terça-feira, 31 de julho de 2012

«(...) a marca inconfundível de Aníbal Fernandes, tradutor de cuidados mil e requintada erudição.»


«Sistema Solar é uma nova editora. Ou melhor. É uma nova editora com um passado. O da Assírio & Alvim. [...] Surge assim com um nome diferente mas com os mesmos responsáveis e a mesma identidade. Livros de qualidade, traduções irrepreensíveis e capas com cunho próprio. [...] Celebre-se então, estes novos livros, divulgando-os e lendo-os. Até porque [...] têm a marca inconfundível de Aníbal Fernandes, tradutor de cuidados mil e requintada erudição. [...]»

JL, 25 de Julho a 7 de Agosto de 2012.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

«Que as pessoas não lêem, quererá a senhora dizer?»


Olhou-me à sua maneira, como se estivesse a fazê-lo numa barricada.
—  Escreve livros e não consegue vendê-los?
— Que as pessoas não lêem, quererá a senhora dizer? Só um pouco… não tanto como eu desejaria. Escrever livros, só quando se é um génio… e mesmo assim!…

Henry James, Os Manuscritos de Aspern (tradução de Aníbal Fernandes), Sistema Solar, Junho de 2012.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Uma Pátria Assim...


Vítor Pomar – Uma Pátria Assim...
João Pinharanda, Paulo Borges


ISBN: 978-989-97719-5-6 bilingue (port. | ing.)
Preço: 12,26 euros | PVP: 13 euros

Formato: 16,5×22 cm (brochado) / Número de páginas: 80 (a 4 cores)

[ com a Fundação EDP ]

Vítor Pomar (Lisboa, 1949) frequentou o curso de Pintura na Escola de Belas Artes do Porto (1966-67) e de Lisboa (1967-69). Teve a primeira exposição individual de gravura em Lisboa (1970), no mesmo ano em que decidiu emigrar para a Holanda, continuando os estudos na Academia de Roterdão e na Academia Livre em Haia, onde estabeleceu o seu primeiro atelier. Foi durante este período que Vítor Pomar consolidou um processo criativo muito próprio, combinando experimentalismo e espiritualidade na sua abordagem exploratória da pintura, e sobretudo no modo como esta se entrecruza com outras técnicas artísticas a que recorre sistematicamente, como a fotografia, o vídeo, o filme, o desenho ou a escultura. Vítor Pomar vive e trabalha em Assentiz, Rio Maior.

«Entre Julho e Setembro, sob este título Uma pátria assim…, uma série de 21 pinturas de grande formato, algumas constituindo dípticos e trípticos, ocupa (5 de Julho a 16 de Setembro) o grande espaço expositivo do Museu da Electricidade, Central Tejo, Lisboa.»

sexta-feira, 13 de julho de 2012

«A obra de Miguel Palma enfrenta o abismo e constrói impossibilidades, inventa um presente feito de passados e de futuros, de angústias, sonhos e realizações.»


Atelier Utopia – Miguel Palma
João Pinharanda, Miguel von Hafe Pérez, Bruno Leitão


ISBN: 978-989-97719-3-2 
bilingue (port. | ing.)
Preço: 9,43 euros | PVP: 10 euros

Formato: 14,5×22 cm (brochado) / Número de páginas: 88 (a cores)

[ com a Fundação EDP ]

Miguel Palma nasceu em1964. Vive e trabalha em Lisboa. Apresenta a sua primeira exposição individual (Ludo) na Galeria Quadrum em 1989.

Atelier Utopia, exposição de Miguel Palma, agilmente concebida e comissariada por Bruno Leitão e produzida pela Fundação EDP no seu novo espaço da cidade do Porto, reúne um conjunto, maioritariamente inédito, de 49 peças da sua colecção pessoal e de colecções particulares. O dispositivo que funciona como expositor de todas elas é, em si mesmo, uma nova peça que ganhou assim um título autónomo (Sensor, 2012), conduzindo a narrativa unificadora de todo o discurso do artista. 
[...]
A obra de Miguel Palma enfrenta o abismo e constrói impossibilidades, inventa um presente feito de passados e de futuros, de angústias, sonhos e realizações. Coloca-nos, por tudo isto, perante uma exigente síntese ou a tensa coexistência de contrários: a constatação do aleatório e a construção do real; a vertigem onírica e a verificação da utopia. 

João Pinharanda


Entrar na actual exposição de Miguel Palma não só se converte no prazer de descobrir peças raramente vistas, como revela uma particular sensibilidade para articular um discurso expositivo de uma coerência interna irrepreensível, como também inteligentemente desdobrada pelo espaço físico em que se desenvolve.

Miguel von Hafe Pérez

quarta-feira, 11 de julho de 2012

«Tudo me espanta. Pinto o meu espanto, que é ao mesmo tempo maravilha, terror, riso»


Vieira da Silva – O Espaço e Outros Enigmas

João Pinharanda, José Manuel dos Santos e Marina Bairrão Ruivo


ISBN: 978-989-97719-4-9
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros

Formato: 24×27 cm (brochado) / Número de páginas: 72 (a cores)

[ com a Fundação EDP e a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva ]

Os grandes artistas não deixam esquecer os lugares onde o seu olhar os levou. A lembrança desses lugares fica para sempre na sua obra e naqueles que a vêem. Maria Helena Vieira da Silva pintou um quadro a que chamou Ville ou Porto. Esta exposição dá a esse quadro o lugar que lhe permite coincidir consigo-mesmo.
Na viagem que é a sua pintura, Vieira da Silva é a heroína «de mil estratagemas, que tanto vagueou, depois de ter destruído a acrópole sagrada de Tróia, que viu cidades e conheceu costumes de tantos homens e que no mar padeceu mil tormentos, quando lutava pela vida e pelo regresso» (Odisseia). Diferentemente de Penélope, foi ela quem andou pelos mares, rodeada de medos e de monstros, ora impelida ora impedida pelos deuses, enquanto Arpad, ao contrário de Ulisses, ficava em Ítaca, fazendo e desfazendo a sua espera.
Esta Vieira era aquela de quem Agustina Bessa-Luís, sua amiga, afirmou que «era tímida na grandeza para não ser vulgar no orgulho». Esta Vieira era aquela de quem Cesariny, seu amigo, disse: «Há na obra de Vieira algo que gosto de aparentar aos poderes do xamã». Esta Vieira era a dos olhos muito abertos que se atiravam às coisas, pronta a devorar o mundo: «Tudo me espanta. Pinto o meu espanto, que é ao mesmo tempo maravilha, terror, riso».

José Manuel dos Santos
[Director Cultural da Fundação EDP]

segunda-feira, 9 de julho de 2012

«Eu abrira-me em confidência a Mrs Prest; e é verdade que poucos progressos teria feito sem ela, porque dos seus lábios amigos saiu a frutuosa ideia de todo este caso.»


Os Manuscritos de Aspern

Henry James


Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

ISBN: 978-989-8566-07-2
Preço: 12,26 euros | PVP: 13 euros

Formato: 14,5×20,5 cm (brochado, com badanas) / Número de páginas: 160

Henry James [1843-1916] escreveu ao contrário dos êxitos literários do seu tempo. Numa época de leitores a preferirem histórias com surpresas de percurso, pôs um grande talento de escritor ao serviço de uma corrente calma, discreta e a espalhar-se num extenso número de páginas, entravada por análises psicológicas de personagens distanciadas, na cultura e nos confortos, do homem mais comum nesse final do século XIX. E se o século seguinte o compreendeu como bom exemplo do construtor da obra de arte literária no mais nobre sentido que a expressão pode sugerir, a solicitar do leitor uma sensibilidade idêntica à exigida na apreciação de uma sonata ou de um quadro, durante a sua vida só teve êxitos pouco generosos e reticentes.
[…]
Dir-se-á, porém, que este Henry James sofredor recebia com desdém o entusiasmo alheio pelas suas ficções, e via-o como resultado da cedência do texto ao que era um mais trivial gosto do público. Sentimo-lo encolher os ombros aos elogios que valorizavam The Turn of the Screw, e bem podia Oscar Wilde designá-lo como surpresa «enorme». Numa carta a H.G. Wells acusou o seu texto de «irresponsável» e de apenas ser «um pedaço de engenhosidade pura e simples». E quando publicou Os Manuscritos de Aspern, uma das suas ficções curtas mais brilhantes (para o seu biógrafo Leon Edel, a melhor de quantas escreveu), aos acidentais entusiasmos contrapôs esta água fria: «não passa de uma anedota»; verdade apenas de fundo porque Os Manuscritos de Aspern repensam e dão dimensões nostálgicas, amargas e perversas ao caso verídico que determinou a sua génese e em conversas de salão pôde ser contado com os picantes de uma anedota.

A.F.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

«Convenci-me então de que seria mais cómodo apresentar-me como louco do que apresentar-me como jornalista.»


Com os Loucos

Albert Londres


Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes


ISBN: 978-989-8566-05-8
Preço: 9,43 euros | PVP: 10 euros

Formato: 12×16,6 cm (brochado, com badanas) / Número de páginas: 168

Embora eu não seja louco, pelo menos à vista, quis olhar para a vida dos loucos. E os serviços públicos franceses não ficaram satisfeitos. Disseram-me: «A lei de 38, segredo profissional, o senhor não vai olhar para a vida dos loucos.» Fui ter com ministros, e os ministros não quiseram ajudar-me. Um, no entanto, teve esta ideia: «Alguma coisa farei por si se alguma coisa fizer por mim: submeter à censura os seus artigos.» Pus-me longe dele, e ainda lá ando.
Fui ter com o prefeito do Sena. É um homem muito amável: «Graças a mim», diz ele, «visitará as cozinhas e a despensa.»
Como receei que também me levasse a ver as telhas da cobertura, fui-me embora.
Voltei-me para os médicos dos asilos.
Fulminaram-me:
— Acha que os nossos doentes são animais exóticos? — diz-me um deles.
Tinha-me tomado por um domador. E para isso ele bastava.
Convenci-me então de que seria mais cómodo apresentar-me como louco do que apresentar-me como jornalista. «Vou à enfermaria especial das prisões da Polícia», digo de mim para mim, «e não tenho dúvidas de que me internam lá!»



Albert Londres (1884-1932) era o jornalista intrépido, o jornalista «literário», aquele que fizera a França embaraçar-se com a sua Guiana, o seu Biribi, os seus asilos psiquiátricos. Vinte anos depois, o jornal anarquista Libertaire soube defini-lo com esta evidência: «Na sua carreira não isenta de quixotismo procurar-se-ia em vão uma reverência ao dinheiro, uma deferência para com os que governam ou financiam, a docilidade perante as ordens e as recomendações, a aceitação dos factos consumados e dos poderes estabelecidos, a fuga perante as responsabilidades.» A.F.