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Em Abril de 2013 foi em Lisboa apresentado o seu livro Diários Portugueses (Portughiesishe Tagebucher), traduzido e anotado exemplarmente por João Barrento e publicado pela Documenta com apoio do Goethe-Institut, numa homenagem em que se associaram o Tatro Nacional D. Maria II e o Goethe, com o director deste, Joachim Bernauer, reunindo a viúva do autor, Christiane (disse esta em depoimento para a RTP que o Instituto fora "uma área extraterritorial"), e intelectuais que testemunharam a actividade de Meyer-Clason entre nós.
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Em Portugal é lembrado pela acção num instituto que, sob a tutela da República Federal da Alemanha, dirigiu com independência, desenvoltura e brilho, menosprezando reparos oficiais e oficiosos do lado alemão ou do português. Avesso à mentalidade de funcionário (que não era), foi no melhor sentido um agente duplo no intercâmbio cultural entre os dois países - e arredores.
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O retrato do País é condescendente e crítico, apaixonado e rigoroso, terno e severo (leia-se, entre exemplos inúmeros, o que em 1971 o autor diz do urbanismo na Caparica, sua praia de refúgio). O seu olhar minucioso e penetrante vê coisas que não vemos por serem corriqueiras, mas igualmente os traços fundos, estáveis e detestáveis. Nada lhe escapa; dos sentimentos velados às intrigas, da burocracia (que abomina) à indiferença, ao deixa-andar, à incapacidade de agir, ao desperdício, ao idealismo.
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Ao retratar-nos, também se auto-retrata como agente cultural cioso de autonomia, adversário de todos os conformismos, que recusa separar a vida pesoal do trabalho profissional, incansável e calmo. Meyer-Clason (n. 1910), faleceu em Munique a 12-2-2012, com 101 anos. Foi pelos seus diários que tardiamente o conheci.»
Francisco Belard, «Um amigo alemão», LER, Julho-Agosto 2013, p.61.
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