quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

A Sequência dos Dias – Escultura

A Sequência dos Dias – Escultura
Rui Matos

Textos de Rui Matos, Eva Mendes e André Silveira
Fotografias de Rui Matos e Marta Poppe

ISBN 978-989-568-0648-1 | EAN 9789895680481

Edição: Novembro de 2022
Preço: 23,58 euros | PVP: 25 euros
Formato: 23,5 × 33,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 128 (a cores)

Com a Fundação Carmona e Costa

Edição bilingue: português | inglês


Rui Matos: «Cada escultura é um ser individual, irrepetível e completo. Interessam-me as relações que estabelecemos com os objectos que criamos, principalmente os mais simples e ancestrais que implicavam uma relação directa com a mão, o corpo e o gesto.»



As esculturas de Rui Matos são portais, mapas silenciosos de precipícios e becos sem saída que levitam graciosamente na sua imensidão. Não procuram caminhos reais nem respostas para o segredo do seu engenho sedento de movimento. A ferrugem e o ferro olham para a cal do gesso e vêem a sua infância — e a verdade urge! Essa transparência escultórica revela-se ao nosso encontro e torna-se una, evidente, sensível, concreta — como a água do rio que lava as pedras que o acompanham. Partilham generosamente o seu corpo com o nosso e apenas em dias de vento murmuram entre si o peso da matéria — a imagem divina.
[…]
A passagem para o ferro marca no percurso do artista a concretização clara da presença do desenho no seu pensamento escultórico. São reunidos, como num cenário ou palco teatral, seres e objectos insólitos que deixam o seu rasto como num mapa, culminando em arenas de observação — simultaneamente privadas e transparentes ao ferro. Por vezes geométricas, por vezes antropomórficas, praticam entre si desenhos tridimensionais de habitats vertiginosos — formas anómalas (no limiar do enigma) ao peso da matéria.
[…]
Escondidas no recanto do salão, repousam imagens de aparentes maquetas — pequenas e intrigantes esculturas-pinturas. Desenvolvidas ao longo dos últimos anos, representam o interesse do artista numa investigação sobre o retorno da cor à pureza da matéria; e como essa se altera e se transforma conforme a aplicação cromática experimental. Apesar de a pintura ser transversal à exposição — por vezes surgindo silenciosamente em banhos monocromáticos de verdes pantanosos e azuis celestiais —, é nesta composição que encontramos o jogo da percepção levado ao limite do meio, abrindo portais para caminhos impossíveis — linhas rectas sinuosas, portas que não abrem por entre as escadas falsas, inadequadas à sua função. Ergue-se, assim, um novo — outro — lugar poético da escultura.
[Eva Mendes]

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