«Deputado, empresário, diplomata, professor universitário, foi uma peça fundamental nas negociações para a adesão de Portugal à CEE. Mas, antes da sua carreira política, João de Menezes-Ferreira foi crítico musical, nos jornais e na RDP. É dessa experiência apaixonada que surge Estro in Watts, Poesia da Idade do Rock (Documenta), uma compilação de letras entre 1955-1980, traduzidas e organizadas pelo autor. O JL falou com este "rockómano" que diz que o seu marxismo é o rock.
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Vejo-o como um manifesto de ideias. Não organizei a antologia por tipos de música, encadeei cronologicamente as poesias, com um fio condutor que, retrospetivamente, se pode entender como um manifesto de atitudes da juventude ao longo dos anos.
As letras das canções podem ser consideradas um género literário?
Para mim é poesia oral e ponto final. É uma tese subliminar a todo o livro. Os primeiros grandes poetas da beat reconheciam os do rock como poetas a título integral.
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Muitas vezes o argumento é que as letras têm um carácter funcional.
Hoje sabemos que os poemas homéricos eram cantados. Eram tão funcionais como o rock. O que era evidente é que a música é muito importante no rock e as pessoas prestam menos atenção às letras. Também para corrigir isso eu fiz este livro, para explicar que estes textos foram historicamente importantes, não só como textos literários, mas como forma de manifestar a autodeterminação dos movimentos de juventude.
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A música que mais me interessa é a que se faz hoje. Não sou muito de seguir dinossauros, exactamente porque vejo o rock como uma forma de expressão juvenil.»
Manuel Halpern, «João de Menezes-Ferreira - Poesia rock», "Breve Encontro", JL, 23 de Janeiro a 5 de Fevereiro de 2013
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