«Um livro excepcional, composto inteiramente de citações, e onde ao trabalho de montagem é soberano e exemplar. Pedro Eiras fez exemplarmente o que não se tem coragem de fazer. É um ensaio poema em todos os sentidos. Os romanos faziam sumários ou geriam citações. Pedro Lombardo constituiu um livro canónico de citações a partir do qual os teólogos faziam comentários. Benjamin criou o seu Florilégio nas Arcades. Norman O. Brown publicou dois livros de citações e paráfrases sobre temas psicanalíticos. Cage criou poemas a partir de citações colhidas aleatoriamente em livros. Lembro-me que nos finais dos anos 70, em imitação dos Fragmentos de Um Discurso Amoroso de Barthes, teses, pequenos ensaios e artigos, abundavam em montagens. O simulacionismo nas artes nos anos 80 e já neste milénio a Conceptual poetry introduziram formas de apropriação e de recontextualização de textos e imagens. Penso também nas pinturas de Pedro Portugal e no seu filme Arte, como um ensaio visual parecido com o trabalho de Eiras. Ou as recentes pinturas-textos de Eduardo Batarda. O livro de Eiras é estonteante, delicioso e altamente estimulante. Sei que não estou a dizer nada de concreto.»
Pedro Proença, in facebook, 19 de Novembro de 2017.
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