quarta-feira, 8 de novembro de 2023

1983

 

1983
João Pedro Vale, Nuno Alexandre Ferreira

Textos de Maria e Armando Cabral, Alexandre Melo, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, Mário Cesariny, André Tecedeiro
Tradução de Colin Ginks
Design gráfico de vivóeusébio

ISBN 978-989-568-109-9 | EAN 9789895681099

Edição: Outubro de 2023
Preço: 26,42 euros | PVP: 28 euros
Formato: 15 × 24 cm (brochado)
Número de páginas: 332 (a cores)

Edição bilingue: português-inglês
Com a Rialto6


«Uma cama de alarme antes da eternidade» Mário Cesariny, «O Navio de Espelhos», in Titânia e a Cidade Queimada, 1977

 



1983 é título de uma instalação e performance evocando uma cena de rua, em noite chuvosa, numa zona de Lisboa por vezes chamada marginal no que a sexo diz respeito. Uma paragem de autocarro, dois homens sentados.

1983 é também o ano das primeiras notícias sobre SIDA em Portugal. Uma crise global revelou então — como hoje a emergência climática, a COVID ou o terrorismo de Putin — a eminente vulnerabilidade da vida e liberdade humanas.

A SIDA revelou também a homofobia estrutural que atrasou de modo criminoso as decisões políticas necessárias para a enfrentar e desencadeou uma vaga de militâncias que hoje, quarenta anos depois, manifestam evoluções significativas nas lutas anti-racistas, feministas e contra o totalitarismo heteronormativo, constituindo decisiva parte integrante da luta contra as novas vagas com vocação neofascista (de Trump a Bolsonaro).

Em Portugal, por razões históricas que se podem considerar evidentes (o longo período de ditadura política e a hegemonia das versões mais conservadoras da religião católica), não há uma linhagem explícita de «arte gay» (nem mesmo nos anos 60) e muito menos uma presença significativa das temáticas e debates queer na área das artes plásticas. O trabalho de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, além da relevância no campo específico da escultura/instalação e dos «filmes de artista» — nomeadamente variações queer, ou camp, a partir de Moby Dick e Werther —, tem uma relevância política e ideológica que em Portugal podemos considerar excepcional.

[Alexandre Melo]

Sem comentários:

Enviar um comentário