quarta-feira, 11 de julho de 2012

«Tudo me espanta. Pinto o meu espanto, que é ao mesmo tempo maravilha, terror, riso»


Vieira da Silva – O Espaço e Outros Enigmas

João Pinharanda, José Manuel dos Santos e Marina Bairrão Ruivo


ISBN: 978-989-97719-4-9
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros

Formato: 24×27 cm (brochado) / Número de páginas: 72 (a cores)

[ com a Fundação EDP e a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva ]

Os grandes artistas não deixam esquecer os lugares onde o seu olhar os levou. A lembrança desses lugares fica para sempre na sua obra e naqueles que a vêem. Maria Helena Vieira da Silva pintou um quadro a que chamou Ville ou Porto. Esta exposição dá a esse quadro o lugar que lhe permite coincidir consigo-mesmo.
Na viagem que é a sua pintura, Vieira da Silva é a heroína «de mil estratagemas, que tanto vagueou, depois de ter destruído a acrópole sagrada de Tróia, que viu cidades e conheceu costumes de tantos homens e que no mar padeceu mil tormentos, quando lutava pela vida e pelo regresso» (Odisseia). Diferentemente de Penélope, foi ela quem andou pelos mares, rodeada de medos e de monstros, ora impelida ora impedida pelos deuses, enquanto Arpad, ao contrário de Ulisses, ficava em Ítaca, fazendo e desfazendo a sua espera.
Esta Vieira era aquela de quem Agustina Bessa-Luís, sua amiga, afirmou que «era tímida na grandeza para não ser vulgar no orgulho». Esta Vieira era aquela de quem Cesariny, seu amigo, disse: «Há na obra de Vieira algo que gosto de aparentar aos poderes do xamã». Esta Vieira era a dos olhos muito abertos que se atiravam às coisas, pronta a devorar o mundo: «Tudo me espanta. Pinto o meu espanto, que é ao mesmo tempo maravilha, terror, riso».

José Manuel dos Santos
[Director Cultural da Fundação EDP]

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