Codine
Panait Istrati
Codine, transformado no fora-da-lei por um sentimento cheio de violência contra a injustiça dos homens. Adrien, um apaixonado aprendiz do seu desiludido conhecimento dos males do mundo. Um estranho, incómodo e radical conceito do amor-amizade.
Os títulos do Istrati ficcionista vão aparecendo com uma imperturbável regularidade. Constroem aos poucos uma disfarçada autobiografia onde teremos de destrinçar o realmente vivido do literariamente contado, e que se divide em várias secções. As Narrativas de Adrien Zograffi incluem Kyra Kyralina, O Tio Anghel, Apresentação dos Haiduques e Domnitza de Snagov; A Infância de Andrien Zograffi inclui Codine, Mikhail, As Minhas Partidas e os contos de O Pescador de Esponjas; A Vida de Andrien Zograffi inclui A Casa Thüringer, A Agência de Empregos, Mediterrâneo. Fora deste extenso zograffismo está um dos seus romances mais célebres (Os Cardos do Baragan) que as memórias da sua vida inspiram mas escapa à presença explícita do Istrati-Zograffi.
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Panait Istrati conviveu com Codine cerca de cinco anos, desde 1891 a 1896, ou seja, desde os seus sete aos doze anos de idade. E a passagem a literatura desta apaixonada admiração põe-nos perante um estranho, incómodo e radical conceito de amizade. Nas histórias de Adrien Zograffi, a amizade tem um papel importante; é o mais profundo dos sentimentos, aquele que ultrapassa todos os outros, incluindo o do amor sensual. Deste amor sensual há a mais explícita das confissões quando escreve em Narrantsoula: Amo no homem o que ele transporta consigo desde que nasce, o amor-amizade. Amo a mulher quando o seu sangue está abrasado pela paixão carnal. Entrego-me a eles sem condições, com frenesi. Isto custa caro, mas as decepções que sofri nunca me decepcionaram, nunca diminuem a soma dos meus desejos.
Na sua obra há a história de duas amizades masculinas que se destacam por uma brutal violência de sentimentos.
[Aníbal Fernandes]
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