terça-feira, 20 de julho de 2021

Língua Bífida – Ensaio sobre Ecce Corpus, uma performance de António Gonçalves


 Língua Bífida 
Ensaio sobre Ecce Corpus, uma performance de António Gonçalves 
Pedro Eiras 


Imagens de António Gonçalves

ISBN 978-989-9006-80-5 | EAN 9789899006805 

Edição: Junho de 2021 
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado) 
Número de páginas: 96 (a cores)


Ecce Corpus, então. Mas qual corpo — este ou o outro? 
— Este é o outro. 



— Este é um ensaio sobre Ecce Corpus, uma performance do artista plástico António Gonçalves. 
— No princípio era a performance
— Resta saber se a performance pode ser um princípio, ou se exige algo que seja antes do princípio. 
— Se algo for antes do princípio, então o princípio não é o princípio. 
— Talvez seja preciso escolhermos um princípio, um certo princípio nem aleatório nem definitivo; e depois descrevermos o nosso objecto com o máximo rigor, ignorando tudo o que estiver antes e depois dele. 
— Podemos tentar (com alguma inocência, e q.b. de estratégia). Aliás, já começámos, mais acima, no princípio, quando disseste (ou terei sido eu?): «Este é um ensaio sobre Ecce Corpus, uma performance do artista plástico António Gonçalves». 
[…] 
— No princípio eram as performances, e elas são múltiplas. 
— Nesse caso, observemo-las uma a uma, porque cada qual é o princípio. 
— O princípio, por definição, não tem de ser único? 
— Talvez seja preciso desafiar as definições, pensar que pode haver vários princípios, vários singulares (que não formam um plural). E talvez cada uma dessas performances abra por seu turno para uma pluralidade de referências, jogos, linguagens, outros princípios e origens, e esses para outros ainda mais antigos. 
— Vejamos então. No princípio, António Gonçalves escolheu projectar sobre o seu corpo fotografias de diversas performances de diversos artistas. Do infinito de exemplos possíveis, fez uma escolha finita, será preciso explicá-la, ou pelo menos tentar. Escolhe uma, começa. 

[…] 

— Ficámos sem saber, afinal, o que havia no princípio. 
— Mas que importa, que importa o que havia no princípio? 
[Pedro Eiras]

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