Callas e os Seus Duplos — Metamorfoses
da Aura na Era Digital
João Pedro Cachopo
«Quase
meio século após a morte de Maria Callas (1923-1977), o mito da cantora
persiste. Somando-se a exposições, documentários e biografias, multiplicam-se
os projectos em que os novos meios desempenham um papel decisivo: um dueto
virtual, um espectáculo holográfico, uma ópera multimédia.
Callas
e os Seus Duplos examina o paradoxo que atravessa estes projectos. Por um
lado, o fascínio pela disseminação de imagens, cópias e duplos é manifesto, e é
com entusiasmo que se recorre a meios digitais para reanimar a memória e o
legado da intérprete. Por outro lado, mantém-se a obsessão pelos valores do
original: a autenticidade, a presença, a imediatez. Afinal, numa era marcada
pelo triunfo da reprodutibilidade técnica, a aura sofre um declínio ou uma
metamorfose? E o que nos diz a aceleração do mito de Callas, não apenas sobre a
artista, mas também sobre nós e sobre o nosso tempo?»
[João Pedro Cachopo]
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