sábado, 18 de abril de 2020

Manuel António Pina — Desimaginar o Mundo (ensaios)


Manuel António Pina — Desimaginar o Mundo (ensaios)
Aline Duque Erthal, Danilo Bueno, Eduardo Lourenço, Gustavo Rubim, Joana Matos Frias, Leonardo Gandolfi, Maria João Reynaud, Osvaldo Manuel Silvestre, Paloma Roriz, Paola Poma, Pedro Eiras, Rita Basílio, Silvina Rodrigues Lopes, Tarso de Melo

Organização de Rita Basílio e Sónia Rafael

ISBN 978-989-9006-25-6 | EAN 9789899006256

Edição: Março de 2020
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 14,5 x 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 208



Manuel António Pina: «Quem lê, lê-se.»


«Quem lê, lê-se», diz Manuel António Pina, que relembra também que «um texto literário nunca é algo acabado, é antes uma realidade instável e mutante, que está permanentemente a ser feita e refeita pelas leituras que suscita, incluindo as leitura que dele o próprio autor fizer.»
Comemorando o 75.º aniversário do nascimento do Poeta, o livro Manuel António Pina — Desimaginar o Mundo reúne algumas dessas leituras que, cúmplices da realidade dos textos, respondem à sua (con)vocação de inacabamento, garantia vital, e por isso mutante, de permanente abertura a um diálogo infinito.


Manuel António Pina é, entre outras coisas, um romântico anti-romântico. A sua visão não procede da consciência de um espaço fantástico, como a de qualquer Avatar, visado como de pura imaginação. O seu espaço matricial, se paradoxo se consente é o da Morte, com minúscula e não com maiúscula como o de Antero. Também não é o da Morte apavorada e domesticada de Pessoa: o daquilo que não pode ser dito — e ainda menos enfrentado — sem nos retirarmos da existência que nos supomos. É só aquilo que lá está mesmo sem se anunciar.
Em suma, o que nos divide não nos deixa unir a nós mesmos. Agora. Não depois daquilo que chamamos a «nossa morte», o impensável por excelência.
A morte, a sua presença, se assim se pode dizer, no texto e na percepção dela na Poesia de Manuel António Pina, é qualquer coisa que, desde sempre, faz corpo connosco, que embebe o nosso quotidiano ou se torna fantasma no quarto desconhecido onde, de repente, acordamos outros. É, sobretudo, aquilo que uma vez percebido não nos deixa dizer eu, sem que dessa nomeação imortalizante se levante essa espécie de fantasma que nunca mais se dissolverá na bruma da vida, que não é a do Outro, mas o outro de nós mesmos.
[Eduardo Lourenço]

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