sábado, 18 de abril de 2020

Nossa Senhora dos Ratos I Rachilde


Nossa Senhora dos Ratos
Rachilde

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

ISBN 978-989-8833-44-0 | EAN 9789898833440

Edição: Março de 2020
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 14,5 x 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 176



Ninguém subiu até ao mosteiro… Porque não deve tocar-se em nada nas casas malditas de onde até os ratos fogem, como se elas lhes metessem medo.


Na França, Filipe o Belo cultivou contra eles uma animosidade que chegou até ao irreprimível desejo da sua extinção; desígnio antecedido por outros factos que facilitaram os seus objectivos. Tudo começou porque o papa Bonifácio VIII fez uma bula pontifícia que determinava a supremacia do seu poder católico sobre o poder temporal. Filipe o Belo reagiu contra esta hierarquia; suportou-a mal durante a vigência de Bonifácio e do papa de curto reinado Bento XI, mas conseguiu que o seu papa sucessor, Clemente V, mudasse a sua residência para França. Este papa fora do Vaticano, instalado em Avinhão, foi ameno em relação ao poder temporal do rei. Rei e papa conviveram sob uma tolerância mútua e cooperativa; e decidiram colaborar no que fosse necessário para a extinção daqueles templários com armas já depostas e confortável ociosidade, e para a apropriação das suas riquezas.
Houve um metódico extermínio de templários franceses, depois de julgamentos sumários e autos-da-fé que a ferro e fogo os eliminaram em grande número, incluído nele o seu chefe máximo Jacques de Molay; mas houve, ainda assim, a lograda fuga de muitos para a Península Ibérica e sobretudo para a Escócia, onde se instalaram com outras designações de ordem e onde exerceram a sua vocação bélica (Portugal ficou a dever à sua preciosa colaboração a tomada de Santarém e a de Alcácer do Sal aos Mouros).
É neste contexto de extermínio dos templários franceses que deve compreender-se a história que Rachilde conta no seu romance Nossa Senhora dos Ratos (1931); com monges a esmorecerem numa saudosa melancolia que lhes traz à memória a sua guerra aos «infiéis» usurpadores do túmulo do Cristo, e a lutarem com uma resistência sem armas contra o rei de França e o papa de Avinhão. A terem uma tardia consciência da inutilidade da sua riqueza, a viverem num castelo-convento com estruturas fisicamente aliadas ao superior e implacável desígnio que determinava a sua extinção; a desaparecerem… mortos pelos archeiros do rei ou a escaparem, com hábeis fugas além fronteiras, às torturas e aos castigos de Filipe o Belo.
[Aníbal Fernandes]

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