Tudo É Outra Coisa
Rui Chafes
Texto de Manuel de Freitas
ISBN 978-989-8902-94-8 | EAN 9789898902948
Edição: Outubro de 2019
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 13,5 x 20,5 cm (encadernado)
Número de páginas: 64
Com a Câmara Municipal de Almada
Edição bilingue: português-inglês
Manuel de Freitas:
«Na sala de exposições, o Verão e o Inverno dialogam frontalmente, materializando-se (ou desafiando-se?) em duas estruturas ondulantes que se completam e que têm a nobreza firme de armaduras medievais.»
«Na sala de exposições, o Verão e o Inverno dialogam frontalmente, materializando-se (ou desafiando-se?) em duas estruturas ondulantes que se completam e que têm a nobreza firme de armaduras medievais.»
Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Tudo é Outra Coisa» de Rui Chafes, com curadoria de Filipa Oliveira, encomendada e produzida pela Câmara Municipal de Almada, a qual teve lugar no Convento dos Capuchos, entre 16 de Março a 19 de Outubro 2019.
[…] O que esta exposição me ensinou passa, seguramente, por uma funda noção de humildade e por um extremo respeito pelo espaço sagrado ou natural em que acontecem as esculturas de Rui Chafes. Senti-o noutras exposições, noutros espaços, por exemplo na igreja de São Cristóvão ou no Jardim da Sereia (onde o meu nome e o do Rui por acaso se cruzaram, muito antes de nos conhecermos).
Mas eu não acredito em acasos, para ser franco. Há cerca de dez anos, um amigo meu perguntou-me se queria ficar com o número de telemóvel do Rui. Disse-lhe que não; caso tivéssemos de nos conhecer, isso aconteceria naturalmente, sem que nenhum de nós procurasse o outro. Assim foi.
Assim, creio, terá acontecido sempre nesta terra gasta, onde tantas vezes os nossos verdadeiros contemporâneos morreram há muito — mas revivem em nós através de gestos, palavras, sílabas de metal, silêncios.
*
Temos pouco tempo, como é sabido. O mais provável é que eu nunca mais regresse ao Convento dos Capuchos da Caparica. Foi um dia de sol. E seria uma redundância dizer que foi um dia irrepetível ou inolvidável, embora isso em nada faltasse à verdade. Também a verdade é uma coisa extremamente frágil.
Vê-se, mas talvez não se possa provar. Tal como não se pode cientificamente demonstrar que a luz atravessa o ferro (mas atravessa) ou que só havia mar e árvores à espera do nosso olhar, enquanto o ferro cantava. Mas foi assim, este dia.
[Manuel de Freitas]
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