«Um homem que perdeu uma mulher, a quem queria muito, encontra outra, fisicamente idêntica, e convence-se de que se trata da morta ressuscitada, ou talvez reencarnada. Podia ser o "Vertigo" de Hitchcock, mas é "Bruges-a-Morta" (1892), do belga Georges Rodenbach (1855-1898).
(...)
À primeira vista, Jane representa o triunfo de Hugues sobre a morte; mas à medida que a "fusão" avança, vão-se atenuando afinidades e desvendando contradições, ilusões, e até gestos aviltantes, ou não fosse Jane uma putéfia. (...).
Quando Bruges é atravessada por uma procissão, sumptuosamente descrita como uma espécie de cortejo fúnebre, adivinha-se a iminente vertigem trágica. Mas nem a previsibilidade diminui a força desta novela doentia.»
Pedro Mexia, «Vertigem», «Actual» / Expresso, 21 de Setembro de 2013
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