quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Da Crítica I Andreas Arndt, Christian Berner, Judith Butler, João Pedro Cachopo, Bruno C. Duarte, Rodolphe Gasché, Diogo Sardinha, Márcio Seligmann-Silva, Denis Thouard


Da Crítica
Andreas Arndt, Christian Berner, Judith Butler, João Pedro Cachopo, Bruno C. Duarte, Rodolphe Gasché, Diogo Sardinha, Márcio Seligmann-Silva, Denis Thouard

Edição e organização de Bruno C. Duarte

ISBN: 978-989-8834-02-7

Edição: Junho de 2016

Preço: 21,70 euros | PVP: 23 euros
Formato: 16 × 22 cm [brochado]
Número de páginas: 272




ENSAIOS SOBRE 
WALTER BENJAMIN, THEODOR W. ADORNO, MICHEL FOUCAULT, 
IMMANUEL KANT, FRIEDRICH SCHLEGEL, FRIEDRICH SCHLEIERMACHER



A nossa época é a verdadeira época da crítica, à qual tudo tem de submeter-se. A religião, pela sua santidade, e a legislação, pela sua majestade, querem geralmente esquivar-se a ela. Mas desse modo provocam contra si mesmas uma justificada desconfiança, e não podem reivindicar o sincero respeito que a razão concede apenas aos que podem suportar o seu livre e público exame. [Immanuel Kant]

[…] e o que devo dizer em primeiro lugar a propósito desta época? A mesma época em que também nós temos a honra de viver; a época que, para tudo dizer numa palavra, merece o modesto mas significativo nome de época crítica, de modo que muito em breve tudo será criticado, com a excepção da própria época, e tudo se tornará sempre mais crítico, e aos artistas ser-lhes-á permitido nutrir a justa esperança de que a humanidade se eleve enfim em massa e aprenda a ler. [Friedrich Schlegel]

A palavra crítica exorta à crítica, a palavra faculdade do juízo ao julgar; nenhuma delas é dada ou arrendada a quem quer que seja. [J.G. Herder]

A crítica nem sempre dá provas do seu olhar aguçado; ignora frequentemente as manifestações mais insignificantes. [Karl Kraus]

Há uma diferença entre dar-se conta da omnipresença (soletrada ou implícita) da noção de crítica no pensamento «contemporâneo» – dito assim, mais uma vez, por falta de um melhor ou de um pior termo – e tentar apreender essa noção como um conceito unido a si mesmo. Inversamente, há uma diferença entre procurar a crítica e dar de caras com ela. É precisamente na tensão trazida por essa diferença que se torna necessário encontrar a coragem ou a imprudência de enfrentar a questão: que experiência é possível ter da «própria crítica»? É nesse ponto que é preciso recuar, por um instante que seja, e, antes de enunciar ou lançar qualquer juízo sobre a relevância e a necessidade, isto é, sobre o presente e sobre a presença da crítica, tentar encontrar ou reencontrar a percepção que é ainda possível ter desse conceito por si mesmo e junto a si mesmo, na sua individualidade.

É muito provável que o problema central da crítica não seja, em primeira instância, o de definir qual o seu conteúdo, a sua função ou a sua finalidade, mas sim o de discernir o limite do confronto com a composição e decomposição formais do seu núcleo. De uma forma ou de outra, a constituição do conceito enquanto conceito regressa continuamente do sentido partitivo e reflexivo do nome, descobre na crítica algo que volta da crítica – e aí reside a sua maior dificuldade.

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