quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Res Prima I Manuel Rosa, Tomás Maia


Res Prima
Manuel Rosa, Tomás Maia


ISBN 978-989-9006-13-3 | EAN 9789899006133

Edição: Novembro de 2019
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 14,5 x 20,5 cm (brochado)
Número de páginas: 128

Com a Ala da Frente – Câmara Municipal de V.N. Famalicão

Edição bilingue: português-inglês






«Se o tempo leva e traz todos os corpos, a escultura dá corpo ao tempo. 
É ele, o tempo, a res prima do escultor.»
[Tomás Maia]


Este livro, Res Prima, foi publicado por ocasião da exposição «Manuel Rosa — primeiro os pés depois a cabeça», com curadoria de António Gonçalves, realizada na Galeria Ala da Frente, em Vila Nova de Famalicão, de 28 de Setembro de 2019 a 17 de Janeiro de 2020.


Foi quando saiu da gruta que o artista nasceu.
A gruta é o corpo — todo interior — da mãe da espécie. A mãe de cada um já era só interior: uma estranha entranha; intimamente desconhecida. Mas o artista nasceu quando se tornou ele mesmo mãe fazendo-se filho do húmus (mostrando assim a verdade do humano, daquele que se inuma e se exuma: que cultua os mortos como origem da cultura).
(A inumação antecede de alguns milhares de anos os primeiros sinais deixados em grutas.)

Esse segundo nascimento sucede ao nascimento biológico; entre os dois há a revelação ou o choque da existência. É um tal choque que abre irreparavelmente o humano — que faz do nosso corpo uma ferida aberta pela qual cada um terá de sair.
Há o primeiro nascimento, pelo sexo da mãe, e há o segundo — pela «cona da existência» (como dirá a personagem Malone, de Beckett). Chamemos a isso — que coincide com a emergência da espécie — nascimento do poeta (de todo aquele que cria).
A questão humana é portanto a seguinte: que fazer com o choque da existência? Nascer na morte.
(Sem dúvida, houve e há uma segunda resposta à mesma questão: matar a morte. E as duas respostas traçam o duplo caminho dos humanos. Por vezes — muitas vezes, quase sempre — traçam a encruzilhada que nos situa, simplesmente, face ao mal…)
Mas atentemos na resposta da arte: nascer na morte.
A cabeça do poeta pousa sobre uma cabana de pedra, a gruta primitiva. O poeta pôs-se à escuta de um eco antiquíssimo. Do que ele escutar, transcrevo as notas para este livro.
[Tomás Maia]

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