Nikias Skapinakis — Paisagens (2018-2020)
Bernardo Pinto de Almeida
ISBN 978-989-9006-40-9 | EAN 9789899006409
Edição: Junho de 2020
Preço: 15,09 euros | PVP: 16 euros
Formato: 17 x 22 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 128 (a cores)
Com a Galeria Fernando Santos
Edição bilingue: português-inglês
Paisagens desabitadas, crepusculares que se esvaziaram de toda a presença humana para acolherem apenas, no seu locus desabitado, o olhar e espanto de quem as olha.
Agora, com esta nova série, Preto e Branco — que julgo, sem qualquer reserva, ser a mais radical e extrema a que o artista chegou, na incansável busca de levar sempre mais longe e adiante os pressupostos da obra, esclarecendo através de cada uma o sentido profundo de quanto a precedeu — aquele que, porventura, foi um dos mais fulgurantes e ricos coloristas da arte portuguesa do passado século, surpreende-nos de novo, e muito, ao trazer-nos, inesperadamente, uma pintura cujas cores repousam, já, todas secretamente ocultas, fechadas dentro do seu espesso e inexorável negro. Um negro que, diremos ainda, se adensa como se para anunciar a obscuridade destes novos tempos que enfrentamos, e no qual se dissolve, como se numa noite escura, tudo quanto julgávamos saber.
Um negro (que aqui se mostra, enfim, na evidência de ser a síntese extrema de todas as demais cores) que se expande vorazmente pela tela, que a risca, invade, mancha, a povoa tal qual as cores mais vivas o fariam, mas sem que por isso jamais se deixe cair na tentação de servir como desenho, ou como ser gráfico, portador, como tal, de uma qualquer forma de escrita ou de sinal, nem de um qualquer desejo de se prender no plano do esboço, sequer no que seria da ordem de uma síntese poderosa manifestada num esquisso. […] A arte de Nikias, sempre distanciada e grave, irónica por vezes na sua distância, nada tem de melancólico. E tal como esses animais que, com leveza, por sucessivas mutações vão deixando para trás a pele que os identificava, e assim se transfiguram, também esta pintura uma vez mais se transfigura diante dos nossos olhos, e se faz outra do que foi, sem por isso deixar de se ligar com toda a sua memória.
[Bernardo Pinto de Almeida]
Desenvolvidas entre 2018 e o presente, as Paisagens a Preto e Branco pertencem à série Paisagens Ocultas, das quais conservam os sete planos que estruturam a composição e a sinuosidade da linha; substituem, porém, o cromatismo (que identifica a maioria dos períodos do meu trabalho) por um monocromatismo que utiliza o preto (ivory black), aplicado sobre a tela em sucessivas camadas de diferentes densidades.
O branco mais luminoso é, assim, o próprio branco da tela, onde as nuances substituem as cores lisas que caracterizam as Paisagens Ocultas.
[Nikias Skapinakis]
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