quinta-feira, 17 de maio de 2018

Cratera I Miguel Branco


Cratera
Miguel Branco

Texto de Bernardo Pinto de Almeida

ISBN 978-989-8902-13-9 | EAN 9789898902139

Edição: Março de 2018
Preço: 12,26 euros | PVP: 13 euros
Formato: 14,5 x 20,5 cm (brochado)
Número de páginas: 64 (a cores)

Edição bilingue: português-inglês

[com a Galeria Ala da Frente — Câmara Municipal de Famalicão]



Sombrias mas, ao mesmo tempo, acutilantes, estas imagens […] permitem-nos reconstruir, a partir do mais puro espanto, e da recriação de uma inquietante estranheza […] um olhar distanciado, mas ainda assim atento, sobre o mundo que habitamos.


Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Miguel Branco — Cratera», com curadoria de António Gonçalves, realizada na Galeria Ala da Frente, em Vila Nova de Famalicão, de 3 de Fevereiro a 18 de Maio de 2018, em colaboração com a Galeria Pedro Cera.

Poderemos entender, nesta sucessão de crateras, outras tantas alusões a um corpo ferido, que tanto é o próprio e vasto corpo da terra — na figuração de uma Natureza em estado de quase explosão — quanto um outro, mais singular e humano, tocado enfim da expressão sintomática de uma enigmática epidemia, sedutor, mas ao mesmo tempo inquietante, e perversamente entregue às formas virais da sua própria extinção, ou à mutação no devir-monstruoso de uma transfiguração.
Também o seu perturbante Cavalo Negro, majestosa peça de grande escala que figura um misterioso cavalo negro sem cabeça, alude inevitavelmente a essa longa tradição da representação do cavalo, quer na história das imagens, quer na dos símbolos.
[…] A sua inquietante estranheza, desde logo presente na perda da cabeça, como, de outro modo, a que decorre da repetição, na instalação, das sucessivas imagens de silenciosas e enigmáticas crateras, reforça em nós a perplexidade, ao mesmo tempo que sugere uma relação que nos pede o abandono total das anteriores crenças que nos sustentavam, e a entrega, a bem dizer cega, a uma outra forma de relação sensível.
Este Cavalo Negro (obra cuja forma final data de 2017, e que foi apresentada pela primeira vez em Paris) é, na verdade, uma fortíssima e admirável alegoria do nosso tempo: ela pede-nos que nos deixemos transportar, sem resistir, e pelas forças da imagem, até um horizonte outro, quiçá messiânico (Benjamin), onde uma comunicação bem diversa se torne, outra vez, fonte de um entendimento mais fundo entre todos os homens. Os homens que restam, e a quem está confiada a possibilidade e o destino de uma outra, nova, humanidade.
[Bernardo Pinto de Almeida]

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