quinta-feira, 20 de abril de 2023

Animismo e Outros Ensaios — Sobre Fotografia e Cinema

Animismo e Outros Ensaios — Sobre Fotografia e Cinema
Margarida Medeiros


ISBN 978-989-568-063-4 | EAN 9789895680634

Edição: Março de 2023
Preço:16,98 euros | PVP: 18 euros
Formato: 16 × 26 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 184 (a cores)



O animismo constitui hoje uma abertura para pensar o humano […] como modo de pensamento estruturante de uma visão sensível do pensamento, e atravessa não apenas a história do cinema e da fotografia como algumas das propostas mais pertinentes nas artes visuais contemporâneas.

 




Neste conjunto de ensaios, procurei temáticas ou conceitos — caminhos, entre muitos outros possíveis — que me parecem atravessar as ontologias respectivas da fotografia e do cinema, bem como o cruzamento entre ambos. Não tanto no sentido de arrumar os conceitos em colunas paralelas ou relativas a cada meio e que se sobreporiam no final, mas pensando-os como oscilando de um lado para o outro, como ondas verticais, que se chocam e se sobrepõem frequentemente.

 

Os nove ensaios aqui recolhidos começaram a ser redigidos no contexto do repensamento do meu seminário de mestrado intitulado «Fotografia e Cinema» e têm, portanto, uma estreita relação com a necessidade de levantar questões, mais do que dar respostas. Por outro lado, como se verá, o tema de cada um dos ensaios cruza-se frequentemente com outro ou outros, revelando ligações intersticiais e entrelaços que, se é importante serem pensados per si, também se reconhece o inevitável cruzamento, e mesmo sobreposição, entre eles.

 

Chamei, pois, a estes textos ensaios porque foram escritos sem preocupação totalitária ou exaustiva, fora de qualquer obsessão analítica ou de esgotar a reflexão sobre estes media e, sobretudo, contra a prática académica dominante nos nossos dias: artigos que se pretendem conclusivos e produtivos, de modo a entrarem numa espécie de corrida de obstáculos durante a qual cada etapa representa um gesto de tranquilização e de certeza sobre as vantagens dessa (suposta) produtividade. João Barrento chamou ao ensaio o «género intranquilo», e é nesse lugar de tentativa e erro, de busca de verdade ou de uma totalidade não totalitária, que gostaria de inscrever este livro.

[Margarida Medeiros]

Vampires in Space

 

Vampires in Space
Pedro Neves Marques

Edição de João Mourão e Luís Silva
Textos de Filipa Ramos, João Mourão, Luís Silva, Manuela Moscoso, Pedro Neves Marques
Design de Studio Remco van Bladel

ISBN 978-989-568-069-6 | EAN 9789895680696

Edição: Abril de 2023
Preço: 24,53 euros | PVP: 26 euros
Formato: 19 × 31 cm (encadernado)
Número de páginas: 216 (a cores)
Em colaboração com a Sternberg Press

Edição bilingue: português | inglês



Uma família de vampiros viaja pelo espaço, transportando vida para um planeta distante. Na solidão da viagem, recordam o seu passado na Terra. O filme e poesia de Pedro Neves Marques oferecem uma reflexão sobre o papel da ficção nas nossas vidas, com especial atenção às experiências transgénero e não-binárias.


Vampires in Space apresenta-se como uma história sem princípio nem fim, na qual o mais importante é a viagem e não o destino. Enquanto os cinco poemas em exposição misturam o biográfico com o fantástico, reflexões sobre género e sexualidade e variadas referências cinematográficas e culturais dos nossos tempos, o filme, distribuído por três salas do espaço expositivo, centra-se nos sentimentos e dramas das personagens, que são confrontadas com a necessidade de viver, durante séculos, num espaço confinado, sem outro exterior que não, apenas, literalmente, o espaço para a imaginação e rememoração. São personagens, entre cisgénero e transgénero, que têm todo o tempo que possam imaginar e que na claustrofobia dessa infinitude temporal procuram lembrar-se de quem foram nas suas múltiplas vidas anteriores, do toque e memória somática dos seus amores passados, que se esforçam por manter viva aquela sua família atual e por acreditar na possibilidade de outros futuros e vivências.
 
Vampires in Space recorre assim à figura e expectativas associadas ao que consideramos ser um «vampiro» para abordar questões de identidade de género, famílias não-nucleares, reprodução queer, bem como o papel da intimidade e da saúde mental e emocional nos dias de hoje. A longevidade imaginada do vampiro, reforçada aqui pela distância física tanto do planeta Terra como da noção de humanidade, permite um exercício retrospetivo que pode ser entendido como uma «autoficção científica», ancorada na própria experiência pessoal trans não-binária de Neves Marques, bem como uma crítica política de uma extensa história de controlo dos corpos, do desejo e da imaginação.

[João Mourão e Luís Silva]

Algum Desenho a partir de Gaëtan – Obras da Colecção Alberto Caetano

 

Algum Desenho a partir de Gaëtan – Obras da Colecção Alberto Caetano
Vários autores

Textos de Alberto Caetano, Filipa Oliveira, Inês de Medeiros, Joana P.R. Neves

ISBN 978-989-568-093-1 | EAN 9789895680931

Edição: Abril de 2023
Preço: 18,87 euros | PVP: 20 euros
Formato: 17 × 22,5 cm (brochado)
Número de páginas: 160 (a cores)

Com a Fundação Carmona e Costa e a Casa da Cerca – Câmara Municipal de Almada

Edição bilingue: português | inglês



Joana P.R. Neves: «Desenhar era um fenómeno misterioso, considerado por muitos artistas como a habilidade máxima necessária para atingir a excelência. Estas no ções foram consolidadas nas histórias em torno de artistas da Grécia Antiga, como Apeles ou Zêuxis, cuja excelência vinha precisamente das suas aptidões para o desenho, que Plínio, o Velho descreveu como o “apogeu da habilidade”.»



FILIPA OLIVEIRA: Quando é que começaste a tua colecção?
ALBERTO CAETANO: Ainda não sabia o que era uma colecção, mas teria doze ou treze anos. […] O primeiro artista com quem consegui falar foi com Abel Manta. Liguei-lhe para casa e disse a quem me atendeu que gostaria de falar com ele, porque queria que me oferecesse um desenho. Na altura tinha treze anos. Disseram-me para o ir visitar a casa e marcaram um dia. Foi assim que ganhei um amigo e uma amiga do coração, a sua mulher, a pintora Maria Clementina, com quern passei horas em conversas…
[…]
FO: Falaste que o Rodrigo te tinha im pressionado muito. Quando compraste o quadro que tens dele?
AC: Foi em 1988, na Quadrum. Penso que o Joaquim Rodrigo tinha acabado uma exposição na galeria, porque os quadros estavam todos pousados no chão, em fila, encostados às paredes. Ao fundo da galeria, junto à porta do escritório, lá estava o quadro. Chamou-me a atenção e dirigi-me a ele num ápice. Encantou-me a sua simplicida de e sobriedade. Perguntei à Maria da Graça [Carmona e Costa], que na altura ajudava a Dulce na galeria, quanto custava aquele quadro. E respondeu-me que aguardasse um momento, que ia perguntar à Dulce. Veio com a resposta, de que sendo necessário apoiar os jovens coleccionadores, me faria o preço de oitenta e oito contos. Perguntei se podia usar o telefone da galeria para ligar para casa e foi num grande alvoroço que pedi o dinheiro emprestado à minha mãe. Nesse mesmo dia trouxe o quadro para casa, montado em cima de um táxi e embrulhado em cobertores. Posteriormente, a Dulce apresentou-me ao Rodrigo, a quem tinha contado a história do jovem coleccionador que comprara o quadro. Ele virou-se para mim e disse: «O menino fez uma péssima compra. É o meu pior quadro. Devia ter comprado os outros, que são os verdadeiros!».

Angeli – 50 Anos de Humor

 

Angeli – 50 Anos de Humor
Angeli

Curadoria e coordenação editorial de António Antunes
Textos de Fernando Paulo Ferreira e Millor Fernandes

ISBN 978-989-568-091-7 | EAN 9789895680917

Edição: Março de 2023
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros
Formato: 17 × 24 cm (encadernado)
Número de páginas: 128 (a cores)

Com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
Edição bilingue: português | inglês



Millor Fernandes: «Em tempo quando Arnaldo nasceu, o pai, vendo com orgulho que tinha pela frente um branco, classe média e macho, e não querendo humilhar ninguém com o ser que apresenta ao Brasil, chamou-o de Angeli. Anagrama de genial.»
 



Eis o Angeli, um dos ícones de nosso desenho de humor. Da geração de Laerte, Glauco, Paulo e Chico Caruso. Todos de São Paulo. Embora Chico já esteja tão carioquizado que vereadores paulistas vão lhe dar o título de Paulista Honorário.
Desenhista de humor, como batismo, é definição analítica. As definições sintéticas, chargista, ou caricaturista, são redutivas e depreciativas, mas o nome não importa. Com qualquer nome, o desenho do Angeli é a busca, bem-sucedida, de retratar o escroto que está diante de nós e nós não vemos. Diz aí, Amália, é porque são nosso reflexo? Que é isso, mulher?, fecha esse Freud de bolso e vem pra cama. E nada de foque-foque, ou fuc-fic. É vamos apreciar juntos essas figuras de os Figuraços, da República dos Bananas do Angeli.
Olha bem as caras desses caras como ele viu. Claro que pertencem a um mundo mais baixo, mais escroto, como eu disse, não existe outro adjetivo. Mais escroto do que o nosso, esclareço. E o nosso não é lá essas coisas. Existe em qualquer lugar, no submundo ou no sub-sub- -mundo, uma sociedade tão compacta como essa que Angeli retrata? Claro que não. A República do Bananão, do Ivan Lessa, existe. Existe em nosso mundo, é visível e até louvada, mas sobretudo esculhambada e se chama burguesia.
A do Angeli, os Figuraços, existe no íntimo do «artista». Ele vê, e nos mostra, e só aí nós nos vemos (brr!).
[Millor Fernandes]
 
No ano em que completa 67 anos, Angeli traz-nos uma retrospetiva de uma carreira que começou aos 14 anos de idade. Este artista plástico, que levou o seu desenho humorístico a diversas publicações, mas também à televisão e ao cinema, foi o responsável pelo surgimento, em 1983, da revista Chiclete com Banana, um sucesso editorial considerado, até hoje, como uma das mais importantes publicações de banda desenhada para adultos já editadas no Brasil.
[Fernando Paulo Ferreira]

Cartoons do Ano 2022

 

Cartoons do Ano 2022

António, Carrilho, Cristina, Fazenda, Gargalo, Maia, Monteiro, Rodrigo, Salgado, Saraiva, Silva

Curadoria e coordenação editorial de António Antunes
Textos de Bárbara Reis, Fernando Paulo Ferreira e José António Lima

ISBN 978-989-568-092-4 | EAN 9789895680924

Edição: Março de 2023
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros
Formato: 17 × 24 cm (encadernado)
Número de páginas: 128 (a cores)

Com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

Edição bilingue: português | inglês


Os cartoons são opiniões em forma de desenho, críticas rápidas que se podem ver em segundos, mas que têm o poder de mudar o mundo. São atravessados por ironia, pelo mordaz e pelo ridículo, fazem-nos rir ou sentir um desconforto profundo, são leves ou pesados, cúmplices ou incómodos. Tudo se passa a alta velocidade. Em média, os leitores leem um jornal inteiro em dez minutos. Faça as contas.



Os autores destes cem cartoons são comentaristas, como se dizia no início do século XX, retratistas ou cartoonistas, observadores que têm uma malícia fina e um misto de amargura, ironia e optimismo. São cartoonistas que tomam posição, escolhem um lado, expõem um paradoxo, uma hipocrisia, uma fragilidade, uma prepotência. Com rebeldia, liberdade e uma combinação de fora de escala e porta aberta para o irracional e para a nossa infância, fazem a síntese dos nossos dias. É essa a sua força.
Mas a força destes desenhos também está na cumplicidade direta que temos com eles. Sabemos quem é Putin, conhecemos o seu nariz; sabemos quem é Kim Jong-un, conhecemos o seu corpo redondo de pernas curtas; sabemos quem é Khamenei, conhecemos a sua barba. O mesmo para Costa, Rebelo de Sousa, Jerónimo de Sousa. Não são precisas apresentações, introduções, contextualizações. Estes desenhos não nascem sozinhos. Precisam de jornais e de leitores de jornais. Olhar para eles faz parte da experiência de ler um jornal e querer saber o que se passa no mundo.
Este livro é um passeio incómodo. Rimos, de nós e dos outros, mas sobretudo dos outros. E sentimos um mal-estar profundo, por nós e pelos outros. O ano foi assim e este livro só podia ser assim.
[Bárbara Reis]