«Mas pergunto-me se nós, Portugueses, na situação a que chegámos, estamos em posição de fazer quaisquer "exigências" à Europa, quando hoje nem sequer por meio da "sabotagem silenciosa" de que falava Enzensberger [Ah, esta Europa!] podemos oferecer resistência à racionalidade capitalista desenfreada. Vender a nossa Europa à Europa (como antes, há meio milénio, quando voltámos costas à Europa para exportar a Europa para o mundo, para trazer, com lucros, o mundo à Europa) parece-me hoje qualquer coisa de utópico, porque a Europa não está nada interessada na nossa Europa (se é que ela alguma vez existiu, se é que ela não foi sempre uma construção imaginativa nossa).
[...]
E aliás: teremos nós uma Europa a que possamos chamar nossa? Não creio. Mais do que nunca, é Bruxelas quem nos diz qual a Europa que mais nos convém.»
João Barrento, Posfácio a Diários Portugueses, de Curt Meyer-Clason
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