O Material Não Aguenta
Júlio Pomar, Luisa Cunha
Textos de Sara Antónia Matos, Manuel Castro Caldas e Pedro Faro
Design de Paula Prates
ISBN 978-989-8902-89-4 | EAN 9789898902894
Edição: Junho de 2019
Preço: 18,87 euros | PVP: 20 euros
Formato: 17 x 21 cm (brochado com badanas)
Número de páginas: 128 (a cores)
Com o Atelier-Museu Júlio Pomar
Edição bilingue: português-inglês
O mais importante, sempre mais importante, lembra-nos a obra de Luisa Cunha e de Júlio Pomar, é manter a liberdade de pensamento.
A preparação da exposição «O Material Não Aguenta» (18.10.2018 – 13.01.2019), com obras de Júlio Pomar e Luisa Cunha, foi iniciada com o pintor ainda em vida. Ambos detentores de sentido crítico, Júlio Pomar reconheceu na obra de Luisa Cunha uma qualidade irónica e até mordaz em relação à realidade, que, segundo o pintor, prometia uma aproximação inesperada da obra de ambos. […]
Ambos resistiram às convenções através da ironia e, sobretudo, Luisa Cunha faz recair esta ironia particularmente sobre as normas e os códigos de apresentação museológicos, desconstruindo os seus protocolos mais tradicionais a partir do seu interior, isto é, não se demitindo deles mas, pelo contrário, colocando-os em derisão através de um comentário subtil e subversivo. […]
Esta exposição, que junta o trabalho de Júlio Pomar a uma companhia porventura inesperada, Luisa Cunha, mostra o quanto a obra deste pintor, em sete décadas de trabalho, recorrendo a meios e suportes diferenciados, abriu avenidas no campo das artes plásticas. […]
A sua obra – tal como a de Júlio Pomar a outros níveis – subverte os consensos e as expectativas dos visitantes dos museus, mas mais do que isso, das próprias instituições, baralhando os códigos e as condutas de funcionamento mais comuns, tornando-os ridículos e, por vezes, irrisórios. […]
«O Material Não Aguenta», título da exposição, deriva de uma conversa com a artista, sublinhando a perda da dimensão icónica, celebrativa e por vezes intocável da obra de arte. […]
A obra de Luisa Cunha é, sobretudo, uma obra que dá relevância ao acto de recepção comum, desafiando a atenção e a acutilância da percepção, convidando o espectador a despir-se e a deixar para trás todo o peso institucional que reveste a sua postura, abraçando a liberdade de pensamento e de acção. O material não aguenta, não resiste a tanta convenção.
[Sara Antónia Matos]