terça-feira, 4 de novembro de 2014

«O Meu Corpo e Eu» | René Crevel


O Meu Corpo e Eu
René Crevel

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

ISBN: 978-989-8566-65-2

Edição: Outubro de 2014

Preço: 11,32 euros | PVP: 12 euros
Formato: 14,5x20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 128




O corpo duplo, o verdadeiro ou o seu reflexo.
O golden boy do surrealismo
e o seu mais amado suicida.
«Na nossa família suicidamo-nos muito.»

René Crevel [Paris, 1900 – Paris, 1935]: «O Meu Corpo e Eu ficou como sua obra mais célebre. Jogo de alternâncias, ficção e realidade autobiográfica a inventarem um corpo duplo, seu e de uma imagem no espelho, a impossibilidade de qualquer deles ser o verdadeiro ou o seu reflexo. As limitações desta experiência escrita e idealista fizeram-no aspirar à solução prática do mesmo angustiado inquérito, para ele o comunismo – “comunicação universal dos corpos, das línguas, do corpo da língua e da língua do corpo” – e neste entusiasmo a impossível coabitação, a do Surrealismo e do Comunismo unidos na expressão universal de um promissor destino para a humanidade.» 

[Aníbal Fernandes]

«Se tento retardar dedicando-me às verdades relativas e aos fenómenos exteriores, seus mesquinhos pretextos, bem depressa tenho de reconhecer que fugindo à ideia da morte também não aceitei a da vida, e todos os meus actos foram pequenos suicídios momentâneos que me diminuíram sem afastar da dor. Não quis sentir-me a viver. Desci a escada que levava ao bar subterrâneo e luminoso. Bebi, dancei. A minha carne tornava-se insensível. Beijei todas as bocas, para ter bem a certeza de que já não sentia desejo nem asco. Entre duas bebidas combinei actividades, coisas para o dia seguinte. E acumulei projectos sobre projectos. Belisquei a minha pele que se tornara indiferente. Mordi a minha própria mão e não reconheci o gosto humano. Eis senão quando o alvorecer me surpreende estranho às coisas e às criaturas. Terei pois pecado por me ver, e suportado um tamanho asco por me ver. “É um pecado conhecermo-nos de mais, um pecado contra nós próprios”, diz-me o companheiro que chora mas dorme bem.» 

[René Crevel, O Meu Corpo e Eu].

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