava de comer. Fez-se uma obesa de bom garfo, diabética, e o excesso de glicose no sangue causou-lhe úlceras oculares que complicavam com difíceis contratempos os seus momentos de escrita e de leitura. No dia 12 de Maio de 1921 morreu. Nessa manhã tinha começado a escrever mais uma novela: La Esfinge.
[Aníbal Fernandes]

Linha Funda / Deep Line | Nuno Sousa Vieira

 

Linha Funda / Deep Line 

Nuno Sousa Vieira 

Textos de Sérgio Fazenda Rodrigues e Nuno Sousa Vieira 
Traduções de José Gabriel Flores 
Design de Vera Velez 

ISBN 978-989-9006-48-5 | EAN 9789899006485 

Edição: Outubro de 2020 
Preço: 20,75 euros | PVP: 22 euros 
Formato: 20,5 × 26,3 cm (encadernado, com tecido) 
Número de páginas: 144 (a cores) 

Com o apoio da Fundação Carmona e Costa 

Edição bilingue: português-inglês


Nuno Sousa Vieira: 
«Não me lembro da primeira vez que olhei para o céu e muito provavelmente não me irei lembrar da última. Estarei, nesta altura, algures no intervalo entre ambas, procurando encontrar uma nova postura para inscrever uma outra tomada de vista.»


Nuno Sousa Vieira desenvolve o seu trabalho em torno da presença e da percepção do objecto artístico, ancorando-se nas práticas do desenho, da escultura e da instalação. Numa lógica que inclui registo gráfico, objecto e espaço, o artista questiona a natureza e a leitura da obra para reflectir sobre os lugares da sua produção e legitimação. Debatendo a importância do estúdio, a noção de site-specific e a expressão do local de exposição, Sousa Vieira indaga modelos e formatos de trabalho, focando-se nos modos de funcionamento do sistema que os enquadra. 
A importância do que motiva a produção e a relevância do contexto ou dos locais onde esta ocorre, se apreende e valida, informam uma reflexão sobre o modo como a obra surge, se activa e manifesta. Esta reflexão aparece frequentemente associada a uma dimensão performativa que é dada pela acção do artista, quando este manipula e altera os objectos e a exposição, mas também pela posição do espectador que a isso reage. 
[Sérgio Fazenda Rodrigues] 

Tenho vindo a aperceber-me de que para o meu trabalho «ver» é sempre extremamente importante. Interessa-me ir percebendo e entendendo as implicações do ver, ou melhor, ir tomando consciência das deformações inerentes ao acto de ver. Ver é uma acção que, por princípio, «desfigura». E se, por um lado, a nossa visão em perspectiva é prova cabal dessa circunstância, por outro esse acontecimento é corroborado pela física quântica, que comprova que as partículas de um objecto são estimuladas pelas ondas que os movimentos oculares produzem. 
[Nuno Sousa Vieira] 

Nuno Sousa Vieira (Leiria, 1971), doutorado em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, é docente no Instituto Politécnico de Tomar desde 2004 e professor convidado na área da Instalação da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa desde 2010.

Vaivém | Bruno Pacheco

 


Vaivém 

Bruno Pacheco


Texto de Bruno Marchand 
Design de Maria João Macedo 
Traduções de José Gabriel Flores 

ISBN 978-989-9006-17-1 | EAN 9789899006171 

Edição: Outubro de 2020 
Preço: 22,64 euros | PVP: 24 euros 
Formato: 16,5 × 24 cm (encadernado, com tecido) 
Número de páginas: 124 (a cores) 

Com a EGEAC e a Fundação Carmona e Costa 

Edição bilingue: português-inglês



Apresentar pinturas dispostas e sequenciadas nas páginas de livros significa aproximar deliberadamente a experiência pictórica da experiência da leitura.



Contas feitas ao conjunto de obras presentes em Vaivém, o número de combinatórias que esta profusão de relações e de vizinhanças viabilizava situava-se na ordem dos largos milhares. Tal dado não é de somenos importância: de entre todas as suas exposições, esta é aquela em que Bruno Pacheco mais explora o potencial narrativo que a maioria das apresentações públicas (suas ou de outros artistas, em pintura ou noutros media) contém. A presença do livro e a sua íntima relação com a experiência da narrativa, a possibilidade de folhear os volumes e alterar a face visível da exposição, a multiplicidade de obras em presença no mesmo plano e abarcáveis pelo mesmo golpe de olhar, os títulos de cada volume e até a recorrência de algumas imagens (que apareciam em versões distintas em mais do que um livro) eram todos eles elementos que concorriam para o estabelecimento de um contexto posto ao serviço, não propriamente da desorganização da experiência expositiva, mas da sua autonomização. E embora Bruno Pacheco não tenha abdicado de exercer a sua influência através das escolhas que plasmou na organização interna de cada livro, é indiscutível que tudo o que daí em diante projectou teve como objectivo criar condições para reduzir ao mínimo a incidência de qualquer operação de ordem curatorial ou institucional, deixando nas mãos do espectador todos os instrumentos necessários à condução, livre e irrestrita, da sua experiência. Uma outra forma de leitura; o vislumbre de uma partilha radical que faz do espectador um cúmplice, muito mais do que um corpo testemunhal. 
[Bruno Marchand] 

The Return | Bruno Pacheco


The Return 

Bruno Pacheco 


Design de Maria João Macedo 

ISBN 978-989-9006-18-8 | EAN 9789899006188 

Edição: Outubro de 2020 
Preço: 18,87 euros | PVP: 20 euros 
Formato: 24 × 31,5 cm (encadernado, com tecido) 
Número de páginas: 16 (a cores) 

Com a EGEAC e a Fundação Carmona e Costa



Apresentar pinturas dispostas e sequenciadas nas 
páginas de livros significa aproximar 
deliberadamente a experiência pictórica da 
experiência da leitura.

Esta publicação surgiu na sequência da exposição Vaivém, que Bruno Pacheco apresentou na Galeria Quadrum, em Lisboa, entre 11 de Outubro de 2018 e 13 de Janeiro de 2019, e reproduz, na íntegra e à escala, um dos trinta e cinco livros aí expostos. 
A par deste fac-símile foi produzido um catálogo contendo ilustrações de obras, vistas de instalação e um texto de Bruno Marchand, comissário da exposição. Ambas as publicações têm a chancela Documenta, foram desenhadas no Studio Maria João Macedo, e delas foram impressos 300 exemplares na Maiadouro.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Cadernos | Cuadernos 1964-2020 I Jorge Martins

 


Cadernos | Cuadernos 1964-2020 

Jorge Martins 


Edição de Óscar Alonso Molina
 Textos de Óscar Alonso Molina, Joana Baião, Miguel Fernández-Cid, José Gil, Jorge Martins 

ISBN 978-989-9006-36-2 | EAN 9789899006362 

Edição: Julho de 2020 
Preço: 35,85 euros | PVP: 38 euros 
Formato: 17 × 24 cm (brochado) 
Número de páginas: 704 (a cores) 

Com o MARCO – Museo de Arte Contemporánea de Vigo 
Apoio da Fundação Carmona e Costa 

Edição bilingue: português-espanhol



José Gil: «Não formam um diário pessoal ou artístico, nem um livro de confissões ou um conjunto de ensaios sobre a pintura e a arte. Não sendo nada disso, de tudo isso estes Cadernos têm um pouco.»



Tenho de dizer que acho verdadeiramente irónico, e até cómico, ver publicados estes textos que fui escrevendo ao longo dos anos, no meio dos desenhos, esboços e rabiscos, despreocupadamente e quase sem dar por isso.
É claro que alguém acabaria por lê-los, mais cedo ou mais tarde, se os cadernos entretanto não tivessem desaparecido também. 
Assim, aqui ficam tal e qual foram escritos, ao acaso, sem ordem nem nexo, como convém. Apenas eliminei uma dúzia de «desabafos» demasiado pessoais, íntimos, e alguns outros quiçá injustos ou impróprios para consumo.
  [Jorge Martins] 

Jorge Martins mantém nestes escritos uma assombrosa continuidade com o que o seu próprio desenho expressa. As mesmas preocupações, uma lógica semelhante de abordá-las, e um resultado igualmente limpo, despojado e elegante. 
[Óscar Alonso Molina] 

Os escritos reunidos neste livro não nasceram como textos soltos, individuais, pensados para publicar sob pretexto de um evento ou por uma necessidade estética concreta: nasceram acompanhando esboços, apontamentos e essas revelações que fazem dos cadernos dos artistas um desses tesouros em que apetece entrar, passear à maneira de Robert Walser e entreter-nos.
 [Miguel Fernández-Cid]

Assim que vi as dezenas de cadernos e blocos que Jorge Martins reuniu no seu atelier, e os comecei a folhear, tive noção do maravilhoso mundo em que iria mergulhar.
[Joana Baião]

Great Moments — Eduardo Batarda nos Anos Setenta

Great Moments — Eduardo Batarda nos Anos Setenta 

Eduardo Batarda 


Textos de Marina Bairrão Ruivo, Catarina Rosendo, Eduardo Batarda, João Mourão e Luís Silva 

ISBN 978-989-9006-52-2 | EAN 9789899006522 

Edição: Outubro de 2020 
Preço: 16,04 euros | PVP: 17 euros 
Formato: 17 × 22 cm (brochado) 
Número de páginas: 160 (a cores)
 
Com a Fundação Carmona e Costa e a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva 

Edição bilingue: português-inglês



Eduardo Batarda: «Espero que estes quadros, que nunca rejeitei, divirtam as pessoas. Se tiverem paciência, vejam-nos com tempo. Leiam-lhes as patetices, os trocadilhos parvos, as referências a diferentes e múltiplas linguagens visuais. Não chamem a isso “excessivo”. Não falem em “delírio”. Não exagerem.»



Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Great Moments. Eduardo Batarda nos Anos Setenta», de Eduardo Batarda, com curadoria de João Mourão e Luís Silva, realizada na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva de 1 de Outubro de 2020 a 17 de Janeiro de 2021, em parceria com a Fundação Carmona e Costa.


A exposição de Eduardo Batarda reúne um momento fundamental da prática do artista, o trabalho realizado quase exclusivamente em aguarela e tinta-da-china sobre papel durante a década de setenta, e traça um percurso por um corpo de trabalho que prolonga o tipo defiguração, cromatismo e humor detrabalhos de anos anteriores, recorrendo de forma explícita à ironia e ao sarcasmo e insistindo em tópicos porventura escandalosos de índole sexual, bem como multiplicando alusões literárias e comentários à actualidade do país (J. Mourão, L. Silva). 
A obra de Eduardo Batarda, tal como a de outros artistas portugueses da sua geração, resultou também da emigração artística nos anos 1960 e 70 para o Reino Unido (caso de Batarda), França e Alemanha. 
[Marina Bairrão Ruivo] 

Entre a ironia crítica e um olhar tão cristalino sobre as coisas que arrisca o desmoronamento de todas as convicções que sustêm a ilusão de normalidade de que o mundo necessita para prosseguir na vida de todos os dias, as pinturas de Batarda não deixam pedra sobre pedra. E, no entanto, aí estão elas, a lembrar-nos que, sem destruirmos tudo, nunca poderemos encetar essa operação de re-significação que consiste em permanentemente actualizar o sentido de tudo.
[Catarina Rosendo]

Cartoons do Ano 2019

 

Cartoons do Ano 2019 

António Antunes, André Carrilho, Cristina Sampaio, Vasco Gargalo, António Maia, Henrique Monteiro, Rodrigo de Matos, Cristiano Salgado, Nuno Saraiva 


Textos de Alberto Mesquita, Ricardo Araújo Pereira e José António Lima
Coordenação editorial de António Antunes

ISBN 978-989-9006-28-7 | EAN 9789899006287 

Edição: Outubro de 2020 
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros 
Formato: 17 × 24 cm (encadernado) 
Número de páginas: 128 (a cores) 

Com o apoio da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

Edição bilingue: português-inglês



Quando alguém dispõe apenas de meia página e de um lápis para dizer qualquer coisa, é natural que recorra a algumas medidas drásticas para se fazer ouvir. Essas medidas costumam incluir o exagero e a distorção — e um objecto com essas características, se considerado literalmente, pode dar origem a interpretações desastrosas.



QUERES QUE TE FAÇA UM DESENHO? 
A pergunta que fazemos, quase sempre num tom sarcástico, quando o nosso interlocutor manifesta dificuldade em compreender qualquer coisa, parece presumir duas premissas, digamos, problemáticas: primeiro, que um desenho é fácil de fazer; segundo, que um desenho é fácil de interpretar. Num ponto, ao menos, a pergunta acerta. Um desenho é rápido e eficaz, ou seja, ao contrário do que acontece com um texto (especialmente, um texto longo) um desenho tem um impacto instantâneo.
Quando o desenho é um cartoon, todas essas características se intensificam. É mais difícil de fazer, mais difícil de interpretar, e o choque que provoca é mais intenso. 
[…] 
Folhear esta edição dos cartoons do ano é, como sempre, revisitar os principais temas políticos e sociais do país e do mundo: o governo e a oposição, as grandes obras públicas, as alterações climáticas, o orçamento de Estado, Tancos, a justiça, a alta finança, o Médio Oriente, a religião, as novas «democracias musculadas», o Brexit. E, como infelizmente tem vindo a ser hábito, é também rever alguns cartoons que se transformaram eles próprio sem acontecimentos – às vezes até mais polémicos do que os temas que abordam (o que não deixa de ser incrível). 
Certas pessoas deixam-se ofender gravemente por um desenho, seja porque ele toca num assunto que é, para elas, sagrado, ou apenas porque não compreendem certos aspectos evidentes do funcionamento da linguagem humorística. E o problema é que, em princípio, não adianta fazer-lhes um desenho. 
[Ricardo Araújo Pereira]

Desenhos à Flor da Pele I Cau Gomez

 

Desenhos à Flor da Pele

Cau Gomez


Introdução de Alberto Mesquita 
Apresentação de Luis Trimano
Coordenação editorial de António Antunes

ISBN 978-989-9006-29-4 | EAN 9789899006294

Edição: Outubro de 2020 
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 17 × 24 cm (encadernado)
Número de páginas: 128 (a cores) 

Com o apoio da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira 

Edição bilingue: português-inglês



Luis Trimano: «Creio que o chargista não pode e nem deve expressar as opiniões de qualquer patrão que seja, por mais global que seja… esse é o recado do desenho de Cau.»



Tive contato com as charges de Cau Gomez pela primeira vez nas páginas do hoje extinto Jornal do Brasil, um veículo bem-comportado, que procurava sempre ou quase sempre amenizar a realidade brutal da «suciedade» carioca, publicando desenhos mais ou menos bem-comportados, pois a proposta do jornal sempre foi dar uma imagem «cordial» da «suciedade» carioca, favelada e desdentada… e, de repente, aconteceu Cau, com um desenho expressionista que, tal como fizemos nos maus bons tempos da censura ditatorial, se batia de frente com a «cordialidade» impositiva proposta pelo veículo nos seus desenhos de humor ácido.
As personalidades políticas e seus comparsas apareciam de forma simiesca, realçando o ridículo e a brutalidade dos retratados. A primeira coisa que me ocorreu foi que não duraria muito no jornal. Dito e feito, pouco tempo depois desapareceu e nunca mais foi publicado. A gente que viveu e trabalhou muito mal nos tempos da ditadura já sabia que o destino de quem enfrentasse as feras da mídia comercial, mais tarde ou mais cedo, cairia em desgraça. […] Cau não «vendeu» seu desenho e continuou apostando na sua liberdade para expressar as suas opiniões, queé a única coisa quefica de um chargista, e se firmou como um dos desenhistas mais talentosos e bem posicionados da imprensa brasileira – hoje meio desfalcada mas, no fim das contas, o espelho do que nos toca viver no momento.
 [Luis Trimano]