terça-feira, 1 de outubro de 2019

«Lourdes Castro é uma artista-colectora, uma respigadora incansável […] I Paulo Pires do Vale


Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Lourdes Castro – Manuel Zimbro: Quinta do Monte 1983-1988», realizada na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, com curadoria de Paulo Pires do Vale, entre 1 de Outubro e 9 de Novembro de 2019.


Em 1983, Lourdes Castro e Manuel Zimbro deixaram Paris e regressaram a Portugal, à ilha da Madeira, onde a artista nasceu. No dia 21 de Abril desse ano, mudaram-se, então, para a Quinta do Monte, um palacete do início do século XIX, emprestado pela família Rocha Machado para aí residirem enquanto procuravam o lugar onde iriam construir a sua casa. Nesta exposição, concentramo-nos nos cinco anos vividos nessa Quinta, onde Lourdes Castro faz ou projecta as suas últimas obras, dando atenção às sombras do jardim e das suas flores, da casa e dos seus objectos. O nosso ponto de partida foi o Álbum da Quinta do Monte, nunca exposto, onde Lourdes Castro manifesta a prática de recolha recorrente em muitos dos seus livros de artistas, misturando a sua vida, durante a estada naquela Quinta, com a dos anteriores habitantes, cruzando referências e coleccionando indícios. Recolhe fotografias da casa, dos interiores, dos jardins, da vida quotidiana do casal; guarda fotocópias de livros sobre a história da Quinta e das famílias que a habitaram; acumula recortes com notícias relacionadas com o exílio do Imperador austro-húngaro, Carlos de Áustria, que aí morreu em 1922, e os relatos das conversas com os visitantes estrangeiros que iam visitar a última morada do Imperador. Lourdes Castro é uma artista-colectora, uma respigadora incansável, desenvolvendo um trabalho que se situa entre o diário, a investigação e o arquivo. No dia 23 de Maio de 1988, Lourdes Castro e Manuel Zimbro mudaram-se para a casa que construíram no Caniço. Aí continuaram a sua história, iniciaram um novo Álbum.
[Paulo Pires do Vale]

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