Formas Que se Tornam Outras
Júlio Pomar
Textos de Sara Antónia Matos, Pedro Faro, António Fernando Cascais, Liliana Coutinho e
Maria Velho da Costa
Maria Velho da Costa
Design de Paula Prates
ISBN 978-989-9006-14-0 | EAN 9789899006140
Edição: Dezembro de 2019
Preço: 23,58 euros | PVP: 25 euros
Formato: 17 x 21 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 248 (a cores)
Com o Atelier-Museu Júlio Pomar
Edição bilingue: português-inglês
O Atelier-Museu Júlio Pomar, na exposição «Formas que se tornam outras» de Júlio Pomar, procurou repensar uma das dimensões mais incontornáveis da vida, tantas vezes capturada por preconceitos e obscurantismos: o corpo e o erotismo.
Fazer arte a partir de corpos. Fazer arte com corpos. Fazer da arte corpo. Do movimento do corpo sobre outro corpo produzir mais corpo e desse gerar uma forma de arte. O corpo está sempre a evoluir: o corpo da arte, da política, do trabalho.
O corpo da sexualidade, do amor, da amizade. O corpo da luta. O corpo preso. O corpo livre. Pomar trabalhou todos estes corpos e outros não nomeados (sobretudo os de difícil fixação, em transformação) – os quais se procurou sinalizar nas diversas partes da exposição, dando a perceber que o corpo e a sua indefinição inata esteve sempre subjacente ao longo do seu percurso e produção artísticos.
Aquele desenho a lápis sobre papel de carta, um estudo sem título, não datado, provavelmente da altura em que Júlio Pomar teve atelier na Praça da Alegria, em Lisboa, é um desenho de uma flor. Provavelmente não haverá elemento mais erótico do que uma flor, que abre e fecha como o corpo humano, dá-se e protege-se, liberta e recolhe, é inseminada e reproduz, como o macho e a fêmea, concentrando em si a beleza e a fluidez que o conceito de erotismo envolve. Como, aliás, refere Emanuele Coccia no livro A Vida das Plantas. Uma Metafísica da Mistura [Documenta, 2019], a flor é, por excelência, «o instrumento activo da mistura: qualquer encontro e toda a união com outros indivíduos se fazem por meio dela». Assim, nesta exposição, a flor, um ser séssil, serve como ponto de partida para abordar uma série de conceitos que se tornaram fundamentais nas experiências de Júlio Pomar em torno do Erotismo, nomeadamente a ideia de devir contínuo, de transformação, de fusão e de metamorfose, indissociabilidade entre penetrado e penetrante — aspecto plasmado nos desenhos Étreinte [Abraço], da série de 1979, realizados para ilustrar o livro Corpo Verde, de Maria Velho da Costa, com quem Júlio Pomar trabalhou e de quem se publicam textos neste catálogo.
[Sara Antónia Matos e Pedro Faro]
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