Persistência da Obra I — Arte e Política
Persistance de l’oeuvre I — Art et politique
Boyan Manchev, Silvina Rodrigues Lopes,
Jean-Luc Nancy, Federico Ferrari, Tomás Maia,
Isabel Sabino
Organização de Tomás Maia
ISBN 978-989-9006-63-8 | EAN 9789899006638
Edição: Dezembro de 2020
Preço: 16,98 euros | PVP: 18 euros
Formato: 17 × 21 cm (brochado)
Número de páginas: 280
Com o apoio do CIEBA
Edição bilingue: português-francês
«Talvez a arte seja apenas isso — a declaração do nosso
nascimento. Sempre suspenso sobre um abismo.»
Aqui mesmo, nove anos depois, persisto: a questão da persistência é a questão moderna da arte. Quer isto dizer que
o nome «persistência» continua a prestar-se para abordar o que nos está a acontecer desde o advento da modernidade.
Pois «moderno» é o pensamento do resto (da arte) que se separa da política e da religião — e que, ao separar-se, mostra
a arte a si mesma, ou seja, mostra-nos a totalidade da arte. Se a arte existe desde a Pré-história ou, segundo uma outra história, desde os Gregos, o facto é que um tal resto que comunica com toda a arte só se revelou abertamente na era moderna. Daí
a extraordinária e abundante experimentação sobre o limite da arte (ou
da representação) que, pelo menos desde o primeiro Romantismo, atravessou todos os modos de expressão ou géneros artísticos. A persistência
diz isso mesmo em todas as letras: o que atravessa ( per-) a história é o
resto, e o que insiste é o todo da arte — a integralidade das formas que
voltam até nós a partir de um tal resto. Se isto for compreendido, não
haverá necessidade de forjar qualquer pós-modernidade ou, inversamente, sustentar um regresso nostálgico aos tempos pré-modernos.
[…]
Por ocasião da presente edição deste primeiro volume de Persistência da Obra, dedicado à relação entre arte e política (volume que
se publica pela primeira vez em bilingue, aquando da publicação do
segundo volume), proponho um texto inédito — «Igualdade da arte»
— que procura apresentar uma tese na sequência da «Introdução»
anteriormente escrita (inflectindo, como se poderá notar, o teor desta). Foram igualmente introduzidas pequenas correcções em todo o
volume, bem como, no frontispício, uma reprodução de uma obra de
Claudio Parmiggiani: um ovo (em mármore branco) encravado entre
duas rochas altas no meio de uma floresta. A graça de uma tal peça parece condensar a fragilidade de qualquer criação: das mais estritas condições materiais surge, brotando ou caindo, a promessa de um novo
ser. Talvez a arte seja apenas isso — a declaração do nosso nascimento. Sempre suspenso sobre um abismo.
[Tomás Maia]
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