Clareira — Escultura 1984-2018
Manuel Rosa
Textos de José Tolentino Mendonça, Manuel Castro Caldas, Nuno Faria
Design de Pedro Falcão
ISBN 978-989-8902-58-0 | EAN 9789898902580
Edição: Maio de 2019
Preço: 33,19 euros | PVP: 35 euros
Formato: 23,3 x 32,9 cm (brochado)
Número de páginas: 272 (impressas a 5 cores)
Com a Fundação Carmona e Costa
Edição bilingue: português-inglês
José Tolentino Mendonça: «As esculturas de Manuel Rosa são pedra, gesso, areia, argila, metal, mas cantam. E fazem-no com a língua dos aborígenes reunidos à volta do fogo, o assobio dos nómadas através do deserto, o grito dos artesãos populares que vêm desde o princípio, o acento helénico de Pitágoras ou de Anaximandro.»
Manuel Rosa é um dissidente. Reporta-se a uma temporalidade censurada pelos oficiais do progresso, e maneja práticas essenciais de artesanato que a ideologia tecnológica pretende substituir e eliminar. Reivindica a solidão do desenho contra o enxame das imagens virais. Esculpe barcos para voltarmos a reencontrar florestas; fornece figuras para encabeçarmos rituais extensos e viagens pelo desconhecido; mandata-nos para encontrar a luz que o vazio projecta na sombra; encoraja-nos a entretecer modos primitivos que são a porta de acesso ao ignorado mundo primeiro.
[José Tolentino Mendonça]
O vocabulário de Manuel Rosa é amplo em termos formais, temáticos e materiais. É um trabalho que, entre referências à escultura primitiva e pré-clássica, à Arte Povera e à geração de escultores britânicos surgida nos anos 80 do século passado, se destacou pela forma como construiu um forte sentimento de intemporalidade, por um lado, e uma intensa ligação à terra e aos materiais do lugar, por outro. Reiterando, por um lado, arquétipos poderosos — a casa, o barco, o corpo humano —, e, por outro, objectos sem aura, de uso corrente ou índole industrial — cabaças, bolas, baterias de automóvel —, o artista opera, com desconcertante liberdade processual, uma ininterrupta circulação entre energia e forma, figura e sombra, cheio e vazio, totalidade e fragmento, pequena e grande escala, o efémero e o perene.
[Nuno Faria]
Como sucede com muitos outros artistas da mesma geração, a figura tutelar de Beuys não anda longe (por influência directa ou indirecta), levando a que o trabalho de configuração abarque, como Pellizzi faz notar, não tão simplesmente a produção de «imagens» ou «coisas», mas a transmissão de «estados de espírito» que fazem das obras «resíduos de actos intensos mas precários de “sobrevivência Poética”».
[Manuel Castro Caldas]
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