«No espaço de poucos pés quadrados, estava agachada, recurva sobre si mesma, uma criatura talvez humana. Dizemos talvez, porque a face contraída pelo sofrimento revelava uma expressão medonha, em que a loucura se confundia com a raiva. Os cabelos prematuramente embranquecidos, ondeavam-lhe desgrenhados sobre os ombros; alguns farrapos cobriam apenas a nudez da miserável mulher. Caíam-lhe os braços sobre os joelhos retraídos. Servia-lhe de leito alguma palha fétida. O único postigo do cárcere tinha sido ladrilhado. Nem ar, nem luz neste túmulo: era o in pace da morte antes do traspasse.»
A Freira no Subterrâneo, com o português de Camilo Castelo Branco, Sistema Solar, 2012, p. 41.
A Freira no Subterrâneo, com o português de Camilo Castelo Branco, Sistema Solar, 2012, p. 41.
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