Canhota Universal
Mariana Gomes
Textos de Ana Anacleto e Bruno Marchand
Design de vivóeusébio
ISBN 978-989-8902-86-3 | EAN 9789898902863
Edição: Junho de 201
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros
Formato: 12,5 x 19 cm (brochado com sobrecapa)
Número de páginas: 416 (a cores)
Com a Fundação Carmona e Costa
Edição bilingue: português-inglês
Os referentes que Mariana Gomes mais preza são aqueles que se situam na faixa particularmente estreita de inteligibilidade que sobrevive entre o banal e o absurdo.
Este catálogo foi produzido no âmbito da exposição «Canhota», de Mariana Gomes, que decorreu na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, entre 31 de Maio e 13 de Julho de 2019.
A obra de Mariana Gomes, e em particular aquela que a artista tem vindo a produzir nos últimos anos, pode ser lida como uma reacção, simultaneamente cândida e informada, a algumas das armadilhas que a situação artística contemporânea lhe oferece. Por um lado, ela dá por provada a vacuidade das discussões académicas relativamente ao grande destino da arte tanto quanto às suas tendências circunstanciais. Por outro, ela parece sentir que a resposta a este panorama de aparente dispersão da função e do impacto social da arte passa por voltarmos a centrar-nos (individualmente, mas como quem pergunta se alguém quer partilhar) naquilo que nos faria falta se um dia toda a arte — a boa, a má, a socialmente engajada, a esteticamente deslumbrada, etc. — deixasse subitamente de existir. Não há grandes dúvidas que, no caso de Mariana Gomes, a parte da arte que mais falta lhe faria seria constituída por obras da lavra de autores que usam de franca liberdade perante as expectativas da correcção artística, por projectos que manifestam doses generosas de criatividade delirante e por objectos artísticos capazes de religar a nossa consciência crítica adulta com os temas, as imagens e os objectos que a dada altura da nossa infância tiveram uma predominância evidente no nosso imaginário e que vieram, muito pouco tempo depois, a ser aquelas em que baseámos a nossa noção partilhada de vergonha, nojo e medo.
[Bruno Marchand]
Uma característica que nos parece interessante e que ajuda a conferir à obra de Mariana Gomes aquilo a que chamaríamos uma pretensão para a despretensão, é a forma como introduz factores de humor no seu trabalho, recorrendo em muitas situações a referências estilísticas próximas da ilustração ou do cartoon, ou na forma como faz uso da alegoria, parecendo algumas das suas obras pregar-nos partidas, piscarem o olho à menos sofisticada das banalidades ou cortejarem uma qualquer
vulgaridade sentimental.
[Ana Anacleto]
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