quinta-feira, 20 de abril de 2023

Algum Desenho a partir de Gaëtan – Obras da Colecção Alberto Caetano

 

Algum Desenho a partir de Gaëtan – Obras da Colecção Alberto Caetano
Vários autores

Textos de Alberto Caetano, Filipa Oliveira, Inês de Medeiros, Joana P.R. Neves

ISBN 978-989-568-093-1 | EAN 9789895680931

Edição: Abril de 2023
Preço: 18,87 euros | PVP: 20 euros
Formato: 17 × 22,5 cm (brochado)
Número de páginas: 160 (a cores)

Com a Fundação Carmona e Costa e a Casa da Cerca – Câmara Municipal de Almada

Edição bilingue: português | inglês



Joana P.R. Neves: «Desenhar era um fenómeno misterioso, considerado por muitos artistas como a habilidade máxima necessária para atingir a excelência. Estas no ções foram consolidadas nas histórias em torno de artistas da Grécia Antiga, como Apeles ou Zêuxis, cuja excelência vinha precisamente das suas aptidões para o desenho, que Plínio, o Velho descreveu como o “apogeu da habilidade”.»



FILIPA OLIVEIRA: Quando é que começaste a tua colecção?
ALBERTO CAETANO: Ainda não sabia o que era uma colecção, mas teria doze ou treze anos. […] O primeiro artista com quem consegui falar foi com Abel Manta. Liguei-lhe para casa e disse a quem me atendeu que gostaria de falar com ele, porque queria que me oferecesse um desenho. Na altura tinha treze anos. Disseram-me para o ir visitar a casa e marcaram um dia. Foi assim que ganhei um amigo e uma amiga do coração, a sua mulher, a pintora Maria Clementina, com quern passei horas em conversas…
[…]
FO: Falaste que o Rodrigo te tinha im pressionado muito. Quando compraste o quadro que tens dele?
AC: Foi em 1988, na Quadrum. Penso que o Joaquim Rodrigo tinha acabado uma exposição na galeria, porque os quadros estavam todos pousados no chão, em fila, encostados às paredes. Ao fundo da galeria, junto à porta do escritório, lá estava o quadro. Chamou-me a atenção e dirigi-me a ele num ápice. Encantou-me a sua simplicida de e sobriedade. Perguntei à Maria da Graça [Carmona e Costa], que na altura ajudava a Dulce na galeria, quanto custava aquele quadro. E respondeu-me que aguardasse um momento, que ia perguntar à Dulce. Veio com a resposta, de que sendo necessário apoiar os jovens coleccionadores, me faria o preço de oitenta e oito contos. Perguntei se podia usar o telefone da galeria para ligar para casa e foi num grande alvoroço que pedi o dinheiro emprestado à minha mãe. Nesse mesmo dia trouxe o quadro para casa, montado em cima de um táxi e embrulhado em cobertores. Posteriormente, a Dulce apresentou-me ao Rodrigo, a quem tinha contado a história do jovem coleccionador que comprara o quadro. Ele virou-se para mim e disse: «O menino fez uma péssima compra. É o meu pior quadro. Devia ter comprado os outros, que são os verdadeiros!».

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