terça-feira, 27 de setembro de 2022

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Apresentação de «Desenvolvimento Sustentável»

 

MUDANÇA DE LOCAL: IIFA – Instituto de Investigação e Formação Avançada, no Palácio do Vimioso, a 100 metros da Biblioteca Pública de Évora.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Apresentação do livro «Fronteira líquida - Até já fui a Cacilhas», de Maria José Oliveira

 

Ser ou não Ser: Três Histórias – Sarrasine, Pierre Grassou, O Coronel Chabert


Ser ou não Ser: Três Histórias – Sarrasine, Pierre Grassou, O Coronel Chabert
Honoré de Balzac


Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

ISBN 978-989-568-022-1 | EAN 9789895680221

Edição: Agosto de 2022
Preço: 15,09 euros | PVP: 16 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 200


Eis a questão. 


Sarrasine começa por intrigar-nos com um morto-vivo decrépito que assombra os salões parisienses do palácio de Lanty; intriga-nos ainda com a acidental visão de um Adónis pintado por Vien; e transporta-nos depois para a Itália-vaticana, onde nada parece relacionar-se com as surpresas que enfeitaram a primeira parte desta história. Mas o morto-vivo prolonga afinal uma radiosa juventude equívoca; e ficaremos a saber como ela perturbou, nas suas oscilações de ser-ou-não-ser, o escultor Sarrasine.
[…]
O ser-ou-não-ser de Pierre Grassou vive de um outro tipo de equívoco: a eficácia plagiadora de um pintor quetem como seu cliente de eleição a burguesia. Grassou, que chegou por disciplina e persistência a mostrar-se com um domínio formal assinalável, por falta de talento criador instituiu-se como rei do plágio — mina de ouro para um vendedor de arte intrujão e sem escrúpulos. Grassou é também pretexto para Balzac denunciar os mecanismos que forjam a fama imerecida, fruto da cultura-inculta de uma burguesia com possibilidades materiais para fazê-la sobrepor-se às que seria justo vingarem através de uma sólida lucidez crítica.
[…]
Quanto ao coronel Chabert, em 1882 contou pela primeira vez a sua história; chamou-lhe «La Transaction», e a revista L’Artiste revelou-a em quatro dos seus números numa versão menos extensa; e nesse mesmo ano também surgiu integrada em Salmigondis, Contes de Toutes les Couleurs, com o título «Le Comte Chabert».
[…]
O texto que serviu de base a esta tradução é o de 1835, corrigido por Jean-A. Ducourneau, mais conceituado por coleccionar as melhores formas literárias das várias versões conhecidas, resultantes dos cortes e das alterações que Balzac fez para as encaixar no espaço disponível dos volumes onde foram sucessivamente publicadas.
Sobre esta história paira a sombra do advogado Derville, o que procura resolver a situação jurídica do velho militar e é personagem noutras ficções de Balzac, quando lhe é necessário recorrer a um «advogado honesto». 
[Aníbal Fernandes]

Babilónia


Babilónia
René Crevel


Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

ISBN 978-989-568-045-0 | EAN 9789895680450

Edição: Agosto de 2022
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 160


O melhor romance do surrealismo francês?
Um admirável exercício de humor.



O seu primeiro romance Détours (N.R.F., 1924), uma obra, um retrato (esgotado), era um passeio preliminar onde os críticos e em particular Benjamin Crémieux, Edmond Jaloux, Albert Thibaudet, reconheceram atitudes, passeatas e raivas características do jovem actual. O Meu Corpo e Eu (1925), romance com um herói que traz dentro de si todas as suas aventuras e onde os gestos, as personagens não são mais do que pretextos, é um panorama interior. 
A seguir foi a vez dos romances A Morte Difícil (1926) e no ano seguinte Babilónia, aquele que Crevel escreveu ligando-o com mais intensidade à estética literária surrealista; o melhor dos três melhores romances do surrealismo francês — nomeiem- -se aqui Hebdomeros de Chirico, A Liberdade ou o Amor de Robert Desnos e este Babilónia, com uma história contável dentro de parâmetros realistas, embora a deslizar em muitas das suas páginas para um discurso poético de intensa surrealidade.
[…]
René Crevel, o rebelde romancista do Surrealismo francês, regressa uma vez mais às suas obsessões de solidão e morte; persiste numa das suas denúncias preferidas, a da família orquestrada pela moral e por casamentos de burguesa virtude. A Menina, que se acha com direito a ver o mundo através de uma versão individual, dominada pela liberdade de ser e pensamento, começa a fazer-se mulher. E sente, com nitidez cada vez maior, que o seu pai, a sua prima Cynthia, a sua avó, a negrinha do Senegal, são todos invencivelmente dominados pelo desejo, todos ressuscitam o Vento soprado pelas licenças de uma velha Babilónia. Ela; o seu avô-psiquiatra só capaz de perceber os actos humanos quese adaptam à sua matriz,e que a todos os outros chama actos-cogumelos; a sua mãe que se sujeita, por falta de vento, a acompanhar um marido anão na sua propaganda evangélica, não ressuscitam o Vento. Mas esta consciência de não conseguir entregar-se aos Ventos da vida, perturba-a; ao não se ver capacitada para ressuscitar o seu Vento, foge do mundo pela indiferença e pelo medo. O final da história é melancólico: Terra insensível, terra vazia, Babilónia; depois dos gritos, das mordidas, é o grande silêncio. No mar, um dique continua este chão carnal, este grande corpo de continente que a insolação diviniza.
Uma mulher, uma cidade lutam, por indiferença.
[Aníbal Fernandes]

Correspondência Fernando Lemos e Jorge de Sena


Correspondência Fernando Lemos e Jorge de Sena
Fernando Lemos, Jorge de Sena

Apresentação de Perfecto E. Cuadrado 
Transcrição de Isabel de Sena
Edição, notas, índices de Rui Moreira Leite e Isabel de Sena
Fotografias de Fernando Lemos

ISBN 978-989-568-034-4 | EAN 9789895680344

Edição: Setembro de 2022
Preço: 24,53 euros | PVP: 26 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 376 (32 pp. a cores)

Em co-edição com a Fundação Cupertino de Miranda



Perfecto E. Cuadrado: «Um instrumento fundamental para o conhecimento de Jorge de Sena, de Fernando Lemos, de Mécia de Sena, presente em referências e também autora de algumas cartas significativas, de importantes protagonistas dos exílios portugueses da época salazarista e anos imediatamente posteriores, e da situação da arte e da literatura no Brasil e no Portugal desse tempo, isto é, do nosso tempo… por muito tempo ainda.» 



«É verdade mesmo. E agora? 
Nobre povo, nação valente! 
Infelizmente não posso ir lá tão depressa. Estou, além do mais, num cansaço interior muito estranho. A gente, derepente, ter que acreditar de novo na nossa gente! […] 
Dá-me um abraço, nós precisamos fazer força e ficar orgulhosos. Aconteça agora o que acontecer, o troço é irreversível.» 
Fernando Lemos, 3 de Maio de 1974 

«De repente, veio a notícia de novo golpe, e triunfante. E, logo depois, as notícias (e os jornais não deixam lugar a dúvidas) de que o golpe é realmente, em marcha, a revolução que sempre desejámos. Isto devia dar-me uma alegria imensa. 
[…]
Dá-me igualmente a sensação de que, na verdade, o nosso sacrifício foi ainda pior do que tão amargamente nos pesava, e é feito de um “exílio” que, agora, vai ainda ser mais duro por parecer injustificado. Não é tanto o ter de acreditar na nossa gente que renasce (no fundo nunca deixámos de acreditar), como o sentirmos que, no momento da liberdade, nós somos restos mortais de outro tempo que já não é este. E isto dói como o diabo.» 
Jorge de Sena, 9 de Maio de 1974

Somos Todos Famosos – Pop Hollywood Warhol Stars


Somos Todos Famosos – Pop Hollywood Warhol Stars
Alexandre Melo


ISBN 978-989-568-023-8 | EAN 9789895680238

Edição: Agosto de 2022
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 152


No princípio era o cinema. Numa sala escura, uma máquina de projecção começa a trabalhar e faz-se luz. Uma nova realidade da qual eu, cada um de nós, pode ter uma experiência pessoal, singular, única.



Segundo a hipótese que pretendemos formular, o cinema — e em grande medida as imagens, práticas e mitos que Hollywood desencadeou e ainda hoje alimenta — constitui um modelo definidor da especificidade cultural do século XX, através da conjugação entre a singularidade de uma experiência pessoal, que suscita, e a dimensão genérica ou universal, que possui. 
[…]
O início do século XX ficou marcado pelo brilho intenso das estrelas de Hollywood, cuja capacidade de atracção — assente numa permanente tensão entre proximidade e distância, único e comum — determinou o modo como pensamos a identidade.
Contudo, as próprias condições que haviam possibilitado o star-system acabariam por ditar a sua transformação e metamorfose, com um tendencial desaparecimento do modelo clássico tradicional. Os retratos de celebridades, as pinturas de objectos quotidianos ou os filmes de Andy Warhol dão conta de um princípio deequivalência generalizada, associado à cultura de massas, o qual implicou uma indiferenciação entre o excepcional e o banal.
Estava aberto o caminho para uma nova forma de vedetariado (o vedetariado de massas onde qualquer um pode ser uma estrela) e para uma outra tipologia da subjectividade (nem específica nem genérica, mas resultante de um processo de design). Em simultâneo, o lugar da antiga estrela de cinema foi sendo ocupado pelo futebolista-star cuja capacidade de atracção planetária vai muito para além das suas capacidades performativas em sentido estrito. E no entanto, apesar de todas estas transformações — ou, sobretudo, através delas —, continuamos a precisar do brilho das estrelas — e possivelmente continuamos a aspirar a ser uma estrela — porque essa é uma das matérias de que é feito o nosso imaginário e é através deste que moldamos a nossa identidade e as nossas relações com as condições reais de existência.
[Alexandre Melo]

Desenvolvimento Sustentável – Verdade e Consequências


Desenvolvimento Sustentável – Verdade e Consequências
Alfredo M. Pereira, Cristina Conceição, Elsa Lamy, Fernando Capela e Silva, João Manuel Bernardo, José M. Belbute, José Manuel Martins, Manuel Collares-Pereira, Manuela Vilhena, Margarida Simões, Maria Ilhéu, Maria Raquel Lucas, Mariana Valente, Miguel Rocha de Sousa 

Coordenação e apresentação de Manuel Collares-Pereira
Prefácio de Viriato Soromenho-Marques

ISBN 978-989-8833-86-0 | EAN 9789898833860

Edição: Julho de 2022
Preço: 18,87 euros | PVP: 20 euros
Formato: 16 × 22 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 376



Viriato Soromenho-Marques: «Se não formos capazes de mudar o actual modo de habitar a Terra, crescendo como cidadãos e dominando as pulsões do consumismo desmesurado, será o próprio colapso a encarregar-se de restaurar o equilíbrio destruído. Nessa altura será demasiado tarde para arrependimentos.» 



Um grupo de professores e investigadores da Universidade de Évora, sob a coordenação de Manuel Collares-Pereira, decidiu juntar esforços para pensar o maior problema do nosso tempo. Diria mesmo, a questão magna da história humana: saber se a humanidade é capaz de travar, primeiro, e reformar, depois, o seu actual modelo entrópico de habitação da Terra. Os autores abordam, na pluralidade das suas formações académicas e visões do mundo, a verdadeira constelação de problemas, paradoxos e equívocos que surgem em torno da procura de alternativas ao nosso presente modelo de civilização, dominado por uma economia globalizada de crescimento, insistentemente designada como «economia de mercado». Não é um engano inocente, pois, na verdade, o mercado é uma realidade económica multimilenar, coincidente com a história humana, como as longas rotas mercantis muito anteriores às grandes civilizações fluviais e talassocráticas o provam. Aquilo que deparamos como obstáculo à nossa sobrevivência num planeta habitável é a rota suicidária de uma economia de crescimento exponencial, que atrelou à sua insaciável voracidade não apenas o mercado, mas os ecossistemas planetários e a sociedade no seu conjunto.
[Viriato Soromenho-Marques]

As nossas contribuições para este livro não foram organizadas entre si, nem aparecem numa ordem predefinida. Cada uma contribui para a pintura de um quadro de preocupações e de atitudes, aqui e ali esboçando possíveis saídas e caminhos a percorrer.
É como uma pintura impressionista, com os seus matizes e cores, que trazemos das nossas especialidades, da Energia e da Física até áreas tão diversas como são a Educação, a Saúde, a Biologia, a Economia, a Ecologia, a Filosofia, a Sociologia… 
[Manuel Collares-Pereira]

Trabalhos da Devesa


Trabalhos da Devesa
Edgar Massul

Textos de Marcel Duchamp, Raquel Guerra e Edgar Massul
Traduções de Rui Cascais Parada
Fotografias de Inês d’Orey e Edgar Massul

ISBN 978-989-568-035-1 | EAN 9789895680351

Edição: Setembro de 2022
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado)
Número de páginas: 96 (a cores) 

Co-edição com Cão Danado 

Edição bilingue: português-inglês

Marcel Duchamp: «Ao fim e ao cabo, o acto criativo não é desempenhado apenas pelo artista; o espectador põe a obra em contacto com o mundo exterior ao decifrar e interpretar as suas qualidades internas, acrescentando, assim, a sua contribuição ao acto criativo. Isto torna-se ainda mais óbvio quando a posteridade estabelece o seu veredicto final e, por vezes, reabilita artistas esquecidos.»


Projecto desenvolvido para o Germinal 2019 do Cão Danado no Parque da Devesa em Vila Nova de Famalicão.




Em relação a essas questões da arte pública lamento, mas não me preocupam; se o evento estivesse a ser pensado para o centro urbano a minha resposta seria similar. 
Entendo estas intervenções como site-specific art temporárias, onde os processos e as experiências estão defendidos por si, sobretudo pela natureza efémera das matérias usadas. De uma forma geral, os meus trabalhos usam quase sempre elementos da natureza, tenho muito interesse no imperfeito, impermanente e incompleto que uma floresta nos oferece, por exemplo.
Nas caminhadas que faço pelas serras encontro com regularidade soluções para determinados trabalhos, um tronco ou uma pedra, uma linha de água, etc.
[…]
Gosto deste fluxo que aparece como natureza e depois é transformado e nos reaparece como arte e é devolvido novamente à natureza…
[…]
Em alguns dos meus trabalhos, é preciso que as matérias envelheçam, ou seja, admitir quetêm uma vida própria, sobretudo se ficarem no exterior ou em contacto com diferentes temperaturas, humidades, etc. Por exemplo, eu já tive objectos que deixei, durante dois ou três anos, num rio. Depois fui buscá-los, portanto temos uma alteração do objecto inicial, uma adulteração da matéria, percebes? Há todas essas coisas que me interessam. 
[Edgar Massul]

Anda, Diana — Diário Ficcional


Anda, Diana — Diário Ficcional
Diana Niepce

Design de Horácio Frutuoso

ISBN 978-989-9006-76-8 | EAN 9789899006768

Edição: 1.ª edição em Abril de 2021; 2.ª edição em Julho de 2022
Preço: 15,09 euros | PVP: 16 euros
Formato: 17 × 24 cm (brochado)
Número de páginas: 216

Com o Teatro Praga (colecção «Série»)


Na casa da janela partida, tiro a terra das meias e das botas.
Alguém entra no andar de cima.
Faço silêncio.
À mesa recordo a conversa com todos os que morreram. 
Acordo. 




Cambalhota, queda para trás, gancho de pés na corda. Os pés falham as cordase as pontas dos dedos das mãos amparam a queda. A cabeça recolhe, a cervical bate no colchão, ouço o barulho de ossos a partir. O corpo desliga. O corpo levita. As pernas flutuam, os braços mexem e eu não sinto nada. 
Estou a arder. Doem-me os ombros. Sinto as clavículas coladas ao pescoço e as articulações em curto-circuito. Queimam-me. 

Diana Niepce (1985)é bailarina, coreógrafa eescritora. Formou-se na Escola Superior de Dança (Lisboa), fez Erasmus naTeatterikorkeakoulun (Helsínquia), uma pós-graduação em Artee Comunicação na Universidade Nova de Lisboa, completou a formação CGPAE do Forum Dança e é também professora habilitada de hatha yoga. 
É criadora da peça de circo contemporâneo Forgotten Fog (2015) e das peças de dança Raw a Nude (2019), 12 979 Dias (2019), Dueto (2020) e Duetos (2020). Enquanto bailarina e performer colaborou com o Bal Moderne| Rosas, Felix Ruckert, Willi Dorner, AntonioTagliarini, Daria Deflorian, La Fura dels Baus, May Joseph, Sofia Varino, Miira Sippola, Jérôme Bel, Ana Borralho e João Galante, Ana Rita Barata e Pedro Sena Nunes, Mariana Tengner Barros, Rui Catalão, Rafael Alvarez, Adam Benjamin, Diana de Sousa e Justyna Wielgus. Fez direcção artística e foi docente na Formação de Introdução às Artes Performativas para Artistas com Deficiência na Biblioteca de Marvila — CML (2020). 
Publicou um artigo no livro Anne Teresa de Keersmaeker em Lisboa (ed. EGEAC / INCM), o conto infantil Bayadère (ed. CNB), o poema «2014» na revista Flanzine e o artigo «Experimentar o corpo» no jornal de artes performativas Coreia. Foi jurada do prémio Acesso Cultura 2018 e do Festival InShadow 2018.

Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau


Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau
Joacine Katar Moreira 

Prefácio de Pedro Vasconcelos
Design de Horácio Frutuoso

ISBN 978-989-9006-31-7 | EAN 9789899006317

Edição: 1.ª edição em Abril de 2020; 2.ª edição em Julho de 2022
Preço: 15,09 euros | PVP: 16 euros
Formato: 17 × 24 cm (brochado)
Número de páginas: 216

Com o Teatro Praga (colecção «Sequência»)


«A cultura di matchundadi tem sido o motor da vida política guineense e sem a exacerbação e a institucionalização desta forma de masculinidade hegemónica, o sumo que tem regado a política guineense desapareceria. Entre tramas, traições, mortes, destituições, eleições, nomeações, transições políticas e golpes de Estado.» 
[Joacine Katar Moreira]




Indispensável. Numa palavra seria esta a qualificação do livro de Joacine Katar Moreira que aqui se apresenta. E indispensável por múltiplas razões: porque permitirá à leitora e ao leitor aprender tanto como aprendi eu sobre a história contemporânea da Guiné-Bissau; porque desenvolve uma análise fina e sofisticada de como essa história foi e é, também, organizada por um dos processos primordiais de todas as sociedades humanas – o género; porque aponta claramente um dos elementos centrais, até aqui oculto de toda e qualquer análise sobre a realidade guineense, geradores da instabilidade e violência dos processos sociopolíticos da Guiné-Bissau – as formas de (hiper)masculinidade hegemónica que monopolizam a competição pelo poder estatal. 
[Pedro Vasconcelos] 

A cultura di matchundadi, hipermasculina, move-se dentro das estruturas do Estado, procurando fazer da matchundadi endémica uma matchundadi sistémica. Ou seja, procura institucionalizar um modus operandie uma visão do mundo na qual impera a lei do mais forte, do mais poderoso e sobretudo do mais violento, ao mesmo tempo que esta hipermasculinidade traduz as características associadas aos homens e às masculinidades, tais como a redistribuição dos recursos, a protecção (e enriquecimento) do seu clã e a ameaça permanente aos adversários políticos. Assim, a cultura di matchundadié altamente performativa mas com consequências que colidem com o ambiente democrático e a paz social, pois vive do mimetismo político e assenta no confronto constante, na demonstração de força de uns sobre outros.
[Joacine Katar Moreira]