Joseph Roth
Judeus Errantes
Sistema Solar
Tradução de Álvaro Gonçalves
Publicado pela primeira vez em 1927, quando as almas mais atentas já começavam a perceber que os nacional-socialismo alemão havia de transformar a Europa em escombros e as mais benevolentes achavam que estava tudo bem, Judeus Errantes é um ensaio elogioso sobre os judeus orientais, evoluindo do elogio para a reflexão sobre a identidade judaica, a religião e o anti-semitismo.
No seu modo magistral de usar a escrita como processo de pensamento, cruzando histórias e episódios com uma imensa erudição sobre o tema a que se dedica, Joseph Roth desfia a eterna epopeia judaica a partir dos contextos que conhece por experiência própria (a Europa Central, sobretudo) e das conversas que vai tendo e recolhendo com judeus de Viena, Berlim, Paris, muitos vindos da Rússia, da região da Galicia, dos vários torrões espalhados pela queda do império Austro-Húngaro, e muitos procurando maneiras de chegar ao Ocidente, em particular aos Estados Unidos da América. A forma como descreve a relação dos judeus com a religião é tão comovente como marcada pelo humor, aquele tipo de humor contido e inteligente que reservamos para aquilo que mais respeitamos. Pelo contrário, a referência ao sionismo é implacável, separando as águas entre identidade e nacionalismo. Com Roth, aprende-se mais sobre religião do que em qualquer catequese, mais sobre o conflito israelo-palestiniano do que em horas de visionamento televisivo das notícias e mais sobre a natureza humana do que em muitos romances aspirantes a universais.
Sara Figueiredo Costa
[publicado na Time Out, Fev. 2013 e no Cadeirão Voltaire]
Judeus Errantes
Sistema Solar
Tradução de Álvaro Gonçalves
Publicado pela primeira vez em 1927, quando as almas mais atentas já começavam a perceber que os nacional-socialismo alemão havia de transformar a Europa em escombros e as mais benevolentes achavam que estava tudo bem, Judeus Errantes é um ensaio elogioso sobre os judeus orientais, evoluindo do elogio para a reflexão sobre a identidade judaica, a religião e o anti-semitismo.
No seu modo magistral de usar a escrita como processo de pensamento, cruzando histórias e episódios com uma imensa erudição sobre o tema a que se dedica, Joseph Roth desfia a eterna epopeia judaica a partir dos contextos que conhece por experiência própria (a Europa Central, sobretudo) e das conversas que vai tendo e recolhendo com judeus de Viena, Berlim, Paris, muitos vindos da Rússia, da região da Galicia, dos vários torrões espalhados pela queda do império Austro-Húngaro, e muitos procurando maneiras de chegar ao Ocidente, em particular aos Estados Unidos da América. A forma como descreve a relação dos judeus com a religião é tão comovente como marcada pelo humor, aquele tipo de humor contido e inteligente que reservamos para aquilo que mais respeitamos. Pelo contrário, a referência ao sionismo é implacável, separando as águas entre identidade e nacionalismo. Com Roth, aprende-se mais sobre religião do que em qualquer catequese, mais sobre o conflito israelo-palestiniano do que em horas de visionamento televisivo das notícias e mais sobre a natureza humana do que em muitos romances aspirantes a universais.
Sara Figueiredo Costa
[publicado na Time Out, Fev. 2013 e no Cadeirão Voltaire]
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