quarta-feira, 21 de abril de 2021

É Só Uma Ferida


É Só Uma Ferida 
Pedro Barateiro 


ISBN 978-989-9006-68-3 | EAN 9789899006683 

Edição: Abril de 2021 
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros 
Formato: 21 × 29,7 cm (brochado) 
Número de páginas: 112 (a cores) 

Com a Fundação Carmona e Costa e Mousse Publishing 

Edição bilingue: português-inglês

Os desenhos são como uma ferida aberta, uma autópsia. 

Este livro foi publicado por ocasião da exposição É só uma ferida — Just a wound, de Pedro Barateiro, com curadoria de João Mourão e Luís Silva, realizada na Fundação Carmona e Costa, entre 17 de Abril e 17 de Junho de 2021. 



Querido vizinho / amante / turista, 

Fiz estes desenhos em silêncio enquanto a cidade estava mais ruidosa do que nunca. Tenho olhado para o meu telefone em silêncio enquanto todos gritam lá dentro. Bem, às vezes os desenhos eram feitos com algumas pessoas na sala, às vezes falava enquanto os fazia. O telefone limitou-se a testemunhar tudo, espreitando, ouvindo e respirando, gravando todas as acções. Não penso muito enquanto faço estes desenhos. Não penso muito enquanto tiro estas fotografias. […] Os desenhos são como uma ferida aberta, uma autópsia. Eles reflectem, tal como o espelho do telefone. 
Os desenhos neste livro foram feitos no meu estúdio na Rua da Madalena 117-A, na Baixa de Lisboa. Mudei-me em Novembro de 2014. Fica numa das partes mais antigas da cidade. No estúdio existem ruínas, artefactos, provavelmente cadáveres também. O terramoto de 1755 remodelou esta zona, da mesma forma que o capital de risco sob o feitiço do turismo o fez nos últimos anos. […] 
Entre ruínas, ratos e humanos, abri um espaço para projectos chamado Spirit Shop, em duas salas do estúdio. Nós lidamos com espírito. Não é fácil convidar outros, outros espíritos, para o nosso espaço pessoal. Mas sempre gostei de conversar, trocar ideias. Tenho muita sorte em ter este espaço numa parte da cidade que se transformou de maneiras tão diferentes. As coisas estão a mudar. Eu estou a mudar o tempo todo. Por isso tive de fazer algo acontecer ali, além de projectar a minha própria subjectividade.
Estás convidado a passar quando quiseres. Talvez esteja lá. Entra e pinta os meus olhos de verde Veronese, a cor que usei nestes desenhos. Se eu não estiver, deixa uma mensagem por baixo da porta a dizer que leste isto. Não sou um empresário, sou um amador, um mágico, um palhaço, um monstro, um empreendedor das minhas próprias acções, tal como tu. Estarei à espera atrás da cortina.
Atenciosamente,
 — Pedro

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