sábado, 29 de setembro de 2012

«David Golder»


David Golder
Irene Nemirowsky


Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes


ISBN: 978-989-8566-21-8
Edição: Setembro 2012
Preço: 15,09 euros | PVP: 16 euros
Formato: 14,5x20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 208


Edmond Jaloux: «Fiquei estupefacto.»

Neste continente, e com gente civilizada de um século XX quase a meio, houve campos de concentração. Berlim sonhava uma Europa ariana e de supremacia germânica num espaço geográfico onde viviam nove milhões de judeus, todos a mais.


Em 1903, quando Irma Irina nasceu em Kiev, a família Nemirowsky (com um nome forte na alta finança do país) falava sobretudo francês. O seu pai Leonid chamava-lhe ma petite, dava-lhe a companhia e as lições de uma preceptora francesa, e nas histórias da sua infância a Gata Borralheira apareceu-lhe como Cendrillon, e a Capuchinho Vermelho como Petit Chaperon Rouge. No romance David Golder o judeu sabe que deve sempre «recomeçar» e muitas vezes terá, talvez, de fazê-lo. Leonid estava a «recomeçar», e poucos anos mais tarde voltaria a ser um abastado banqueiro; passaria a ser monsieur Léon, a sua mulher Anna passaria a ser madame Fanny, e Irma Irina, claro está, mademoiselle Irene; continuavam a comunicar uns com os outros em francês, como já antes faziam, mas agora no país certo; e adquiriam os costumes e os comportamentos da alta burguesia de Paris. Irene frequentava a Sorbonne num curso de letras, e uma conceituada escola de dança.
No dia 17 de Julho de 1942, Irene Nemirowsky [1903-1942] estava entre os 928 judeus metidos em vagões para transporte de gado, com palha no chão e um balde com água, num comboio que durante três dias e duas noites atravessou a França, a Alemanha e a Polónia até Auschwitz. Chegadas ao destino, as mulheres foram separadas dos homens, entregaram jóias e alianças de casamento, foram rapadas, tomaram um banho de chuveiro com água fria e vestiram batas às riscas. No dia seguinte tiveram um número tatuado no pulso. Irene Nemirowsky só viveu trinta dias em Auschwitz; não chegou a esqueleto vivo nem à câmara de gás; morreu, atingida pela epidemia de tifo que nesse momento matava piedosamente os residentes do campo.

A.F.

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«Paul Cézanne» seguido de «O Que Ele Me Disse...»


Paul Cézanne

Élie Faure

O Que Ele Me Disse…

Joachim Gasquet


Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

ISBN: 978-989-8566-16-4
Edição: Setembro 2012
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 14,5x20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 152 (com reproduções a cores)

Élie Faure
(1873-1937) um médico, mas sobretudo escritor que em jornais, revistas e livros pensava a arte, toda a arte, como «o grande mistério da transposição lírica», e os homens como «construtores» obscuros com um esforço colectivo ignorado, responsável pelo aparecimento dos espíritos superiores no mundo. […] O texto Paul Cézanne é de 1914 e está entre os que dedicou a notáveis «construtores do mundo», ou seja, a autores de «um trabalho de organização esboçado numa sociedade destruída». São a esta luz significativas as considerações que a sua História propõe sobre o pintor: «Mesmo quando tenta compor, como nessas extraordinárias reuniões de personagens nuas onde fez o esforço, visivelmente obcecado pela memória de Poussin, de construir com inabilidade uma longa melodia sensual nomeio do grande coro das árvores, do vasto céu, das águas correntes, mostra-se mesmo então livre de toda a espécie de intenção psicológica ou literária. E o seu clacissismo, essa necessidade de ordem e medida que desde a infância o perseguia, mesmo então se engana sobre o seu verdadeiro sentido. Ele provinciano, ele católico, está de acordo com o ritmo secreto do seu século, é impelido em direcção ao organismo desconhecido, que hesita, por forças profundas das quais não tem mais consciência do que os pedreiros das últimas igrejas romanas perante uma nave que ia de repente saltar, aligeirar-se, alongar-se, planar como uma asa com a geração que ascendia.»

Joachim Gasquet (1873-1921) deixou na literatura francesa uma imagem quase esquecida de poeta lírico, tendo chegado a dizer-se que a mais forte desde Victor Hugo. […] Só era um dia mais velho do que Élie Faure, mas os seus pulmões – roídos pelo gás clorídrico dos ataques químicos da primeira Guerra Mundial – reduziram-lhe a vida a quarenta e oito anos, os últimos passados numa luta sem êxito pela sobrevivência. […] Embora Cézanne fosse amigo de infância do seu pai, Joachim só o conheceu em Abril de 1896 (o ano do retrato onde hoje o vemos, exposto na Galeria de Arte Moderna de Praga e com um aspecto difícil de associar aos vinte e três anos de idade que nessa altura ele tinha). Entre os dois houve um convívio intenso, os quatro anos de encontros e cartas que veremos reflectidos em O Que Ele Me Disse…, aos quais outros se sucederam de relativo afastamento até ao desacordo político que em 1904 definitivamente os separou.

A.F.

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«A Freira no Subterrâneo»


A Freira no Subterrâneo

com o português de
Camilo Castelo Branco

ISBN: 978-989-8566-17-1
Edição: Setembro 2012
Preço: 16,04 euros | PVP: 17 euros
Formato: 14,5×20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 224


O livro é precioso porque é verdadeiro; é excelente, porque é bem escrito; é útil, porque encerra uma lição.

Quem escreveu este livro?
Não o dizem as apreciações dos periódicos, nem os catálogos das livrarias. O livro é lido com espanto e talvez com lágrimas; ao passo que o autor, que tão cuidadosamente se ocultou, deve ter tido misteriosas e fortíssimas razões para esquivar-se à glória de haver escrito um livro tão precioso na forma quanto virtualmente útil. Transpira a verdade do contexto do romance, posto que a espaços a simpleza natural das coisas é estofada em pompas demasiadas da linguagem.
Isso, porém, não desdoura, antes redobra o quilate da obra para quem se deixa de bom grado cativar e levar nas asas da dolorosa poesia que voeja por alto. O que os bons espíritos hão-de ver nesta pungente narrativa é a substância de tal e tamanho flagício praticado entre 1841 a 1868, neste tempo, em nossos dias! A crítica ilustrada estremará da religião divina, que ensinou Jesus, a protérvia dos sacrílegos que se abonam com ela, e lhe vão apagando as luzes para que as trevas da Idade Média se condensem e envolvam as instituições não carimbadas pela chancela pontifical.
[…]
O tradutor abstém-se de indicar as passagens realçadas de maiores belezas, porque lá está o claro entendimento de quem lê para as distinguir; e seria também desacordo antecipá-las, prejudicando o tal qual prazer do imprevisto.

Da «Advertência do Tradutor»

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«O Romance de Tristão e Isolda»


O Romance de Tristão e Isolda
renovado por Joseph Bédier


Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes


ISBN: 978-989-8566-06-5
Edição: Setembro 2012
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 14,5×20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 192

A história de Tristão e Isolda – os estranhos imortais do amor que constroem a sua tragédia sob as fatalidades de um sentimento imposto por artes da magia céltica, a paixão contra a qual os costumes e as leis são impotentes – mostrava-se como alternativa às sublimes lentidões de Wagner, e veloz, e empolgante, e obediente a todo o saber que faz a eficiência dos contos repetidos pela tradição oral. A lenda de Tristão e Isolda chegava ao êxito editorial e era confirmada no amor-símbolo, na sua intensidade inultrapassável, a que El-Rei Dom Dinis ousou ainda assim em versos desafiar: «o mui namorado Tristan sey ben que non amou Iseu quant’eu vos amo.»

Joseph Bédier [1864-1938] tinha sabido seduzir o grande público com uma história de ingenuidade selvagem, com uma prosa que evocava ao leitor francês a tradição de contar que ele conhecia em Perrault. E em 1938, quando uma inesperada e fulminante congestão cerebral o atingiu no seu retiro de Grand-Serre, no Drôme, soube-se pelos jornais que tinha morrido… aquele autor… que escrevia coisas importantes sobre a Idade Média, sem dúvida, mas era o renovador do romance de Tristão e Isolda que já festejava a sua centésima edição.

A.F.


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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

«Adquiram! Adquiram!» [ Nuno Markl ]


«Adquiram! Adquiram!»
Nuno Markl, in «5 para a meia-noite» de 26-IX-2012

Vem aí o «Caravana Doors», de Rui Pedro Silva

Capa: Rui Santos [ Xaruto ]

Nas livrarias em Outubro.

De Lourdes Castro para Manuel Zimbro



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[exposição]

Deutsch Heft –
de Lourdes Castro para Manuel Zimbro


A artista Lourdes Castro, nascida na Madeira, frequentou aí a Escola Alemã, estudou e viveu alguns anos na Alemanha. Em Berlim, para ensinar a língua alemã a Manuel Zimbro, que estava em Paris, concebeu um «curso de alemão por correspondência», um livro de artista que vai estar exposto no átrio do Goethe-Institut, na celebração do seu 50° aniversário

dia 1 de Outubro de 2012
segunda-feira, às 16h

Goethe-Institut

Campo dos Mártires da Pátria, 37
1169-016 Lisboa

[publicação]

Deutsch Heft

em edição DOCUMENTA, Rua Passos Manuel, 67 B, 1150-258 Lisboa

5 para a meia-noite

                                                                                copyright «5 para a meia-noite» / RTP1

No programa «5 para a meia-noite» de ontem falou-se de lobos, 
mas também de uma próxima novidade.

Daremos mais notícias muito em breve e mais logo, às cinco para a meia-noite, colocaremos aqui a capa desse novo livro.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sistema Solar e Documenta - Setembro de 2012


[ clicar na imagem para consultar e descarregar pdf ]

Chegam esta semana às livrarias. 
O Bem Dita Crise!, de António Jorge Gonçalves, chega na segunda semana de Outubro.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

sábado, 8 de setembro de 2012

«Sodoma em Paris»


«Sodoma em Paris. Assim se poderia resumir a vida e, em boa medida, o espírito da obra de Jean Lorrain. Sodoma em Paris, replicará o leitor, não passa de uma graçola redundante e preconceituosa do crítico, já que Paris é, de certa forma, uma Sodoma moderna em si mesma. De forma alguma, de forma alguma.
Redundante? De entre toda a boémia e a libertinagem que o final do século XIX testemunhou na capital francesa, o biógrafo do escritor, Phillipe Jullian, ainda encontrou a excepcionalidade suficiente em Lorrain para o presentear com o notável título de «embaixador de Sodoma em Paris». Preconceituosa? Ainda menos. Lorrain é um ídolo transgressor, um símbolo de liberdade, uma figura basilar da mitologia homossexual. Uma persona tanto inspiradora quanto trágica. Sarah Bernhardt tê-lo-á definido como um «grande artista» escondido debaixo de um «ser abominavelmente depravado». Mas se ser um primus inter pares no meio da decadência parisiense e um campeão da ignomínia jornalística chegariam (e chegaram) para fazer dele um dos mais notáveis nomes da sociedade francesa, livros como O Senhor de Bougrelon viriam consolidar, e eternizar, o nome de Jean Lorrain. Mencionei que Lorrain era escritor, não mencionei?
[...]
Jean Lorrain era um dandy dificilmente igualável. Figura icónica do seu tempo, o dandy era, como diz Aníbal Fernandes na apresentação do recém-publicado O Senhor de Bougrelon (que também traduz com grande competência e experiência), simultaneamente «invejado mas, neste jogo perigoso, troçado». Os escritores Oscar Wilde, Lord Byron ou Joris-Karl Huysmans, tanto na sua vida como na sua obra, reproduziram esta forma de estar na sociedade que era ao mesmo tempo corajosa e triste, comportando-se como se sempre tivessem sido aristocratas, por vezes levando-o ao limite e ao ridículo. Lorrain não quis ser excepção. Desejoso de aceitação pública e de estatuto, o agora crescido «pequeno Paul» conseguira algo próximo da eterna fama de infame que só as grandes «bestas negras» conseguiram. Temido por muitos em Paris, era conhecido por destruir carreiras com a sua crítica jornalística – que manteve em jornais como o Le Courrier Français, o L’Événement ou o L’Écho de Paris. Corrosivo, ficou famoso por fazer nomes e demolir reputações. Era praticamente uma caricatura da sua época e do seu meio: pomposo, incisivo, vaidoso, amaneirado, escandaloso, ansioso por chocar os outros. Mas também, para sua tragédia e das suas personagens, alguém em queda.
[...]»

João Carlos Santana da Silva, Orgia Literária

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

«Que nos conta então este decrépito fantasma que deambula por Amesterdão?»



«[...] A cidade holandesa, em finais do século XIX, é o palco da atuação de um cavalheiro francês, que se diz expatriado por ter acompanhado um seu amigo fidalgo no exílio forçado, depois de uma confusa questão de saias. As facécias, a imaginação delirante, as saídas e entradas de cena, tecem uma realidade em que não se distingue o verdadeiro do falso, a efabulação da patranha, [...].»

José Guardado Moreira,  «Jean Lorrain - O dândi decadente», Ler [onde se pode ler texto na íntegra], Setembro de 2012.