Correspondência Fernando Lemos e Jorge de Sena
Fernando Lemos, Jorge de Sena
Apresentação de Perfecto E. Cuadrado
Transcrição de Isabel de Sena
Edição, notas, índices de Rui Moreira Leite e Isabel de Sena
Fotografias de Fernando Lemos
ISBN 978-989-568-034-4 | EAN 9789895680344
Edição: Setembro de 2022
Preço: 24,53 euros | PVP: 26 euros
Formato: 14,5 × 20,5 cm (brochado, com badanas)
Número de páginas: 376 (32 pp. a cores)
Em co-edição com a Fundação Cupertino de Miranda
Perfecto E. Cuadrado: «Um instrumento fundamental para o conhecimento de
Jorge de Sena, de Fernando Lemos, de Mécia de Sena, presente em referências
e também autora de algumas cartas significativas, de importantes protagonistas
dos exílios portugueses da época salazarista e anos imediatamente posteriores,
e da situação da arte e da literatura no Brasil e no Portugal desse tempo, isto é,
do nosso tempo… por muito tempo ainda.»
«É verdade mesmo. E agora?
Nobre povo, nação valente!
Infelizmente não posso ir lá tão depressa. Estou, além do mais, num cansaço interior muito estranho. A gente, derepente,
ter que acreditar de novo na nossa gente! […]
Dá-me um abraço, nós precisamos fazer força e ficar orgulhosos. Aconteça agora o que acontecer, o troço é irreversível.»
Fernando Lemos, 3 de Maio de 1974
«De repente, veio a notícia de novo golpe, e triunfante. E, logo depois, as notícias (e os jornais não deixam lugar a dúvidas) de que o golpe é realmente, em marcha, a revolução que sempre desejámos. Isto devia dar-me uma alegria imensa.
[…]
Dá-me igualmente a sensação de que, na verdade, o nosso sacrifício foi ainda pior do que tão amargamente nos
pesava, e é feito de um “exílio”
que, agora, vai ainda ser mais
duro por parecer injustificado.
Não é tanto o ter de acreditar
na nossa gente que renasce
(no fundo nunca deixámos de
acreditar), como o sentirmos
que, no momento da liberdade, nós somos restos mortais
de outro tempo que já não é
este. E isto dói como o diabo.»
Jorge de Sena,
9 de Maio de 1974