terça-feira, 29 de março de 2022
quarta-feira, 23 de março de 2022
O Duplo Rimbaud (com um preâmbulo de Benjamin Fondane)
O Duplo Rimbaud (com um preâmbulo de
Benjamin Fondane)
Victor Segalen
Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes
ISBN 978-989-568-005-4 | EAN 9789895680054
Edição: Março de 2022
Preço: 11,32 euros | PVP: 12 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 144
Benjamin Fondane: «O seu génio, como se tivesse pressa de se soltar, sobrevoa
a idade, o tempo, a falta de experiência e — amadurecido não sei à luz de que
sol de além-túmulo — explode e derrama-se.»
Em 15 de Abril de 1906 surgiu na revista Mercure de France o seu texto «O Duplo Rimbaud». Em cada um de nós,
dirá Segalen, e para cada uma das nossas formas de pensar, de querer e sentir, existe um irredutível e não utilizável covil que
não podemos, com complacência ou à força, com ódio ou amor, entreabrir aos outros. Estaremos perante um labirinto
onde os leitores não encontram nenhuma saída? Segalen
faz-nos crer que Rimbaud fala sempre de si próprio, com
uma chave que só ele sabe utilizar; que os seus poemas são
imaginadas memórias das coisas e dos dias da sua infância,
e só ele os compreende na sua integralidade. Depois desta
análise passa ao «segundo» Rimbaud, o de uma «curiosa
e intensa fobia»; o que tem «horror à poesia», di-lo a sua
irmã categórica e, por decisão, detentora de uma única e
irrecusável verdade.
[Aníbal Fernandes]
Rimbaud foi outra coisa além de um cometa e mais do
que um «assinalável transeunte». O seu génio, como se
tivesse pressa de se soltar, sobrevoa a idade, o tempo, a falta
de experiência e — amadurecido não sei à luz de que sol
de além-túmulo — explode e derrama-se. O que espanta
na sua obra não são tanto as virtudes do escritor, ainda
assim fulgurantes, mas a espessura da página, a densidade
do vivido, as riquezas do subsolo. O poeta desdobra-se,
pluraliza-se; faz sobre todas as coisas «o salto do animal
feroz». Estou por uma vez perfeitamente de acordo com a
sua irmã Isabelle, ao descobrir sob a multiplicidade das
personagens dos seus poemas o único rosto do Jean-Arthur
e do escritor […]
[Benjamin Fondane]
A Vida na Terra
A Vida na Terra Pedro Valdez Cardoso
Textos de Sérgio Fazenda Rodrigues, Ana Anacleto,
Sandra Vieira Jürgens, Nuno Faria e João Pinharanda
Tradução de José Gabriel Flores
ISBN 978-989-8833-84-6 | EAN 9789898833846
Edição: Março de 2022
Preço: 28,30 euros | PVP: 30 euros
Formato: 20,5 × 30 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 280 (a cores)
Com o apoio da Fundação Carmona e Costa e dgARTES
Edição bilingue: português-inglês
Sérgio Fazenda Rodrigues: «[…] o trabalho de Pedro Valdez Cardoso
inquire os protocolos do poder, num recorte que vai do indivíduo
à sociedade, e do passado à contemporaneidade.»
O que realmente interessa a PVC é aquilo que está nas entrelinhas, o que não se lê ou diz mas é demasiado perceptível.
Interessam-lhe os mecanismos de controlo, as relações de poder, a subjugação permanente, ainda que subversiva, do outro.
O efeito de paralaxe em que frequentemente vivem as suas peças é a pedra-de-toque de um discurso que se constrói
sobre uma lógica de intervalo, de lacuna e de antecipação — o pré-conceito como dispositivo. Interessa-lhe, basicamente, a
forma de contar, a história e os elementos no seu interior, por esta ordem.
O que parece estar sempre em cena, ou em causa, é o corpo, em rigor o único barómetro mensurável, o único lugar
comum e último reduto da individualidade e da diferença — o lugar de todas as formas de dominação. A natureza, a animalidade, a caça, a guerra, são, finalmente, formas de (des)figuração de um medo original, de uma dobra escondida: o outro
em nós. Porque, afinal, «o inferno
são os outros».
[Nuno Faria]
Encontrarmo-nos perante uma
obra de Pedro Valdez Cardoso é
permitirmo-nos responder ao desafio do cruzamento e da dissolução,
conscientes de que, dos vários processos de justaposição que vai promovendo na dinâmica construtiva
própria do seu trabalho podem resultar momentos de maravilhamento que carregam sempre um peso,
lembrando-nos que por detrás de
uma máscara está sempre um rosto
que é ele próprio, simultaneamente,
sempre uma máscara.
[Ana Anacleto]
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Ana Anacleto,
érgio Fazenda Rodrigues,
José Gabriel Flores,
Novidades 2022,
Nuno Faria e João Pinharanda,
Pedro Valdez Cardoso,
Sandra Vieira Jürgens
Degelo
Edição e apresentação de Nuno Faria
Tradução de José Gabriel Flores
ISBN 978-989-568-009-2 | EAN 9789895680092
Edição: Fevereiro de 2022
Preço: 24,52 euros | PVP: 26 euros
Formato: 22 × 31 cm (encadernado)
Número de páginas: 192 (a cores)
Com a Fundação Carmona e Costa
Edição bilingue: português-inglês
Nuno Faria: «[…] o desenho não é aqui um espaço de
representação, mas de revelação; uma forma de conduzir forças
interiores que, misteriosamente, nos pertencem e transcendem.»
Este livro foi publicado por ocasião da exposição «DEGELO — Desenho 1989-2021», de Inez Teixeira, com
curadoria de Nuno Faria, realizada na Fundação Carmona e Costa, de 19 de Fevereiro a 21 de Maio de 2022.
A produção em desenho de Inez Teixeira tem permanecido na sombra de um percurso cuja face visível e reconhecível é
a pintura. E é, eloquentemente, da sombra que este amplo,
diverso e desconcertante conjunto de desenhos desponta para
revelar uma particular sensibilidade à emergência da imagem
como negativo, decalque, vestígio.
Desenho, desenhar, entendidos em sentido amplo, como
campo de imanência e de experiência sensível do mundo. A
prática do desenho não tanto como exercício autoral mas
como indagação interior, como campo de possibilidades,
como ritual meditativo.
O conjunto de desenhos reunidos na exposição «Degelo»,
realizados durante um extenso período de tempo, inédito na
sua quase integralidade, revela um programa de pesquisa livre
de constrangimentos formais e um entendimento do desenho
como prática processual e experiencial.
Da exposição (e deste livro) constam cerca de uma centena de desenhos, sobretudo organizados em séries, pontuadas
por surpreendentes excepções, e um singular conjunto de pequenas esculturas em que a artista integra pedras encontradas
no espaço natural.
A pedra, elemento geológico, que remete para um fazer
da terra — aquém, portanto, do exercício artístico — é, pois,
o elemento transitivo desta experiência em que se constitui
não somente a prática do desenho, mas também o conjunto
de aflorações presentes nesta exposição.
[Nuno Faria]
Delirar a Anatomia: Partituras-Poemas de Ana Rita Teodoro + (des)léxico para A.A. de Joana Levi
Delirar a Anatomia: Partituras-Poemas de Ana Rita
Teodoro + (des)léxico para A.A. de Joana Levi
Ana Rita Teodoro, Joana Levi
Design gráfico de Horácio Frutuoso
ISBN 978-989-8833-89-1 | EAN 9789898833891
Edição: Fevereiro de 2022
Preço: 11,32 euros | PVP: 12 euros
Formato: 17 x 24 cm (brochado)
Número de páginas: 204
Com o Teatro Praga (colecção «Série»)
Delirar a Anatomia é uma coleção de estudos febris dedicados a uma parte
do corpo. Delirar a Anatomia é uma coleção de peças de dança e uma coleção de
partituras-poemas. O presente livro compila cinco partituras-poemas desta
coleção, intercaladas pelo (des)léxico para A.A. de Joana Levi, artista, performer e
estudiosa sensível ao corpo proposto por Antonin Artaud.
Delirar a Anatomia reestuda as partes do corpo, acumulando e entrelaçando visões díspares — poéticas exageradas, simplistas, descabidas, ignorantes e eruditas — para conceber um corpo que dança. Propõe um estudo que isola as diferentes
partes (boca, pele, coração, joelho, esfenoide, nuca, intestinos, etc.) para tentar ver o corpo não como um todo — máquina
útil —, mas como um ser de diversos, composto de plurissistemas. Para desviar o foco do eu-corpo-todo-potente ou do
eu-corpo-que-me-mata, talvez se possa propor um corpo-plural composto de diversas potências.
[…]
Quando comecei a dançar, no início da década de 2000, o pensamento de Antonin Artaud e especificamente o texto
«Corpo sem órgãos» desenvolvido por Deleuze e Guattari em Mil Planaltos estavam em voga no contexto da dança contemporânea. Coreógrafos, críticos e bailarinos evocavam constantemente este texto para atualizar (e por vezes justificar) os
corpos presentes na dança, corpos que se afastaram da dança clássica e da dança moderna. Voltei a encontrar Artaud no
meu interesse pelo Butô e, concretamente, em Hijikata Tatsumi, grande apaixonado pelo escritor, e
que trabalhou na coreografia de um corpo virado
do avesso, um corpo que fala desde as suas entranhas, e também um corpo que não-pertence —
um corpo que não pertence aos cânones estéticos
e sociais estipulados pela sociedade japonesa dos
anos 60.
Delirar a Anatomia, como tantos outros projetos, está na continuidade dos processos e do corpo pensado por Artaud. Manifesta o desejo de
virar o corpo do avesso e procurar na constituição
física dos corpos um mundo livre, sensual e à medida de cada 1.
[Ana Rita Teodoro]
Coisas de Theatro e Loisas de Theatro
Prefácio de André e. Teodósio
Prelúdio de Paula Gomes Magalhães
Design gráfico de Horácio Frutuoso
ISBN 978-989-8833-88-4 | EAN 9789898833884
Edição: Fevereiro de 2022
Preço: 13,21 euros | PVP: 14 euros
Formato: 17 x 24 cm (brochado)
Número de páginas: 144
Com o Teatro Praga (colecção «Sequência»)
Com este volume, reeditamos uma polémica. Na sua leitura, vamo-nos informando, deleitando e rindo com o próprio «meio» artístico. O dissenso nas artes
não só tem servido como estratégia de posicionamento mas também como marcador para períodos e movimentos. As muitas querelas que se vivem hoje são
assim uma versão 2.0 de um certo passado. A vida, como a performance e a história, é um processo. Com meios e com fins e, esperemos, também e sempre com
princípios. Nem que para isso se tenha de partir a loiça.
A reedição conjunta dos livros aqui presentes, «Coisas de Theatro» de Sousa Bastos e «Loisas de Theatro» de Santos
Gonçalves, são disto um exemplo e por isso merecem toda a atenção enquanto fontes primárias para uma historiografia da
sociedade portuguesa nos seus mais diferentes aspetos, dos costumes às artes performativas e ao pensamento gerado pelo
eclodir de formas laborais teatrais.
Antecedida por uma contextualização rigorosa
da investigadora e escritora Paula Gomes Magalhães, a quem agradecemos a autorização para publicação do capítulo «Escritos de teatro: práticas,
saberes e recordações» do livro Sousa Bastos da sua
autoria, encontramos na polémica dos dois autores
uma proto-sinédoque do que descrevemos. E, pelo
meio, vamo-nos deleitando e rindo com o próprio
«meio» artístico. Editar este dois livros, além de uma
missão historiográfica em torno do património performativo, é um convite a uma viagem pelo passado
e pelo presente(e uma certa ideia de futuro), tempos
em que tanto nos aproximamos como nos distanciamos.
Porque a vida, como a performance e a história, é
um processo. Com meios e com fins e, esperemos,
também e sempre com princípios.
[André e. Teodósio]
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