sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Jorge Pinheiro –– D’après Fibonacci e as coisas lá fora


Jorge Pinheiro –– D’après Fibonacci e as coisas lá fora
Jorge Pinheiro

Texto de João Miguel Fernandes Jorge
Uma Conversa Pedro Cabrita Reis-Jorge Pinheiro

ISBN: 978-989-8834-79-9

Edição: Setembro de 2017
Preço: 27,36 euros | PVP: 29 euros
Formato: 23 x 28 cm [brochado, a cores]
Número de páginas: 320

[co-edição com a Fundação de Serralves e com a Fundação Carmona e Costa]

Edição bilingue: português-inglês



Jorge Pinheiro: «É que nós julgamos saber muita coisa mas, muito socraticamente, só sabemos que nada sabemos.»


Publicado por ocasião das exposições paralelas e correlacionadas no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, e na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, este livro é testemunho das possibilidades estéticas do fazer e da criação inteligente ao longo de um período de 50 anos. As 90 obras sobre papel apresentadas na Fundação Carmona e Costa, que aqui surgem reproduzidas, foram seleccionadas pelo poeta, curador e crítico João Miguel Fernandes Jorge, em estreito diálogo com o artista. Já a selecção das 66 obras expostas em Serralves, que incluem pintura, desenho e escultura, foi feita pelo artista Pedro Cabrita Reis. 
[Maria da Graça Carmona e Costa e Suzanne Cotter]

PCR —Falarmos daquilo que ainda não sabemos bem é muito importante. Provavelmente isso virá a ajudar outros.
JP — De facto, nós não sabemos por que razões chegamos a determinadas coisas. Há tanto em jogo naquilo a que pomposamente se chama o acto de criação.
[Pedro Cabrita Reis-Jorge Pinheiro]

O meio-dia é a hora da sombra mais curta. Há pintores que transportam para a sua arte esse luzeiro mais vivo, em que o real aparece na sua plenitude. Creio que este poderá ser um dos aspectos dominantes dos desenhos [1969-2017] que Jorge Pinheiro reúne na Fundação Carmona e Costa, no Outono de 2017.
[João Miguel Fernandes Jorge]


Jorge Pinheiro nasceu em Coimbra no dia 7 de Outubro de 1931. Tem o Curso Superior de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes do Porto (1963). Fundou, com Ângelo de Sousa, José Rodrigues e Armando Alves, o grupo «Os Quatro Vintes», numa alusão irónica à marca de tabaco «Três Vintes» e às respectivas notas de final de Curso. Leccionou na ESBAP (1963-1976), na ESBAL (1976-1996) e na Universidade de Évora (1996-1998). Expõe regularmente desde 1954 e está representado em inúmeras colecções públicas e privadas. Vive e trabalha em São Pedro do Estoril.


Júlio Pomar e Pedro Cabrita Reis –– Das pequenas coisas



Júlio Pomar e Pedro Cabrita Reis –– Das pequenas coisas
Júlio Pomar, Pedro Cabrita Reis

Texto de Sara Antónia Matos

ISBN: 978-989-8834-80-5

Edição: Setembro de 2017
Preço: 18,87 euros | PVP: 20 euros
Formato: 17 x 21 cm (brochado, a cores)
Número de páginas: 224

[co-edição com o Atelier-Museu Júlio Pomar]

Edição bilingue: português-inglês



«Cada peça e cada objecto são memória e traduzem circunstâncias de companheirismo singulares, sinais de afecto, muita admiração e respeito, momentos singelos e simultaneamente magnânimos.»

A exposição Júlio Pomar e Cabrita Reis: Das pequenas coisas [1 de Junho-8 de Outubro de 2017] integra-se no programa de exposições do Atelier-Museu Júlio Pomar que, todos os anos, cruza a obra de Júlio Pomar com a de outros artistas, de modo a estabelecer novas relações entre a obra do pintor e a contemporaneidade.

Na exposição, Júlio Pomar e Cabrita Reis, através de objectos, esculturas e assemblages, exploram composições em materiais variados revelando que em pequenas coisas ou objectos podem estar contidos grandes gestos. Trata-se de usar pedaços ou fragmentos de materiais, quase sem intervenção dos artistas, como se as matérias-primas das obras fossem apropriadas pelos autores devido às associações que potenciam e, combinadas entre si, sem necessidade de modelação ou recurso a outro processo de trabalho escultórico. Desse modo, embora não haja propriamente modelação de matérias, o gesto artístico mostra-se nos actos mais elementares de seleccionar, compor e associar os materiais colhidos do contexto ou realidade circundante, dando-lhes nova vida e atribuindo-lhes sentidos. Assim, os artistas falam das pequenas coisas e de grandes gestos – os gestos artísticos, atribuição de significados às coisas mais simples – como se lhes fosse possível, através de um acto alquímico, transformar a pedra em ouro. É isso de facto que fazem ao apropriar-se de materiais encontrados na rua e ao transformá-los em obras de arte. Por isso, nesta exposição «a pequena coisa» apresenta-se como uma metáfora do grande feito, poder do demiurgo: o acto criativo. […]
No seu conjunto, através das obras, a exposição revela momentos da biografia de cada artista, da forma como olham à sua volta. Revela como pensam as coisas íntimas e pequenas que para cada um têm significado, mostrando que os pequenos acontecimentos na arte e na vida podem ser os mais importantes; e tornando patente que a força das obras não depende do tamanho, mas da intenção de cada gesto e de cada olhar. […]
[Sara Antónia Matos]

Oa Cavalos de Abdera I Leopoldo Lugones



Os Cavalos de Abdera –– E mais forças estranhas
Leopoldo Lugones

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

ISBN: 978-989-8833-06-8

Edição: Setembro de 2017
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 14,5 x 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 160


Jorge Luis Borges: «Toda a literatura é fantástica porque está cheia de
símbolos e sonhos.» Sentimos a comodidade desta indiferenciação quando
nos tentamos a não definir um género para os contos de Lugones.


Jorge Luis Borges, que o admirava, várias vezes o recordou; escolheu-o para a sua Biblioteca de Babel e depois da sua morte resumiu-o com muita eficiência: «Como o de Quevedo, como o de Joyce, como o de Claudel, o génio de Leopoldo Lugones é fundamentalmente verbal. Não há uma página do seu extenso labor que não possa ler-se em voz alta e não tenha sido escrita em voz alta. Períodos que noutros escritores resultariam ostensivos e artificiais, correspondem nele à plenitude e às amplas evoluções da sua natural entoação. […]
Leopoldo Lugones era director da Biblioteca Nacional de Maestros, presidente da Sociedade Argentina de Escritores, e em 1926 […] tinha recebido o Prémio Nacional de Literatura. Mas, indiferente a estes prestígios, recolhia-se numa solidão apenas enfeitada pela sua obra poética (Lunario Sentimental continua inapagável referência para os estudiosos da poesia argentina), por escritos em prosa onde existem ensaios, uma única novela intitulada El Ángel de la Sombra (1926) e contos que chegam a cento e trinta e um, seleccionados por ele próprio para formar La Guerra Gaucha (1905), Las Fuerzas Extrañas (1906), Cuentos (1916) e Cuentos Fatales (1924), ou conviverem com poemas em Lunario Sentimental (1909) e Filosofícula (1924). [Aníbal Fernandes]

Escritor argentino, Leopoldo Lugones nasceu no dia 13 de Junho de 1874, em Villa de María del Río Seco, e morreu no dia 18 de Fevereiro de 1938, em Tigre. Escreveu e publicou poesia, ensaio, novela e contos. No dia em que se suicidou, com uma mistura de cianeto e uísque, deixou uma carta de onde se destacam estas palavras: «Peço que me enterrem na terra sem caixão, sem nome que me recorde; proíbo que o meu nome seja atribuído a um qualquer lugar público; não culpo ninguém de nada; sou o único responsável por todos os meus actos.» Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Sociedade Argentina de Escritores (1928-1932). Numa homenagem a Leopoldo Lugones, o Dia do Escritor, na Argentina, é assinalado no dia 13 de Junho.





Livros Documenta I Sistema Solar - Setembro de 2017

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1 novidade e 1 reimpressão Sistema Solar + 2 novidades Documenta. 

Marque encontro com os nossos livros na sua livraria habitual e em
www.sistemasolar.pt

sábado, 16 de setembro de 2017

Últimas pedaladas na Feira do Livro do Porto 2017

Livraria Flâneur, Feira do Livro do Porto 2017. Fotografia de Mário Brandão

Hoje e amanhã, ainda pode marcar encontro com os nossos livros na 

Avenida das Tílias, Jardins do Palácio de Cristal, Porto.
Pavilhões 106-107 sábado, das 11 às 23h; domingo, das 11 às 21h30

sábado, 9 de setembro de 2017

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Cada livraria é um ponto de encontro com os leitores.




Uma iniciativa aberta a todos os livreiros e leitores que queiram participar


Fotografe-se ou faça-se fotografar na sua livraria ou numa livraria à sua escolha:

a) – com um livro Sistema Solar;
b) – com um livro Documenta;
c) – com leitor(es) e os nossos livros ou com livreiro(s) e os nossos livros.

Envie essas fotos para comunicacao(arroba)sistemasolar.pt ou através de mensagem via facebook (juntar legenda e nome da livraria com contactos e ligações). 

Publicaremos as fotos e os dados das livrarias aqui no blogue e na página da Sistema Solar no facebook.

Cada livraria é um ponto de encontro com os leitores. 

Marcamos encontro? Olha o passarinho. Já está! 


Sistema Solar, Crl. Rua Passos Manuel, 67 B, 1150-258 Lisboa


Foto: montagem a partir de fotografias dos livreiros Cátia Monteiro e Arnaldo Vila Pouca, da Livraria Flâneur (Porto), e da capa do livro Os Manuscritos de Aspern, de Henry James, Sistema, Solar, 2012.

«Reler e pensar a poética de Manuel António Pina», por Maria João Cantinho



Nesta tarefa de alto risco mergulha Rita Basílio, ao abordar a obra poética de Manuel António Pina, oferecendo aos seus leitores um livro que resulta da edição da sua tese de doutoramento, prefaciado pelo filósofo Sousa Dias. Guiada pela proposta de «ler uma pedagogia do literário em Todas as Palavras, de Manuel António Pina, procura aceder aos temas nucleares que, de acordo com a autora, se apresentam na sua poesia, como os da morte, da infância, da língua e da memória. No entanto, a ensaísta revela um conhecimento aprofundado de toda a sua obra, procurando iluminar a sua tese a partir de contaminações de outros textos, em particular o ensaio de MAP, «Ler e Escrever» [1], texto que é tomado como «testemunha da sua própria reflexão sobre o processo de criação» (p. 25), e donde a autora retira essencialmente as premissas para a sua tese da «pedagogia do literário». Do que é que se fala afinal quando se fala de literatura, é justamente a questão que conduz Rita Basílio  —  e nos conduz pela sua mão segura  —  nesta travessia pelo universo poético de MAP.


Ciente de que ao poeta não interessam as grandes correntes literárias, nem os seus conceitos e técnicas maiores, a autora tenta, a partir dos dispositivos e instrumentos analíticos de que dispõe, sulcar outros caminhos, sobretudo a partir do conceito deleuziano de «literatura menor», aludindo aqui, em particular, a uma poética que se faz de forma «extravagante» (p. 15), no sentido em que se demarcou (à época do seu surgimento) e se demarca daquilo a que Deleuze se referiu como uma «axiomática dominante» (a poesia dos anos 70), isto é, «face a alguns lugares literários — excessivamente territorializados pela crítica nacional» (p. 15). Serve-lhe então o conceito deleuziano para estabelecer desde logo uma leitura crítica que procura desembaraçar a poética do autor das suas equívocas leituras. É no primeiro capítulo, intitulado «Uma Entrada pelo Lado de Fora», que aborda as reacções e leituras críticas sobre a sua poesia, em particular no período entre 1974 e 1989. Justifica essa passagem do seu ensaio pela necessidade de compreender a «extravagância» de MAP e o modo como poucos foram os críticos que se revelaram capazes de sair da sua visão familiar e acolher «a inesperada perspectiva de forasteiro que MAP dava desde logo a conhecer.» (p. 15). A sua proposta de releitura parte também da refutação de algumas leituras, como, por exemplo, a de Inês Fonseca Santos, autora do primeiro estudo sistemático sobre o autor, intitulado A Poesia de Manuel António Pina. O Encontro do Escritor com o seu Silêncio, ou ainda de críticos que estiveram ligados à recepção da sua poesia. A integração da obra de MAP no quadro da pós-modernidade, como o fazem alguns, é insuficiente para categorizar a produção poética de MAP, revelando-se, neste sentido, redutora, naquilo que a própria categorização arrasta consigo.


Se a escrita poética era, para MAP, uma experiência que se revia numa «espécie de desejo de falar», de que ele próprio falava, em «Ler e Escrever» (p.39), corroborando uma injunção de T.S.Eliot (p. 268), Rita Basílio quer dar conta do que é esse «falar» que, na óptica do poeta, resulta numa leitura activa ou gesto poiético que é «solicitado a dar resposta» ao que não é, ou que não se deixa formular, esse «monstruoso vazio» que o assombra, em busca da sua expressão ou de uma qualquer forma na língua. Se aludimos aqui a uma procura, a uma tentativa de se transformar, pelo poema, numa presentificação do indizível, então essa é também a experiência do «Testemunho», que a autora reconhece na sua obra Todas as Palavras. Todavia, essa é também a experiência de uma «aprendizagem do incerto», para parafrasear a expressão de Silvina Rodrigues Lopes, referindo-se Rita Basílio a uma aprendizagem da passagem, que encontra na alegoria um modo de expressão privilegiado, como o justifica de forma extensa no capítulo IV, que dedica à alegoria, convocando para este encontro a distinção benjaminiana entre símbolo e alegoria.

Não é apenas a experiência da fragmentação que se encontra aqui presente, mas essencialmente aquilo que a autora caracteriza como o «drama da escrita de MAP» (p. 99), que «começa precisamente por ser o drama de um excesso que exibe uma falta: o excesso de fala, o excesso de significação (pela recorrência constante à citação), o excesso de memória, de anterioridade e, sobretudo, o excesso de consciência da impossibilidade de esquecer tudo isto» (Idem). Duplo e simultâneo, dilacerado acto de memória e de esquecimento, a poesia de MAP conforma essa experiência da falta, a do próprio rasto. É justamente nessa poética que se inscreve o gesto, chamemos-lhe assim, da pedagogia do literário, como leitura activa, leitura por escrito de tudo o que é, foi e será lido no e pelo poema.

Mais do que gesto, a recorrência constante à citação, em MAP, é um acto de leitura. Não é apenas o reconhecimento das marcas que Borges deixou na sua poética que se faz visível, como no extraordinário poema «Emet» (, em que MAP nos diz que a Literatura «é uma arte/escura de ladrões que roubam a ladrões», mas é também esse enigmático processo alegórico que aqui se apresenta, como recomposição/reconfiguração do poema a partir de citações, tal como o colecionador de Walter Benjamin dispõe os seus objectos avulsos, «roubados» ou extraídos, numa nova ordem de significado. Por outro lado, o espaço do poema é também o «insondável lugar que os fantasmas habitam» (p. 275). E do que falará a literatura senão desse espaço fantasmático, a que o poeta, atento às vozes dos mortos, se obriga à escuta? E doravante, certamente, não será possível ler e compreender a obra de Manuel António Pina sem este estudo referencial, atento e rigoroso que lança novas pistas de investigação, que ampliam muito o que até então havia sido feito.

[1] In Revista Portuguesa de Psicanálise, nº 18, Março de 1999.

Texto publicado no JL, com pequenas alterações/correcções.