quinta-feira, 30 de março de 2023

O Som e a Música no Cinema Português Contemporâneo — Processos Criativos

 

O Som e a Música no Cinema Português Contemporâneo — Processos Criativos seguido de entrevistas com Branko Neskov, Carlos Alberto Lopes, Elsa Ferreira, Hugo Leitão, Joaquim Pinto, Miguel Martins, Olivier Blanc, Ricardo Sequeira, Sandro Aguilar, Vasco Pimentel

Helder Filipe Gonçalves

ISBN 978-989-8833-62-4 | EAN 9789898833624

Edição: Março de 2023
Preço: 24,52 euros | PVP: 26 euros
Formato: 16 × 22 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 384

Vasco Pimentel: «Ora, o meu comportamento na captação do som directo é diferente, pois já estou a pensar como um montador, como um misturador. Quer dizer, já estou a arquitectar continuidades, descontinuidades, ambiências para dar carácter a outras cenas… se calhar, nem é a cena que estamos a filmar.»




Encontrar um cineasta que tome decisões no domínio do som antes de outras não é usual. Conhecer um realizador de quem se diga que é responsável por noventa por cento das decisões acerca do som num seu filme também não será algo muito habitual, mas isto é confirmado numa entrevista com um director de som que trabalha com a realizadora argentina Lucrecia Martel. Numa palestra desta realizadora, a própria quase se desculpa por ir apresentar o seu modo de trabalho, muito fundamentado no som, perante uma plateia interessada em cinema, justificando a sua apresentação como algo eventualmente útil a alguém que partilhe minimamente de um gosto e atenção pelo som. Como ela própria afirma, muitas vezes acontece o som ser relegado para último lugar, na cadeia de produção de um filme, não havendo por vezes tempo para o tratar nas melhores condições. Através da nossa experiência na docência de unidades curriculares de som na Universidade da Beira Interior, conhecemos exemplos destes em Portugal, alguns deles em trabalhos académicos, desde logo nada auspiciosos quanto ao modo como alguns alunos virão a pensar o som nos seus filmes futuros.
Há casos de realizadores em Portugal em que […] o que se ouve nos respectivos filmes denota um sentido apurado e uma capacidade de conjugar som e imagem de forma interessante e criativa. Muitas vezes, estes resultados advêm de boas escolhas de profissionais competentes na área do som, técnica e criativamente. No entanto, algumas divisões de tarefas que encontramos em variadas fichas técnicas em filmes sugerem mesmo que continua a existir uma desconexão entre intervenientes no que diz respeito ao som […]
As dez entrevistas realizadas concluem a estrutura deste livro. Aspectos essenciais acerca do som para cinema, segundo perspectivas pessoais muito ricas, ficam, parece-nos, como um legado inspirador para as novas gerações. Estas, não tendo vivido tempos de maiores adversidades, podem, no entanto, recolher das experiências do passado importantes ensinamentos para a sua técnica e para a sua arte.
[Helder Filipe Gonçalves]

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