segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Poema

 

Poema
Tomás Maia

Em colaboração com Alessandra Salvini, André Maranha e Paulo Sarmento
Textos de Federico Ferrari e Isabel Santiago
Fotografias de André Maranha e Diogo Saldanha
Versão cinematográfica de Pedro Florêncio

ISBN 978-989-568-098-6 | EAN 9789895680986

Edição: Junho de 2023
Preço: 12,26 euros | PVP: 13 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 92 Com a DGArtes



Uma peça que procura mostrar o gesto criador, ou poiético.

 



Poema

(para uma mulher e cerca de 20 caminhantes, distribuídos equitativamente por dois grupos; duração aproximada: entre 20 a 30 minutos; local: cisterna do Convento de São Francisco, Lisboa)

 

[sinopse]

Uma peça que procura mostrar o gesto criador, ou poiético: daí o seu título, Poema, que não designa aqui uma composição literária nem tão-pouco escrita, mas toda e qualquer coisa que resulta da poiesis. A apresentação visual, aliás, não fará recurso à palavra, sendo apenas inicialmente pontuada por uma elementar percussão (utilizando a terra como instrumento de ressonância, e obedecendo a um ritmo irregular).

poiesis é apresentada num duplo movimento, de fluxo e de refluxo, descendente e ascendente, numa velada revisitação do mito de Orfeu — mas retirando ao mito a figura masculina (e, portanto, qualquer heroísmo) e transformando Eurídice na própria poesia que, diferentemente dos mortos, se eleva acima do mundo subterrâneo.

[Tomás Maia]

 

São mortos que descem para o abismo. São amorfos, sem cor, nada têm senão o seu próprio olhar, mas voltado para baixo. O passo é incerto, um pouco desajeitado. Onda informe que avança segundo a necessidade, segundo a gravidade. Mais do que caminharem, inconscientemente caem, precipitam-se, inexoravelmente são arrastados, com regularidade, para um não-lugar, para o nada.

[Federico Ferrari]

 

Desaparece a ressonância do som. Desaparece o estertor que tocava o corpo da parede da cisterna até ao nosso. Está escuro. Está silêncio. Há uma pausa. Continuamos sem espaço e sem tempo. Então, a luz. A luz reabre um espaço. O espaço forma-se. Cria-se diante de nós. Procuramos, no âmago do desconhecido, um nome para o dizer. Nomear. É um novo antigo. A luz traz o antigo, muito antigo, até ao instante. Só há instante. Aquele.

[Isabel Santiago]

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