segunda-feira, 14 de junho de 2021

terça-feira, 8 de junho de 2021

A Minha Amiga Nane

A Minha Amiga Nane 
Paul-Jean Toulet 


Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes 

ISBN 978-989-8833-27-3 | EAN 9789898833273 

Edição: Maio de 2021 
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros 
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas) 
Número de páginas: 176


Irmã mais frívola de Naná, de Manon, de Albertine a Desaparecida. 
Nos excessos brilhantes de 1900, uma estranha 
e paradoxal batalha de açúcar salgado. 


[…] Mon amie Nane apareceu em 1905. 
Com Nane, P.-J.Touletera um fauno a contar uma história de demi-mondaine belle époque, irmã mais frívola de Naná, de Manon, de Albertine a Desaparecida. Não construía à sua custa uma trama rica em peripécias, e preferia mostrá-la num compêndio de situações diferentes que acrescentavam, novos a novos traços, o pormenor do seu retrato. Era, nos excessos brilhantes de 1900, uma estranha e paradoxal batalha de açúcar salgado. Mas oiçamos Fredéric Martinez, um dos seus biógrafos: «Está escrito numa prosa saturada de adjectivos, que nos faz lembrar um apartamento de cocotte atravancado por relógios e caixas, estatuetas e esmaltes; entramos lá em ponta de pés, com os braços bem pendurados ao longo do corpo, com medo de partir qualquer coisa. Também nos falta o ar. O capitoso perfume dos advérbios e dos boleios de frase preciosos fazem alguma dor de cabeça; a coisa é bonita de mais para ser honesta. Quer-se mal a Toulet por ele ser desagradável. Deploramos-lhe a misoginia galopante, o assumido anti-semitismo. Gostar-se-ia que o grande estilista fosse um grande homem. Toulet desagrada, e é isto o que nos diverte.» 
Todas estas frases de Martinez procuram definir o incómodo de um objecto insólito; um estranho corpo que surgia a contrapelo do que era previsível na onda do romance oferecido aos leitores dos primeiros anos do século XX. Toulet não levava a sério as regras que o romance tinha estabelecido pela mão de grandes escritores. Era indiferente à continuidade lógica da narrativa, dava a escolher alternativas para a mesma situação, recusava-se ao final de acordes bem marcados, e achava que num sorriso de mulher pode adivinhar-se todo o segredo do seu corpo. Nane define-se nas entrelinhas do que nos é dito por este sorriso e parece muitas vezes menos importante; oferece-se e furta-se ao sabor daquele que a julga impiedosamente com uma «sensibilidade magoada», para utilizar uma expressão de Claude Debussy. Estes momentos de amor cru vistos por um olhar não isento de snobismo, embrulhados numa prosa de bom ouvido e amor às palavras, destinou-se a perdurar sob desconfiados olhares de esguelha que não souberam evitar-lhe um garantido lugar de «clássico marginal». 
[Aníbal Fernandes]

A Ideia de Felicidade na Cultura Europeia — Eticidade, Moralidade e Transcendência

A Ideia de Felicidade na Cultura Europeia  
Eticidade, Moralidade e Transcendência 

Manuel Afonso Costa 


ISBN 978-989-9006-62-1 | EAN 9789899006621 

Edição: Maio de 2021 
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros 
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas) 
Número de páginas: 224


Porque é que a promessa de felicidade se transformou progressivamente num imenso pesadelo? Não num pesadelo total, mas mesmo assim pesadelo o suficiente para se falar reiteradamente de fracasso e falência da aventura da modernidade. 


O que é que o homem procura quando procura a felicidade? O que é que o homem encontra quando encontra (ou pensa que encontra) a felicidade? Estas são perguntas sem resposta objectiva. Em boa verdade são perguntas às quais não espero nem esperava responder. Espero, todavia, que através de sucessivas aproximações temáticas aos conteúdos que as perguntas subentendem, quer dizer, aos domínios onde a ideia de felicidade se encontra implicada directa ou indirectamente, de forma próxima ou apenas remota, o tema e os problemas possam dilucidar-se por si mesmos. O esboço de qualquer resposta objectiva às questões formuladas, para além da ingenuidade de que daria provas, redundaria paradoxalmente num amontoado de sentenças, inevitavelmente subjectivas. Em contrapartida, o esforço de contextualização, os rodeios ou digressões teoréticas, o levantamento de paradigmas temáticos adjacentes, o afloramento tópico de orientações existenciais, de perspectivas normativas, de modos de vida ou de formas de comportamento subordinados a princípios ético-morais, etc., tudo isso acabará por se tornar bastante objectivo. Deste modo, quase que se pode dizer que para se falar (saber) da felicidade interessa falar o menos possível de felicidade, até porque uma fenomenologia do sentimento feliz não é mais do que um momento na abordagem do tema e dos menos importantes. 
[…] 
A ideia de felicidade, se não é a chave, é seguramente uma das chaves privilegiadas, talvez a mais privilegiada, para abrir o imenso segredo da maior contradição, paradoxal esta, da modernidade, e que reside no facto de que pensando a cultura moderna levar por diante o grande processo da emancipação, da realização plena da vida humana em cenário mundano, cavou cenários que se aparentam a formas de escravatura moderna. […] 
Finalmente, o que de facto penso e já o pensava à partida é que a modernidade, tal como eu a entendo etal como salientou Habermas, é apenas um projecto em crise, conjunturalmente interrompido, mas não esgotado nas suas potencialidades emancipadoras. 
[Manuel Afonso Costa]

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Manuel Cargaleiro — Uma Vida Desenhada

Manuel Cargaleiro — Uma Vida Desenhada 
Manuel Cargaleiro 


Edição de João Pinharanda 

978-989-9006-81-2 | EAN 9789899006812 

Edição: Abril de 2021 
Preço: 35,85 euros | PVP: 38 euros 
Formato: 21 × 27 cm (encadernado) 
Número de páginas: 208 (a cores) 

Com o apoio da Fundação Manuel Cargaleiro 

Edição bilingue: português-inglês 

«Principalmente, são formas de alegria e esperança de vida, ilhas de felicidade que Cargaleiro cultiva numa dimensão e persistência que raramente se encontra na 
produção artística portuguesa; que, de qualquer modo, em nenhum outro artista, 
se constitui como centro da acção criativa e como eixo de sentido do conjunto da obra.» 
[ Siza Vieira in Manuel Cargaleiro, Vida e Obra, Museu Cargaleiro ] 


Este livro foi publicado por ocasião da exposição Manuel Cargaleiro — Uma Vida Desenhada, com curadoria de João Pinharanda, realizada no Museu Cargaleiro, em Castelo Branco, a partir de 5 de Junho de 2021. 


Este livro lança, a partir do desenho, pontes de interpretação entre todas as dimensões da obra de Manuel Cargaleiro (seja a pintura, sejam as várias dimensões dos seus trabalhos cerâmicos), ou seja, faz-nos entender melhor a génese do seu trabalho mas também os diálogos que estabelece com a tradição dos saberes artesanais e a história da arte do seu tempo, fazendo parte da estratégia de democratização que referimos. Na verdade, estes desenhos necessitarão de ser lidos em paralelo com a restante criação de Manuel Cargaleiro (centenas de outras obras de pintura e cerâmica). Como sabemos, o desenho mantém grande autonomia face às outras expressões na obra de todos os artistas e é como desenhador, na dimensão de liberdade e autoridade que essa disciplina confere, que principalmente o vamos considerar. 
Percebemos na sua obra uma constante atenção ao mundo que o rodeia. É uma atitude que caracteriza a sua maneira de ser e Manuel Cargaleiro exprime-a como curiosidade pela natureza, suas formas e seus materiais, seus modelos e possibilidades técnicas de representação — essa leitura dá-nos o essencial do seu procedimento e atitude abrindo a via para as suas criações. 
[João Pinharanda]

Europa à Vista?!

Europa à Vista?! 
Michael Kountouris 


Introdução de Alberto Mesquita, 
Apresentação de Rui Tavares, 
Coordenação editorial de António Antunes 
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ISBN 978-989-9006-86-7 | EAN 9789899006867 

Edição: Junho de 2021 
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros 
Formato: 17 × 21 cm (encadernado) 
Número de páginas: 120 (a cores) 

Com o apoio da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira 

Edição bilingue: português-inglês

Rui Tavares: «A Europa não é europeia quando se esquece que foi mulher e refugiada. 
A Europa não é europeia quando se esquece da sua história.»

 

Através do traço de Michael Kountouris, já muitas vezes premiado ao longo da sua carreira com mais de trinta anos, esta é uma exposição que marca a atualidade e é um convite aberto à reflexão sobre a União Europeia dos nossos dias. Uma reflexão que não esquece os valores que estão na base da sua criação, mas que expõe também, em muitos dos trabalhos apresentados, os grandes desafios que hoje em dia se apresentam à Europa. 
[Alberto Mesquita] 

No mito grego de Europa, a primeira coisa a saber é que Europa não é europeia. Europa é o nome de uma princesa fenícia que foi vista por Zeus numa praia que seria no atual Líbano e, portanto, na Ásia. O deus dos deuses enamorou-se dela e decidiu seduzi-la, raptá-la ou violá-la (é impossível distinguir o sentido nas fontes gregas antigas) transformando-se em touro e levando-a pelo mar até à ilha de Creta.
Só aí Europa pisa o continente que tem o seu nome, e se torna europeia. Se formos às origens, portanto, Europa não é o nome de uma fortaleza que recusa a entrada de refugiados. Pelo contrário, Europa é o nome de uma mulher, ela própria refugiada e talvez vítima de violência sexual. 
[…] 
A Europa de Kountouris pode ser uma princesa sim, mas uma princesa egoísta e distante e não aquela que se banhava simples na praia quando Zeus a raptou. A Europa de Kountouris pode ser o vizinho que fecha os olhos à ascensão dos nazismos mas que se incomoda com o menino, o refugiado morto cujo crime foi ter vindo das praias orientais para as ocidentais — como a própria Europa foi forçada a fazer. 
[Rui Tavares] 

Michael Kountouris nasceu em 1960, em Rodes, na Grécia. Desde 1985, tem trabalhado como cartoonista editorial em jornais e revistas gregos. Trabalha atualmente no jornal Efimerida ton Syntakton. Colabora também com o Courrier International e a Caglecartoons. Tem participado em muitas exposições individuais e coletivas na Grécia e no estrangeiro. Desde 2011, tem trabalhado em projetos inovadores para a utilização de cartoons no sector da Educação.

Rosstoons

Rosstoons 
Ross Thomson 


Introdução de Alberto Mesquita
Coordenação editorial de António Antunes 

ISBN 978-989-9006-87-4 | EAN 9789899006874 

Edição: Junho de 2021 
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros 
Formato: 17 × 21 cm (encadernado) 
Número de páginas: 120 (a cores) 

Com o apoio da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira 

Edição bilingue: português-inglês


Defensor do gag visual que não exige palavras e traduções, 
os seus cartoons atraem um público global.



Desde 2008 que a Cartoon Xira conta com a presença de um convidado internacional, a qual acrescenta ainda mais valor a esta grande Exposição dedicada ao desenho humorístico. Nesta edição de 2021 damos calorosas boas-vindas ao cartoonista Ross Thomson, um artista do Reino Unido cuja presença em Vila Franca de Xira vem provar que a criatividade e a cultura não conhecem fronteiras. 
[Alberto Mesquita] 

Ross Thomson, cartoonista e ilustrador, é conhecido profissionalmente por Ross. As suas obras já apareceram em publicações como Reader’s Digest, Playboy, Private Eye e London Times, livros infantis, campanhas publicitárias, anúncios de TV e numa tira chamada «Hoff of Heybridge Heath» no Saturday Times. Nascido em Hawick, Escócia, em 1938, frequentou o Edinburgh College of Art, onde se formou em Artes Gráficas. […] Um convite de Skopje, na então Jugoslávia, no início dos anos 70, abriu as portas para o universo dos festivais, prémios, viagens internacionais e encontros com cartoonistas de todo o mundo. […] Defensor do gag visual que não exige palavras e traduções, os seus cartoons atraem um público global.

Cartoons do Ano 2020

Cartoons do Ano 2020 
António Antunes, André Carrilho, Cristina Sampaio, João Fazenda, Vasco Gargalo, António Maia, Henrique Monteiro, Rodrigo de Matos, Cristiano Salgado, 
Nuno Saraiva 


Introdução de Alberto Mesquita 
Apresentação de Pedro Mexia 
Comentários de José António Lima 
Coordenação editorial de António Antunes 

ISBN 978-989-9006-88-1 | EAN 9789899006881 

Edição: Junho de 2021 
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros 
Formato: 17 × 21 cm (encadernado) 
Número de páginas: 128 (a cores) 

Com o apoio da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira 

Edição bilingue: português-inglês


Pedro Mexia: «É que enquanto muita gente exige cartoons sem exageros, o mundo anda tão exagerado que até o exagero parece um eufemismo.» 



O tema incontornável nesta retrospetiva é a pandemia de Covid-19, que aliás acaba por ser transversal a muitos outros aspetos também relevantes da conjuntura social e política nacional e internacional. Num ano tão difícil quanto este que atravessámos, tornou-se ainda mais importante a presença do humor nas nossas vidas, sendo por vezes o elemento catalisador que nos ajudou a renovar energias e a enfrentar tantas circunstâncias dramáticas que preencheram o nosso dia-a-dia. 
[Alberto Mesquita] 

Nos últimos tempos, os cartoonistas tornaram-se alvos habituais de reacções fortes. Reacções fortes a ideias fortes são compreensíveis e até desejáveis, mas os cartoons costumavam ser vistos, antes de mais, como um efeito forte. Os cartoonistas têm ideias, claro, mas também têm um método, que é o exagero. E esse método passou a ser tratado como uma ideia, quer dizer, como uma afronta. 
[…] 
Esta antologia dos melhores cartoons portugueses de 2020 mostra-nos um planeta doente. Trata-se, em primeiro lugar, da pandemia e dos medos que desencadeou. O coronavírus, com a sua característica (e microscópica) configuração, faz-se bem visível nestas páginas: é uma bola, um novelo, um escudo, um sol, uma forma que tomou conta da nossa existência e da nossa imaginação visual. Mas depois vem o «exagero» de apresentar a Covid como um de vários vírus em voga, entre os quais o neonacionalismo, o fundamentalismo, a democracia iliberal ou os líderes mundiais com penteados estrambólicos, incluindo aquele que achava que isto ia lá com lixívia. É que enquanto muita gente exige cartoons sem exageros, o mundo anda tão exagerado que até o exagero parece um eufemismo. 
[Pedro Mexia]