O Corpo, a Sexualidade e o Erótico
na Obra de Júlio Pomar
Júlio Pomar, Salomé Lamas
Textos de Roger Munier, Sara Antónia Matos e Pedro
Faro, Ilhas Estúdio, Isabel Ramos, Miguel Martins
Design de Ilhas Estúdio
ISBN 978-989-9006-49-2 | EAN 9789899006492
Edição: Outubro de 2020
Preço: 14,15 euros | PVP: 15 euros
Formato: 17 × 21 cm (brochado)
Número de páginas: 112 (a cores)
Com o Atelier-Museu Júlio Pomar
Em seus momentos de desespero, ele afirma que o desenho não existe e que
não é possível obter com traços senão figuras geométricas; [...] o desenho dá o
esqueleto, a cor é a vida, mas a vida sem o esqueleto é uma coisa mais incompleta
que o esqueleto sem a vida.
(Honoré de Balzac, Le Chef-d’oeuvre inconnu)
O corpo, a sexualidade e o erótico na obra de Júlio Pomar (2019) é uma instalação concebida por Salomé Lamas, que a
artista e cineasta realizou a convite do Atelier-Museu, para mostrar na sequência da exposição «Júlio Pomar: Formas que
se tornam outras», sobre a dimensão erótica no percurso deste artista. A peça estabelece correspondências livres entre
os escritos do pintor e o seu trabalho pictórico, concentrando-se principalmente nas explorações e preocupações de
Júlio Pomar em torno do corpo, da sexualidade e do erótico. […]
Numa instalação feita com projectores de slides e som, a cineasta usa imagens de arquivo, por vezes mostrando fragmentos de obras, outras vezes a sua totalidade. Estas imagens são retrabalhadas, ligeiramente alteradas, sublinhando algum elemento (um traço, uma mancha) ou reforçando aquilo que pretende ser comunicado (processos, matérias,
metodologias, referências), questionando aquilo que é tradicionalmente considerado o conteúdo de uma obra. O que é
o conteúdo de uma pintura? De um desenho? De uma imagem? O que está figurativamente representado, ou também
a sua dimensão matérica e formal? Na realização da obra, Salomé Lamas, partindo da consulta de livros publicados sobre o artista, de vários ficheiros digitais e outras informações, na impossibilidade mas ambição de tudo ver, problematiza também a ideia de «arquivo». Ao fazê-lo, questiona o modo como a História da Arte, com os seus critérios científicos,
e por vezes alguma moralidade, arruma, categoriza e
fixa modos de ver. Nesta obra, pondo em jogo uma dimensão autoral, a sua, a cineasta reorganiza e edita fragmentos de um património cultural comum, fazendo
lembrar Godard no Livro da Imagem:
«Ainda te lembras de como antes exercitávamos o pensamento? Costumávamos partir de um sonho. Perguntávamo-nos como era possível que, na obscuridade total,
em nós surgissem cores de tal intensidade. Diziam-se
grandes coisas, coisas importantes, espantosas, profundas
e justas, num tom de voz doce e baixo. Imagem e palavra.»
[Sara Antónia Matos / Pedro Faro]
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