quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

«De Civitate Dei» de Santo Agostinho — «Dois Amores, Duas Cidades»


De Civitate Dei de Santo Agostinho — 
«Dois Amores, Duas Cidades»

Américo Pereira, Ana Rita Ferreira, Ángel Poncela González, António Bento, António Rocha Martins, Diogo Morais Barbosa, Filipa Afonso, Jaume Aurell, José António Domingues, José Maria Silva Rosa, Maria Leonor Xavier, Maria Manuela Martins, Montserrat Herrero.

Coordenação e organização de José Maria Silva Rosa, António Bento e José António Domingues

ISBN 978-989-9006-03-4 | EAN 9789899006034

Edição: Novembro de 2019
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros
Formato: 16 x 22 cm (brochado)
Número de páginas: 256

Com o Instituto de Filosofia Prática

Colecção Ethos e Polis / 9




«Dois amores fizeram duas cidades. O amor de si até ao desprezo de Deus: a terrestre; o amor de Deus até ao desprezo de si: a celeste.» 
[Santo Agostinho]


É mais comum celebrar os autores do que as suas obras. A Cidade de Deus, porém, que é uma espécie de outras Confissões elevadas agora ao nível do género humano, é indissociável da vida de Agostinho de Hipona, o seu tão persistente e esforçado autor. As razões próximas da obra brotaram de circunstâncias históricas bem precisas: o bárbaro saque de Roma, por Alarico e suas tropas, no dia 24 de Agosto de 410, e a necessidade de refutar aqueles que acusavam os cristãos de serem os culpados. Para o paganismo tardio dos séculos IV e V, com efeito, os cristãos e a sua religio, em virtude de rejeitarem o culto dos deuses tutelares de Roma e do imperador, de defenderem que se deveria «amar os inimigos», «rezar pelos que vos perseguem» (Lc 6, 27-28), «oferecer a outra face» (Mt 5, 39), etc., e de durante muito tempo terem recusado o serviço militar, teriam sido não só coniventes, mas objectivamente culpados desta punhalada no coração do Império. Atacado de fora pelas hordas bárbaras baptizadas no arianismo e de dentro pela moral e a doutrina nicenoconstantinopolitana, a chrisitiana religio, arguiam, haviam quebrado do tónus bélico dos soldados e amolecera a virtus dos cidadãos romanos. Tal acusação já vinha de trás, mas agora ganha renovada força. Agostinho escuta e não se conforma. A sua reacção ao saque de Roma e à acusação feita aos cristãos é-nos dada, a quente, logo em Sermões coevos, em 410, e no opúsculo Sobre a Devastação de Roma, em 411. Mas interiormente, no seu espírito, o projecto da obra A Cidade de Deus começara já a nascer, tanto mais que a isso era instado por variados amigos. Segundo alguns, é possível que a tenha começado a escrever ainda em 412. Em Setembro de 413 já estava a redigi-la, de certeza. Terminá-la-á apenas treze anos depois, em 426. 
[«Introdução»]

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