Persistance de l’oeuvre II — Art et religion
Boyan Manchev, Alfredo Teixeira, Federico Ferrari,
Jean-Luc Nancy, Tomás Maia, Paulo Pires do Vale
Organização de Tomás Maia
ISBN 978-989-9006-64-5 | EAN 9789899006645
Edição: Dezembro de 2020
Preço: 20,76 euros | PVP: 22 euros
Formato: 17 × 21 cm (brochado)
Número de páginas: 368
Com o apoio do CIEBA e do CITER
Edição bilingue: português-francês
«Proponho hoje esboçar um outro gesto: distinguir arte, política e religião,
começando por desatar os nós mais apertados de uma tal encruzilhada.
É a única maneira de proceder, parece-me, para que a obra enfim se liberte.»
A persistência também se faz na e através da diferença — das formas, dos tons e dos estilos. Para todos os participantes, bastou-nos um acordo profundo, ainda que por vezes tácito, sobre a necessidade ou mesmo a urgência de pensar a persistência da arte. Com efeito, poderia mesmo dizer-se que os dois encontros (sobre arte e política, primeiro, e sobre
arte e religião, depois) procuram desenhar aquilo a que se poderia chamar a encruzilhada moderna da arte, mostrando a
impossibilidade, o impasse ou mesmo o desastre aos quais conduziram as combinações ou as fusões variadas entre estas três vias (arte, política e religião). E sendo a obra (ou a sua ideia), de cada vez, o operador
de uma aliança estético-política e/ou estético-religiosa, compreende-se
que já se tenha podido responder a esse desastre com a injunção da
«inoperância» (désoeuvrement). Todavia, tal nunca implicou que a ideia
de obra, confinada exclusivamente ao campo artístico, devesse alguma
vez ser abandonada.
Tal é a razão pela qual proponho hoje esboçar um outro gesto: distinguir arte, política e religião, começando por desatar os nós mais
apertados de uma tal encruzilhada. É a única maneira de proceder,
parece-me, para que a obra enfim se liberte.
*
Não haverá, pois, um terceiro encontro em torno do par «política
e religião» (ainda que, em larga medida, seja esse par — ou essa aliança
— a determinar catastroficamente o nosso destino colectivo, e há longa
data). O projecto da «persistência» — que finda com este segundo
volume — sempre e somente existiu sob o signo da obra. Se subtrairmos a «obra» a esse outro horizonte comum, então talvez comecemos a
desaparelhar a política e a religião. Assim, também procurei assinalar
que tanto a religião quanto a política — mas sobretudo a política (designando assim o nosso cuidado de libertação partilhada) — permanecem
inteiramente por repensar sob outras categorias.
[Tomás Maia]
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