As Aventuras de Uma Negrinha
à Procura de Deus
George Bernard Shaw
Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes
ISBN 978-989-8833-55-6 | EAN 9789898833556
Edição: Outubro de 2020
Preço: 11,32 euros | PVP: 12 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 112
O amor não basta… A negrinha descobre que é mais sensato seguir
o
conselho de Voltaire… E não obter a explicação total do universo.
Em 1925, George Bernard Shaw ganhou o Prémio Nobel da Literatura, o que ainda mais relevo conferiu à sua obra
reformista, corajosamente defensora da revolução soviética numa Inglaterra democrática e com forte solidez monárquica,
incansável argumentadora dos malefícios da ordem capitalista.
A sua sátira, que já tinha escolhido por duas vezes a perversão das religiões cristãs — em 1897 com a peça The Devil’s
Disciple, em 1909 com a peça The Shewing-up of Blanco Posnet — em 1932 acrescentou-se na mesma onda com um regresso
à novela — chamemos-lhe assim — As Aventuras de uma Negrinha à Procura de Deus (com o texto revisto em 1946), uma
forma literária híbrida e, ao que parece, constantemente arrependida de ser uma prosa ficcionada e não ter um palco
onde pudesse mostrar a sua despida jovem negra à procura de um Deus na selva da União Sul Africana; comandada neste
inquérito por uma inspiração que muito deve ao Candide de Voltaire (e até sucede — nesta filiação que não quer de
forma alguma esconder-se — que o principal protagonista conclui nos dois textos que para ele melhor será limitar-se
a «cultivar o seu jardim».)
O Prémio Nobel da Literatura, o grande prestígio britânico, dava agora pretexto a uma ampliada indignação dos religiosamente feridos perante este tom agnóstico que espalhava o seu zumbido sobre as versões de
Deus coleccionadas nas páginas da Bíblia e do Corão, sobre o ateísmo de
intelectuais que as consideravam ultrapassadas por inquestionáveis certezas da Ciência. E a incomodidade desta negrinha ainda era maior por se
atrever a um casamento inter-racial num cenário que indiscutivelmente
sugere o da União Sul Africana (feroz no seu apartheid) — provocação
aos olhares democráticos e só teoricamente anti-racistas dos Ingleses.
[…]
Esta novela voltaireana, escrita com oitenta e dois anos de idade, é o
último e já desgarrado grande êxito de George Bernard Shaw, nessa época
mais preocupado em organizar os definitivos dezasseis volumes da sua
obra escrita, em surgir fotograficamente nos jornais sob os traços de uma
velhice por todos admirada na sua lucidez, e a todos comunicada que era
um milagre vegetariano.
[Aníbal Fernandes]
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