quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Blind Faith

Blind Faith 
Diogo Evangelista 


Textos de Joël Vacheron, Nuno Crespo, Pedro Gomes e Diogo Evangelista 
Design de Ana Luísa Bouza 

ISBN 978-989-9006-50-8 | EAN 9789899006508

Edição: Dezembro de 2020 
Preço: 15,09 euros | PVP: 16 euros 
Formato: 16,5 × 24 cm (encadernado) 
Número de páginas: 136 (a cores) 

Com a Escola das Artes (UCP) 

Edição bilingue: português-inglês

Blind Faith (2020) é uma exposição sobre a transformação da sensibilidade e sobre a ligação desta transformação a um sentimento de transcendência. 

Este livro foi publicado por ocasião da exposição Blind Faith, de Diogo Evangelista, com curadoria de Nuno Crespo, na Escola das Artes (UCP), Porto, de 13-02-2020 a 02-10-2020. 



Ainda que o nascimento da arte seja lido por Bataille [em O Nascimento da Arte, Sistema Solar, 2015] como o momento da descoberta de uma força humana técnica e imagética que se opõe a todas as outras forças vivas e que excede a condição da necessidade, do trabalho e da natureza, esse gesto é acompanhado pela expectativa dos primeiros pintores em poder actuar no mundo. Não se tratou, propõe Bataille, de mudar o mundo da mesma forma que se «talha uma pedra», mas de acreditar na «possibilidade de o influenciar; não como influenciava as coisas, trabalhando, mas como influenciava outros homens, pedindo-lhes e obrigando-os, apaziguando-os com dádivas». 

O que está aqui em causa é associar ao gesto artístico o impulso originário de superação do mundo da necessidade, da agressão, do trabalho. A esse gesto corresponde, segundo Bataille, a descoberta do lazer, do riso, do tempo livre. E, claro, é o momento em que os seres humanos se descobrem enquanto espíritos. Esta brevíssima apresentação surge como forma de explorar o modo como superar a biologia, ultrapassar a natureza e conquistar o espaço (terreno e espacial), sempre caracterizou muitas das construções humanas. E como as práticas artísticas ao serem, de algum modo, contra a natureza, no sentido de ambicionarem a sua superação, também potenciam o recentramento da humanidade no mundo. O trabalho que Diogo Evangelista tem vindo a desenvolver pode ser visto neste contexto. Trata-se de uma obra que nas suas múltiplas expressões – escultura, desenho, pintura, vídeo – explora as zonas intersticiais entre arte, ciência, tecnologia, realismo, ficção, tecnologia, natureza. Não se trata de uma errância, mas de uma deambulação através dos movimentos que dão forma a uma espécie de expectativa defuturo. Por isso,encontramos nas suas formaseimagens uma tentativa de explorar o potencial imagético, plástico e criativo da tecnologia, produzindo imagens que podemos localizar entre a ficção científica, a exploração espacial e os ambientes tão sugestivos dos laboratórios de pesquisas científicas onde cremos que o futuro estará a ser fabricado. Imagens estas que têm como consequência fazer-nos perceber as variações sensíveis existentes entre diferentes ambientes humanos. Um dos eixos das obras de Evangelista está na exploração das diferentes formas como a natureza está a ser substituída pela tecnologia. 
[Nuno Crespo]

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