sábado, 29 de dezembro de 2012

«O mundo segundo Cézanne», por Nuno Crespo


Dois textos notáveis - na redescoberta de uma das mais fascinantes figuras da pintura moderna como na afirmação da arte enquanto estrutura essencial do mundo

Élie Faure (1873-1937) e Joachim Gasquet (1873-1921) são dois escritores pouco ou nada conhecidos em Portugal - representantes da mesma geração, não têm uma obra conjunta, nem uma afinidade de estilo. O primeiro era médico, o segundo poeta. Une-os a vontade de compreender as grandes construções de inteligibilidade do mundo que se materializaram na arte e, no caso da presente edição, a admiração por Paul Cézanne. Não são dois textos apologéticos, mas dois olhares de alcance profundo sobre o pintor, onde se descobre que cada obra, longe de representar o acontecimento retiniano, pictórico e cromático do mundo, se revela um abismo face ao qual a pintura surge como gesto de exploração do profundo presente na superfície.
Ambos os textos são atravessados pela inquietação que irradia dos retratos, das naturezas mortas e das paisagens de Cézanne, e pela admiração pelo génio do pintor, pelo modo como sempre esteve inteiro a cada nova pintura, repudiando escolas, fórmulas ou atalhos. O Cézanne que surge nestas páginas é um pintor destemido e animado pela bravura daqueles que não temem ter de enfrentar a cada obra o desconhecido e começar de novo.
O texto de Faure desenvolve-se entre o registo biográfico e a análise do modo como são articulados naquela obra níveis diferentes de sensibilidade, intuições, cores, espaços. Trata-se de um retrato em que o mais importante é a indiscernibilidade entre artista e a sua obra: “Desde há muito os habitantes de Aix se tinham posto de acordo a seu respeito: o senhor Cézanne era louco (...). Um nariz roxo, pálpebras caídas, vermelhas e lacrimejantes, o lábio inferior saliente, faziam-lhe o rosto menos marcial. Vestia como um burguês: fato preto, calças um pouco enrodilhadas, chapéu de feltro no Inverno, chapéu de palha no Verão. Muitas vezes com bolsa de caça a tiracolo” (p. 15). Umas linhas à frente, acrescenta como conclusão deste esboço: “Era um velho selvagem, cândido, irascível e bom” (p. 17).
Esta abertura não revela o cuidado com que Faure nos faz descobrir as tensões vividas por Cézanne e o seu sentimento de desenquadramento relativamente aos seus contemporâneos. A sua curta estadia em Paris, onde conviveu com Delacroix, Courbet ou Manet, permitiu-lhe perceber que não lhe interessava a conversa sobre a arte, sobre as obras, sobre o método, mas sim o contacto com as diferentes coisas que alimentam o espírito e olhar do pintor. Em Paris “declarava-se geralmente que a pintura estava muito simplesmente para nascer; que em breve a ciência permitiria a criação de um método verdadeiro; que o velho esforço dos homens tinha sido manchado por erros místicos, e os tempos conscientes estavam para chegar (...). Ainda assim, quando os versos de Virgílio ou de Racine lhe subiam aos lábios, quando fugia bruscamente do grupo entusiasta onde o seu silêncio escavava desde há momentos um buraco, era para correr até à grande galeria do Louvre e deambular lá até à noite, dizendo de si para si que havia ali outra coisa, que antes destes homens outros tinham existido a dar à sua alma uma forma sensível que parecia incapaz de morrer” (pp. 23-24).
O “absolutismo positivista” dos seus amigos forçava-o a abrir o coração à exploração interior e, por isso, fugiu de Paris e regressou a sua terra natal, onde, como escreveu, esteve empenhado em “fazer do Impressionismo qualquer coisa tão sólida e perdurável como a arte dos museus”. Uma declaração a que Faure acrescenta: é através disto que devemos definir a sua obra, porque ela não se descreve (...). É um ensaio primitivo sobre a arquitectura geral e permanente da terra, um seu pedaço transportado com profundos alicerces para a moldura de um quadro” (pp. 24-25).
Esta ideia do ensaio primitivo não revela um estilo, mas indica a necessidade de permanente contacto com o mais profundo e próprio da pintura. Cada obra, em vez de uma paisagem ou de um retrato, era antes, sempre, uma direcção do espírito. É isto que permite a Faure dizer que Cézanne levava “dentro dele o soberbo esboço de um mundo onde cada quadro só era uma etapa que ele atingia esgotado, e abandonava porém de imediato, desta vez com a certeza de o repouso estar na etapa seguinte, e a cada nova decepção ganhando a energia para chegar mais longe. Nunca houve desdém mais magnífico pela obra feita” (p. 39).
Um aspecto essêncial deste texto, entre os muitos possíveis de enumerar dada a sua intensidade, é o modo como nele é destituída a questão da mestria, do bem desenhar. Se, por um lado, o pintor Cézanne estava todo na tela, no desenho, na cor, por outro o elemento decisivo não se localizava nesse fazer da pintura. Diz Faure: “Não se desenha bem ou mal, não se escreve bem ou mal. Quando se desenha, quando se escreve, diz-se qualquer coisa ou não se diz nada, repete-se sem emoção palavras que outros pronunciaram a tremer ardentemente, ou vão procurar-se na forma e no espírito misturados das coisas alguns caracteres novos que em nós farão agitar sensações, tanto mais fortes quanto melhor corresponderem às fontes desconhecidas que a evolução incessante do mundo todos os dias abre nos cérebros aventurosos” (p. 46).
Neste contexto, as palavras de Cézanne são um necessário e importante complemento do modo como Faure lê a sua obra e o seu espírito - e, justamente, o texto de Gasquet, O que ele me disse (que foi o ponto de partida para Cézanne, filme de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet), recria três conversas imaginárias, extraídas, diz o autor, “de uma centena que [teve] realmente com ele nos campos, no Louvre e no seu estúdio: “Juntei tudo o que pude recolher e o que pude recordar das suas ideias sobre a pintura” (p. 61). Existem várias passagens impressionantes e reveladoras do modo como o pintor via e sentia a paisagem, sobre os apelos da natureza à arte e sobre o modo como o artista deve manter a sua vontade em silêncio. Ele é a consciência subjectiva da paisagem e a tela a sua consciência objectiva: “A minha tela, a paisagem, ambas exteriores a mim mas uma caótica, fugidia, confusa, sem vida lógica, fora de toda a razão; a outra permanente, sensível, categorizada, a participar na modalidade, no drama das ideias... na sua individualidade” (pp. 64-65).
Através destas conversas, descobre-se um pintor abandonado à lógica colorida do mundo e nunca à lógica racional do cérebro (p. 78), porque para Cézanne os olhos são o lugar do pensamento. Uma elaboração metafísica e especulativa da pintura que não destitui Cézanne do seu ser pintor: “Ali, à frente dos meus tubos, dos meus pincéis, não passo de um pintor, do último dos pintores, de uma criança. Transpiro coração e sangue. Já não sei nada. Pinto” (p. 89).
São dois textos notáveis não só pelo modo como apresentam e descobrem Cézanne, mas como através de e com esse pintor constroem um mundo. E nesse mundo a pintura, que pode servir de metáfora para toda a arte, não é uma questão lírica, ornamental, excessiva, mas o movimento necessário de ordenamento das sensações, da experiência, do pensamento. A esta luz, a obra de arte é a estrutura essêncial do mundo ou, como afirma Cézanne, a forma sensível da alma humana. 

Nuno Crespo,
«Ípsilon» / Público, 14-XII-2012

«Escolhas», de José Guardado Moreira



«Em tempos de crise, saúda-se o aparecimento de uma nova editora, a Sistema Solar.»

José Guardado Moreira, «Actual»/Expresso, 29-XII.2012

«Escolhas», de Ana Cristina Leonardo


«Que a Sistema Solar e o Aníbal Fernandes nos sirvam de consolo.»

Ana Cristina Leonardo, «Actual»/Expresso, 29-XII-2012

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

«Un Certain Malaise», de Rodrigo Amado




Un Certain Malaise
Rodrigo Amado

Texto | Text
Gonçalo M. Tavares

bilingue (português | inglês).

ISBN 978-989-8618-03-0 | PVP 35 €


Desta edição única foram impressos 500 exemplares, numerados e assinados pelo autor.


«Escrevo o poema — linha após linha, em redor de um pesadelo do desejo, um movimento da treva, e o brilho sombrio da minha vida parece ganhar uma unidade onde tudo se confirma: o tempo e as coisas.»

Herberto Helder, Os Passos em Volta.



«
Embora registando espaços interiores, exteriores ou abrindo-se ainda a elementos fragmentares de uma natureza fragilizada pela mão do homem, embora fixando lugares distantes e distintos na geografia política e cultural da Europa, embora descobrindo corpos diferentes entre si (mas todos em trânsito entre um mundo de sombras e um campo de silêncios), o conjunto de duas dezenas de fotografias de Rodrigo Amado estabelece um percurso urbano que podemos imaginar coeso. Como se as imagens coleccionadas nos levassem a percorrer (vendo, ouvindo, agindo) as diferentes cidades que existem numa mesma cidade subjectiva. E há estratégias de fixação imediata (visual) do tema e estratégias de desenvolvimento sequencial (narrativo/musical) desse mesmo tema que Rodrigo Amado explora — poderemos perceber melhor os sentidos destas imagens sabendo que Os Passos em Volta, de Herberto Helder, foi a obra de onde partiu e aonde chegou esta sua viagem interior.
[...]»

João Pinharanda, «Algumas Cidades / Some Cities», in Un Certain Malaise.


domingo, 16 de dezembro de 2012

Poesia da idade do rock e... Adeus anos 70


Rui Pedro Silva, autor de «Caravana Doors», vai estar à conversa com os seus leitores no Hard Rock Cafe Lisboa. É já na próxima terça-feira à noite.



Rui Pedro Silva, autor do livro Caravana Doors - Uma viagem luso-americana, vai estar à conversa com os seus leitores no Hard Rock Cafe Lisboa, na próxima terça-feira, dia 18 de Dezembro às 22h00.

Na impossibilidade de aí vendermos o livro, por razões de política comercial próprias daquele espaço, sugerimos que o adquira previamente na sua livraria habitual ou nas nossas livrarias da Rua Passos Manuel e do Chiado. O autor estará disponível para autografar o seu livro.


De entre outros convidados que também poderão aparecer, estão confirmadas as presenças de António Manuel Ribeiro e de Ana Cristina Ferrão.

À conversa seguir-se-á um concerto de tributo aos Doors pelos Dead Cats Dead Rats.


Cartas de Mário Cesariny para a Casa de Pascoaes


Cartas para a Casa de Pascoaes
Mário Cesariny


Edição de António Cândido Franco

ISBN: 978-989-8618-00-9

Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros

Formato: 14,5x20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 304


[ Com a Fundação Cupertino de Miranda ]


As relações de Mário Cesariny com a obra de Teixeira de Pascoaes, que abriram em força na década de 60 do século XX e se alargaram depois até ao seu desaparecimento físico já em 2006, marcaram a terceira fase do desenvolvimento do surrealismo em Portugal, a da maturidade, ajudando a reorientar a obra poética de Cesariny numa direcção inesperada, a da sátira anti-pessoana, com as duas edições do Virgem Negra.
Conhecíamos os vários momentos públicos deste relacionamento — em que entra o trabalho de selecção de duas compilações, Aforismos e Poesia de Teixeira de Pascoaes, ambas de 1972, e a frase capital dita em 1973 no texto «Para uma Cronologia do Surrealismo Português», Teixeira de Pascoaes, poeta bem mais importante, quanto a nós, do que Fernando Pessoa — mas ignorávamos, e continuamos em parte a ignorar, o percurso por dentro dessa ligação, bem como desconhecíamos o convívio do autor de Pena Capital com o lugar e a casa em que Pascoaes viveu.
Com a publicação das cartas de Cesariny para os dois habitantes da casa de Pascoaes, João e Maria Amélia Vasconcelos, de 1968 a 2004, ficamos a conhecer elementos do relacionamento entre Mário Cesariny e a obra de Teixeira de Pascoaes e a perceber uma parcela importante da teia em que tudo aconteceu, quer dizer, do como, do quando e do através de quem se deu e processou o convívio de Cesariny com o lugar e a casa de Pascoaes.
António Cândido Franco

sábado, 15 de dezembro de 2012

«Beatles em Portugal», de Luís Pinheiro de Almeida e Teresa Lage


Beatles em Portugal

Luís Pinheiro de Almeida

Teresa Lage

ISBN: 978-989-8618-25-2

Preço: 21,70 euros | PVP: 23 euros

Formato: 17×24 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 264 (com reproduções a preto e branco e a cores)


«Adoro Portugal. Já estive no sul, como a maior parte dos turistas, várias vezes. E gosto daquela zona um pouco antes da costa, um pouco para o interior quando tudo fica muito verde. Eu e a Linda passámos lá bons tempos. Costumávamos passear a pé, mais nas aldeias pequenas. Passei lá bons momentos, é um sítio muito simpático. Gosto das pessoas e é um pouco menos turístico do que Espanha. Em certos aspectos é mais simpático. Agora, os espanhóis vão ficar zangados comigo… Mas é um sítio óptimo. Lembro-me de viajar de carro, do sul para Lisboa e de sentir o cheiro dos eucaliptos, lindo! É um sítio óptimo!»
Paul McCartney

Os Beatles nunca tocaram em Portugal, seja por razões económicas, seja por razões políticas. O país, parco em recursos financeiros, vivia nos anos de 1960 em regime ditatorial, primeiro com Salazar e depois com Marcello Caetano. As energias do poder delapidavam-se no esforço da guerra colonial que manietava e amordaçava a juventude, impedindo-a do seu direito ao lazer e à indignação. Esta segunda edição de Os Beatles em Portugal é essencialmente um livro-documento, uma espécie de inventário que colige toda e qualquer ligação dos Beatles a Portugal. Inclui entrevistas concedidas aos autores e a outros jornalistas portugueses, comentários de quem teve a oportunidade de contactar pessoalmente com algum dos membros da banda, histórias pouco conhecidas, como o facto de «Yesterday», provavelmente a mais famosa canção dos Beatles, ter sido escrita nas margens do rio Mira, no Alentejo.
A cereja no topo do bolo é a verdadeira história de «Penina», canção composta em 1968 por Paul McCartney no Algarve, história que, sem precisão e rigor, é invariavelmente contada de forma errada nos livros estrangeiros, tomando-a como «verdade insofismável».
Em anexo publica-se, pela primeira vez, a discografia completa dos EPs e singles portugueses dos Beatles, com as respectivas capas, únicas no mundo, objecto de cobiça dos Estados Unidos ao Japão, da Suécia à Austrália.

Luís Pinheiro de Almeida

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

De Lourdes Castro para Manuel Zimbro


Deutsch Hefte, cadernos de alemão de Lourdes Castro para Manuel Zimbro, 
são apresentados amanhã, no Goethe-Institut, por João Fernandes.
[ clicar na imagem para a ampliar e ler melhor toda a informação ]

«ESTRO IN WATTS - POESIA DA IDADE DO ROCK» e «ROLL OVER - ADEUS ANOS 70» são apresentados no próximo dia 18, terça-feira, no Museu da Electricidade, em Lisboa.

[ clicar na imagem para a ampliar ]

ESTRO IN WATTS 
poesia da idade do rock 
(1955-1980)

edição bilingue

Antologia, tradução, introdução e notas João de Menezes-Ferreira

Num percurso de 563 poesias musicadas de 170 autores, desde «Blue suede shoes» de Carl Perkins (1955) até «O superman» de Laurie Anderson (1980), esta é a crónica lírica da vida de várias gerações adolescentes num momento histórico muito preciso: o da conquista da sua autodeterminação, em marcha errante, multímoda, eléctrica, ou como sintetizou Caetano Veloso em 1966 (Alegria, alegria) «sem lenço, sem documento, eu vou». E sem recuo.


«A grande poesia da nossa época é o rock. As palavras são tão importantes como o ritmo. Nunca se assistiu a um tal renascimento poético desde Homero. É o regresso dos bardos de antes da escrita, da época oral. É o reencontro planetário. Canta-se rock na China, na URSS, em todos os países do mundo. O rock é a língua universal. A língua do gesto e do grito. A língua da comunicação e da participação. É uma revolução fantástica.»

MARSHALL McLUHAN
- Depoimento recolhido em entrevista no Le Monde, pelo jornalista P. Dommergues (data indeterminada no final dos anos 60 início dos 70) citado em Les Poètes du rock, de Jean-Michel Varenne, Éditions Seguers, Paris, 1975.


JOÃO DE MENEZES-FERREIRA - No curto período em que fez crítica de música foi autor do programa radiofónico na RDP FM Estéreo «A Idade do Rock» (1977-1980), para o qual reuniu materiais que fazem grande parte desta antologia. Tem formação jurídica (Lisboa) e post-graduação em Altos Estudos Europeus (Bruges). Entre outras actividades, foi advogado, deputado, diplomata, empresário, fundador e dirigente de uma cooperativa de animação cultural e de ONGs e professor universitário.


ROLL OVER
adeus anos 70

Fotografias de José Paulo Ferro
Textos de Margarida Medeiros e João de Menezes-Ferreira



Roll Over fica como um retrato de uma época que ainda está (em certa medida estava) por fazer e que sem dúvida gerará outros que o completem; numa época em que a imagem digital faz desaparecer a importância da fotografia e do snapshot pela imensidão de imagens que se podem gerar em cada segundo, este é um arquivo valioso para a memória destes anos e que complementa qualquer história do “rock português”. Mas é-o sobretudo pelo estilo de aproximação, pela forma como sublinha a cena em detrimento do personagem individual que nela se destaca, o acto, em detrimento da pose, a dinâmica literal em detrimento do esteticismo. MARGARIDA MEDEIROS

Isto é certamente fotografia tribal. Havia então outras tribos, com outras marcas identitárias. Nós – o José Paulo, eu também – fazíamos parte desta tribo.Mas nunca pensámos na publicação destas fotografias «escondidas» (conhecidas de poucos e quase todas inéditas) para alimentar o mercado da nostalgia e do narcisismo. Por mim, tento vê-las na sua dupla essência: valiosos documentos sociológicos e espécimes da nobre arte da fotorreportagem. JOÃO DE MENEZES-FERREIRA

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

«Trolhamento dos 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceite», manual da Maçonaria estudado e sublinhado por Fernando Pessoa, é apresentado na próxima quinta-feira.


Trolhamento dos 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceite

Tradução e organização de João Paulo Rosa Dias e Miguel Roza

ISBN: 978-989-20-3444-71

Edição SÃO ROZAS | Distribuição SISTEMA SOLAR 
| Dezembro 2012

Preço: 18,87 euros | PVP: 20 euros

Formato: 14,5×20,5 cm (brochado, com sobrecapa) Número de páginas: 312

LANÇAMENTO
Com apresentação por Félix Lopes

13 de Dezembro de 2012, quinta-feira, às 18h30

EL CORTE INGLÉS, EM LISBOA
(restaurante - 7º andar)

MANUAL DA MAÇONARIA ESTUDADO E SUBLINHADO POR 
FERNANDO PESSOA

Este livro é como que um manual didáctico especialmente dedicado ao estudo dos 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceite, embora, num 2.º e 3.º capítulo estejam descritos os 7 graus do Rito da Maçonaria Azul e os 13 graus do Rito Adoniramita. Foi editado em 1821 em língua francesa e foi lido e estudado por Fernando Pessoa, tendo diversas páginas sublinhadas, que foram fac-similadas na presente edição. É actualmente editado pela editora SÃO ROZAS, com a revisão e actualização simbólica maçónica feita pelo sobrinho do poeta, o escritor Miguel Roza (Sublime Príncipe do Real Segredo, 32.º do rito Escocês Antigo e Aceite) e traduzido para português por João Paulo Rosa Dias, sobrinho neto de Fernando Pessoa.
Além dos símbolos maçónicos, contidos numa gravura do livro original e mostrados na capa da presente edição, existem ainda, em capítulo único, os trajes descritos em figurinos a cores para os diversos graus.


Paulo Pires do Vale apresenta no próximo sábado, em Coimbra, «Entre o Céu e a Terra», de Rui Chafes


Com o apoio da Livraria Almedina, que agradecemos.


LER MAIS

Rumo ao Norte


APRESENTAÇÃO DO LIVRO
Caravana Doors – Uma viagem luso-americana
DE RUI PEDRO SILVA

13 DEZEMBRO, QUINTA-FEIRA, 21h30 | FNAC NORTESHOPPING
Rua Sara Afonso, 105-117, Centro Comercial Norteshopping, Loja 206, Senhora de Hora

Zé Pedro (Xutos e Pontapés), Álvaro Costa (radialista),
Rui Pedro Silva (autor) e outros convidados.

15 DEZEMBRO, SÁBADO, 16h30 | EL CORTE INGLÉS DE GAIA [ 6º PISO ]
Avenida da República, 1435, Vila Nova de Gaia

Zé Pedro (Xutos e Pontapés), João Nabais (médico, poeta),
Álvaro Costa (radialista
Rui Pedro Silva (autor) e outros convidados.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Jim Morrison em dose dupla

[ clicar na imagem para ler melhor ]

CELEBRAÇÃO DO ANIVERSÁRIO DE JIM MORRISON

8 de Dezembro de 2012, sábado

21h00 | LIVRARIA LER DEVAGAR
Rua Rodrigues Faria, n.º 103, G 0.3 | 1300-501 Lisboa
BUS: 56, 60, 714, 720, 727, 732, 738, 751| 15E, 18E | 201, 203

APRESENTAÇÃO DO LIVRO
Caravana Doors – Uma viagem luso-americana

por Ana Cristina Ferrão (autora, locutora Radar FM), João Nabais (médico, poeta), 
Rui Pedro Silva (autor) e outros convidados.

22h30 | PARADISE GARAGE
Rua João Oliveira Miguens, 38/48 | 1350-187 Lisboa

CONCERTO DE HOMENAGEM AOS DOORS 
Dead Cats Dead Rats
Por cortesia da livraria Ler Devagar e do Paradise Garage, também haverá livros à venda no local do concerto. O autor estará presente, nos dois locais, para conversar com os leitores e para autografar o seu livro livros. 

A DOCUMENTA agradece.

«Caravana Doors» na Fnac Chiado [ HOJE ]


Rui Pedro Silva
Caravana Doors - Uma viagem luso-americana

6 de Dezembro de 2012, quinta-feira, 18h30

COM APRESENTAÇÃO POR

Zé Pedro (Xutos e Pontapés), Ana Cristina Ferrão (autora, locutora Radar FM)
Phil Mendrix (lendário guitarrista português), Rui Pedro Silva (autor)
e outros convidados

HOMENAGEM MUSICAL AOS DOORS
 Dead Cats Dead Rats



Fnac Chiado - Armazéns do Chiado, Rua do Carmo, nº 2, em Lisboa

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Aniversário de Jim Morrison. Todos a Alcântara!

Jim Morrison nasceu no dia 8 de Dezembro de 1943
8 de Dezembro de 2012, sábado

21:00
LIVRARIA LER DEVAGAR
 Rua Rodrigues Faria, n.º 103, G 0.3, 1300-501 Lisboa  

APRESENTAÇÃO DO LIVRO
Caravana Doors – Uma viagem luso-americana 
de Rui Pedro Silva
 
por Ana Cristina Ferrão (autora, locutora Radar FM), João Nabais (médico, poeta), 
Rui Pedro Silva (autor) e outros convidados.


22:30
PARADISE GARAGE 
 Rua João Oliveira Miguens, 38/48, 1350-187 Lisboa

CONCERTO DE HOMENAGEM AOS DOORS


pelos Dead Cats Dead Rats


Por cortesia da livraria Ler Devagar e do Paradise Garage, também haverá livros à venda no local do concerto. O autor estará presente, nos dois locais, para conversar com os seus leitores e para autografar livros. 

«Amor de Perdição», de Camilo Castelo Branco


Amor de Perdição

Camilo Castelo Branco

Ilustrações de Ilda David'

ISBN: 978-989-8566-25-6

Preço: 16,04 euros | PVP: 17 euros

Formato: 14,5×20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 248 (com 35 ilustrações)


Escrevi o romance em quinze dias, os mais atormentados de minha vida. Tão horrorizada tenho deles a memória, que nunca mais abrirei o Amor de Perdição...


Nas Memórias do Cárcere, referindo-me ao romance que novamente se imprime, escrevi estas linhas: «O romance, escrito em seguimento daquele (O Romance de um Homem Rico), foi o Amor de Perdição. Desde menino, ouvia eu contar a triste história de meu tio paterno Simão António Botelho. Minha tia, irmã dele, solicitada por minha curiosidade, estava sempre pronta a repetir o facto aligado à sua mocidade. Lembrou-me naturalmente, na cadeia, muitas vezes, meu tio, que ali deveria estar inscrito no livro das entradas no cárcere e no das saídas para o degredo. Folheei os livros desde os de 1800, e achei a notícia com pouca fadiga, e alvoroços de contentamento, como se em minha alçada estivesse adornar-lhe a memória como recompensa das suas trágicas e afrontosas dores em vida tão breve. Sabia eu que em casa de minha irmã estavam acantoados uns maços de papéis antigos, tendentes a esclarecer a nebulosa história de meu tio. Pedi aos contemporâneos que o conheceram notícias e miudezas, a fim de entrar de consciência naquele trabalho. Escrevi o romance em quinze dias, os mais atormentados de minha vida. Tão horrorizada tenho deles a memória, que nunca mais abrirei o Amor de Perdição, nem lhe passarei a lima sobre os defeitos nas edições futuras, se é que não saiu tolhiço incorrigível da primeira. Não sei se lá digo que meu tio Simão chorava, e menos sei se o leitor chorou com ele. De mim lhe juro que…»
Vão passados quase dois anos, depois que protestei não mais abrir este romance. […] Este livro, cujo êxito se me antolhava mau, quando eu o ia escrevendo, teve uma recepção de primazia sobre todos os seus irmãos. Movia-me à desconfiança o ser ele triste, sem interpolação de risos, sombrio, e rematado por catástrofe de confranger o ânimo dos leitores, que se interessam na boa sorte de uns, e no castigo de outros personagens. Em honra e louvor das pessoas que estimaram o meu livro, confessarei agradavelmente que julguei mal delas. […] O livro agradou como está. Seria desacerto e ingratidão demudar sensivelmente, quer na essência, quer na compostura, o que, tal qual é, foi bem recebido.

Camilo Castelo Branco  
[Do Prefácio da Segunda Edição. Porto, Setembro de 1863]

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

«As Mamas de Tirésias», de Guillaume Apollinaire


As Mamas de Tirésias
Drama surrealista em dois actos e um prólogo
Guillaume Apollinaire

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes
Ilustrações de Pedro Proença


ISBN: 978-989-8566-20-1

Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros

Formato: 15,5x23,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 86 (com dezoito ilustrações a cores)

Guillaume Apollinaire (1880-1918), filho da condessa polaca Angelica Kostrowicka
e de pai desconhecido, em1917, logo após a estreia da peça As Mamas de Tirésias,
escrita enquanto recuperava do grave ferimento que sofreu na frente de batalha das
tropas francesas, durante a I Guerra Mundial.

«As Mamas [deTirésias] não têm lugar à parte na obra de Apollinaire. […] O poeta é subtil a fingir que toma a sua flauta-de-pã por uma gaita popular. Até a rima é risível, reduzida a uma intenção cénica. Trata-se do teatro, do teatro desta época. Divertir-nos é o único propósito do dramaturgo, um criador de ilusões que não quer ver-nos desesperados: a vida basta para nos aborrecer, o pessimismo deixa de ser deste tempo. Mas não separa o teatro da vida. O tema é de hoje: não se trata, afinal, de uma peça escrita para nós? Põe em evidência a lição da guerra e moraliza de uma forma idêntica à que utiliza para rimar: divertindo-nos. As Mamas liberta-nos, enfim, do teatro de bulevar… Se o cinema já nos tinha dado Charlie Chaplin (e não será As Mamas o que ele costuma interpretar?) Apollinaire deu-nos Tirésias. […]
«Os cenários de Serge Ferat evocavam, sem tornar precisos, Zanzibar e Paris no quadro fantástico de casas que procuram o infinito. Uma moralidade musical acrescentou alguma tristeza aos revólveres muito divertidos, ao acordeão, à gaita de foles e à louça partida. Max Jacob e Paul Morisse deram força aos coros, como se eles fossem anjos perdidos no meio dos homens. E a sala, em peso, emprestou à peça a música dos seus sentimentos.
«Não estava lá ninguém que soubesse dar a esta manifestação o seu verdadeiro sentido, e pintores houve (alguns, ingratos, desataram mesmo a rir-se) que julgaram seu dever protestar. Nem Matisse, nem Derain, nem Picasso, nem Braque, nem Léger lá estiveram. As Mamas foi comparado a Ubu Roi e a Parade. Mas não tiveram razão: eles é que deviam ser comparados às Mamas de Tirésias.
«Vou recordar-me sempre desta tarde de 24 de Junho de 1917 [a data da estreia da peça] como uma jovialidade única que me permite o presságio de um futuro para um teatro liberto da preocupação de filosofar.»

Louis Aragon (cit. por Aníbal Fernandes, in Apresentação)


Brevemente.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Onde estás agora / Oh meu amigo?



ONDE ESTÁS AGORA?
                                           ao MAP

  
Onde estás agora
Oh meu amigo?
Nem dentro
Nem fora
Nem muito longe
Nem muito perto
Talvez nos primeiros
Raios da aurora
Talvez no deserto
No mais incerto
E improvável
Lugar

Onde estás agora
Oh meu amigo
Que não te oiço?
Talvez no fim
Da estrada
Envolto em poeira
Numa cadeira
De baloiço
Em frente ao grande
Tudo
Ou ao grande
Nada

Jorge Sousa Braga