terça-feira, 29 de novembro de 2022

Floresta


Floresta
Ana Izabel Miranda Rodrigues


Texto de Maria Filomena Molder
Fotografia de António Jorge Silva
Tradução de José Gabriel Flores

ISBN 978-989-568-070-2 | EAN 9789895680702

Edição: Novembro de 2022
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 17 × 22 cm (brochado)
Número de páginas: 96

Com a Giefarte

Edição bilingue: português-inglês


Maria Filomena Molder: «A floresta é um lugar onde se vai saindo para fora da vida em comum, onde se entra para conhecer os perigos de se perder. […] Não se avistando ninguém nestas florestas, sente-se que anda por lá alguém, isto é, as florestas são domicílios da mais secreta expectativa […].»


 
Este livro foi publicado por ocasião da exposição Floresta, de Ana Izabel Miranda Rodrigues, realizada na Giefarte, em Lisboa, de 19 de Novembro de 2022 a 14 de Janeiro de 2023.


 
Aprendi com Kleist que não há mal absoluto (o que não afecta o conceito de mal radical nem a sua versão arendtiana de «banalidade do mal»), quase equivalente a «Deus escreve direito por linhas tortas» ou a uma concepção cósmica do mal. Bem, cósmico é capaz de ser exagerado, talvez seja suficiente subir ao pico de um monte (e não é preciso que seja nos Himalaias). Vemos então que os atrasos e os adiamentos da exposição da Ana Izabel (desde 2019), que pareciam tão irritantes e desmoralizadores, acabaram por se mostrar favoráveis, propícios. A artista mudou tudo, a primeira leva de desenhos de jardins a tinta-da-china (caneta) sobre papel foi despachada para lugar protegido e, em vez deles, apareceram vinte desenhos em papel de arroz pincelado a tinta-da-china diluída em água e três dezenas de pequenas esculturas, moldadas em terra, que espontaneamente foram baptizadas como Orelhas. E são. Agora fazem parte de um conjunto chamado Nuit. Os desenhos chamam-se Floresta.
[…]
Não será por acaso que Ana Izabel Miranda Rodrigues começou por preparar a exposição para a Giefarte com uma série de desenhos de jardins, e depois os substituiu pela série das florestas. Continuamos no reino elementar (as plantas alimentam-se directamente de luz e de ar, a água e a terra penetram nelas através dos seus órgãos), em que o desejo sossega e as angústias do tempo tendem a apaziguar-se, isto é, o encontro consigo mesma aprofunda-se. Aí o ouvido nocturno põe-se alerta e dispõe-se a escutar.
[Maria Filomena Molder]

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